A Polícia Militar prendeu nesta quarta-feira (21) dois suspeitos de tráfico de drogas no Morro da Capixaba, em Vitória, por volta das 12h. Entre eles, um dos acusados pelo assassinato dos irmãos Damião Marcos Reis, 22 anos, e Ruan Reis, 19, que aconteceu no dia 25 de março deste ano. Gean Gaia Oliveira, de 31 anos, é conhecido como "Chocolate" e estava foragido da polícia.
Junto com ele, Josenilton Correia, 31, também foi detido, acusado de participar do tráfico de drogas do Bairro da Penha. De acordo com os policiais militares que participaram da ação, Chocolate também é responsável por aterrorizar moradores no Morro da Piedade e no Morro do Moscoso.
Os PMs estavam em patrulhamento de rotina quando perceberam dois suspeitos em cima de uma laje. Ao verem os policiais, os suspeitos tentaram se esconder, mas os policiais cercaram a casa e conseguiram prender os dois, que não reagiram.
Eles informaram, ainda, que Gean é "cria" do Morro do Moscoso, mas, há anos, foi expulso por traficantes e agora se juntou com criminosos do Bairro da Penha para tentar tomar o morro de volta, sendo responsável por diversos tiroteios e assassinatos, inclusive de inocentes nos últimos anos.
Duas pistolas calibre 9 milímetros foram presas, assim como uma pistola .40 e uma .12, além de várias munições, radiocomunicadores e alongador para pistola. No momento da prisão, o Chocolate estava com colete à prova de balas com o símbolo da Secretaria de Justiça (Sejus). Josenilton também tinha um colete à prova de balas, mas estava no terraço na hora da abordagem. Roupas camufladas com estampa do Exército também foram encontradas no terraçoio da casa. Os dois aguardam no Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vitória para prestar depoimentos.
Rafael Batista Lemos, vulgo "Boladao", e Alan Rosario de Oliveira, vulgo "Gordinho", continuam foragidos.
Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (21), o delegado Marcus Vinicius Rodrigues, titular da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vitória, falou sobre a investigação do caso da morte dos irmãos Ruan e Damião.
"Com relação às pessoas efetiamente presas por envolvimento nesses crimes, são sete pessoas. Nós apuramos envolvimento de nove, dois continuam foragidos porém nós estamos juntamente com a polícia militar para localizar estes elementos. Com relação a dificuldade da investigação, inicialmente ela se deu porque a população estava temerosa de prestar depoimentos, porém, alguns moradores procuraram a delegacia e deram um rumo para as investigações", detalhou.
O secretário estadual de Segurança Pública e Defesa social, coronel Nylton Rodrigues, também participou da coletiva e falou sobre o homicídio dos dois irmãos no Morro da Piedade e sobre a instalação das bases fixas e policiamento nos morros da Grande Vitória.
VEJA FORAGIDOS
O CRIME
Quase quatro meses depois do assassinato dos irmãos Damião Marcos Reis, 22 anos, e Ruan Reis, 19, a polícia finalmente conseguiu prender alguns suspeitos do crime. Uma operação realizada pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória no dia 17 de julho prendeu os criminosos suspeitos de envolvimento nos homicídios dos irmãos.
A operação, batizada de "dois irmãos", também prendeu os suspeitos pela morte de Wallace de Jesus Santtana, considerado o braço direito do traficante João Paulo Ferreira Dias, "dono do morro" da Piedade. João Paulo foi preso na última quinta-feira (12) durante operação da Polícia Civil.
Os presos, segundo investigações da Polícia Civil, foram expulsos da Piedade, no ano de 2012, por João Paulo Ferreira Dias. Para se vingarem do "dono do morro", eles voltaram ao local e perguntaram pelo "patrão", mas os irmãos não sabiam do paradeiro de João Paulo e, por isso, foram mortos pelos criminosos.
"As investigações apontam que os criminosos invadiram o morro na tentativa de localizar o João Paulo Ferreira Dias. Eles pegaram um dos irmãos, que seria o Ruan e tentaram obrigá-lo a indicar onde estava o João Paulo. Como o Ruan não sabia onde estava o João Paulo, os criminosos tiraram a vida dele. O Damião, tentando salvar o seu irmão, foi morto também. Os irmãos não tinham envolvimento com o tráfico. As investigações apontam que ele eram pessoas de bem do Morro da Piedade, que infelizmente perderam a vida por conta da guerra do tráfico", contou o delegado Marcus Vinícius de Souza.
Leandro Correia Ramos, o Bomba, Flavio Sampaio, o Coroa, e Renato Correia Ramos foram presos em julho. Além deles, dois suspeitos de participar do crime continuam foragidos: Rafael Batista Lemos e Alan Rosário de Oliveira. O pai de Alan, Aladir de Oliveira Filho, morto no dia 27 de maio, também participou da morte dos irmão Ruan e Damião.
MORTE DOS IRMÃOS
Os irmãos Damião e Ruan Reis foram executados no Morro da Piedade, em Vitória, no dia 25 de março, com mais de 20 tiros cada um. O crime aconteceu às 1h50, quando quatro homens armados, sendo dois com touca ninja e colete, invadiram o quintal da casa dos irmãos perguntando "cadê o patrão". Na ocasião, Ruan respondeu que não sabia quem eles estavam procurando e tentou conversar. Os criminosos, que simulavam ser policiais pelo linguajar, disseram que o jovem deveria sair com eles para conversar e ser revistado. A vítima obedeceu a ordem e saiu com eles da residência.
Ao perceber que o irmão foi abordado, o pedreiro Damião, que fazia trabalhos sociais dando aulas de capoeira no Morro da Piedade e era passista da escola de samba Piedade, foi atrás do grupo pedindo que não levassem o irmão. Nesse momento, ele foi surpreendido por vários disparos.
BRUTALIDADE
De acordo com a polícia, foram mais de 60 disparos. A perícia encontrou 22 perfurações no corpo de Ruan e 20 no corpo de Damião. No local foram encontradas mais de 60 cápsulas de calibre 380, Ponto 40 e 9mm.
Amigos, que preferiram não se identificar, disseram que os dois irmãos eram boas pessoas, conhecidas pelos projetos sociais e também pela escola de samba. Eles classificaram o crime como "covardia" e não entendem o motivo.
Na época do crime, o então secretário de Estado da Segurança Pública, André Garcia, afirmou, em entrevista à rádio CBN Vitória, que o assassinato dos irmãos Reis foi uma "crueldade muito grande".
André Garcia havia afirmado inclusive que, pela brutalidade do caso, uma solução rápida era essencial. "Ficamos muito chocados com essa situação. Essas mortes apontam para uma crueldade muito grande. O histórico mostra que são pessoas de bem, que estavam trabalhando, que contribuíam para a sociedade e o crime portanto precisa ser esclarecido rapidamente", destacou o secretário.
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