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Publicado em 13 de abril de 2025 às 17:25
O homem que matou a própria filha em Cariacica, na última sexta-feira (11), após dois dias seguidos de agressões, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela Justiça neste domingo (13). Ao ser detido, Welington Caio Silva Nogueira, de 28 anos, confessou à Polícia Militar que agrediu a filha, Ana Victória Silva dos Santos, de oito anos, porque ela não teria feito o dever de casa e porque ela estaria “bagunçando a casa e usando palavras ofensivas."
Em sua decisão, o juiz Carlos Henrique Cruz de Araujo Pinto acatou o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Entre os motivos para a manutenção da prisão de Welington, foram apontados os fortes indícios de autoria e a extrema violência do crime. O magistrado também indicou que a liberdade de Wellington poderia colocar em risco as investigações e que, portanto, é “fundamental resguardar a integridade física das testemunhas”.
A defesa de Welington pediu que ele fosse colocado em liberdade, alegando que ele não teria sido informado que teria o direito de permanecer em silêncio diante da polícia — o que invalidaria seu depoimento — e também que o comportamento dele “não é algo recorrente”. Os argumentos, no entanto, não foram aceitos pelo juiz de plantão, durante a audiência de custódia.
Também na manhã deste domingo, a avó paterna de Ana Victória chegou ao Espírito Santo para liberar o corpo da neta. A mulher, que não quis se identificar, veio de Itueta, no interior de Minas Gerais, cidade onde morava com a neta até o início deste ano.
Segundo a avó, a menina e o irmão gêmeo se mudaram da casa dela para Cariacica para viver com o pai. A mãe das crianças havia perdido a guarda por conta de episódios anteriores de maus-tratos. Ela disse não entender como o filho, que ela descreveu como "um rapaz bom", pôde cometer um ato tão violento. O corpo de Ana Victória será enterrado em Itueta.
As agressões a Ana Victória Silva dos Santos começaram na noite de quinta-feira (10), na casa da família, em Itaquari. No dia seguinte, o pai da menina voltou a agredi-la com socos e golpes com pedaço de madeira, principalmente na região das costelas e da cabeça.
A criança apresentou dificuldade respiratória e foi levada pelo pai para o Pronto Atendimento de Alto Lage, em Cariacica. A vítima chegou desacordada na unidade e a morte foi atestada no local.
Ainda de acordo com a Polícia Militar, a madrasta da criança alegou que chegou a ouvir as agressões, mas que não interveio.
“Segundo ela [a madrasta], o pai levou a filha para o quarto após a criança ter recebido um bilhete de reclamação da escola, e ali ocorreram as agressões. Percebendo a gravidade da situação, ambos decidiram levá-la ao PA, onde foi atestado o óbito da menina. O Conselho Tutelar acionou os militares e, com apoio da viatura, deslocou-se até a residência do indivíduo. No local encontrava-se o outro filho do autor, também de 8 anos. Ele foi acolhido pelos conselheiros tutelares e encaminhado a um abrigo”, informou a polícia, em nota enviada à reportagem de A Gazeta.
O conselheiro tutelar de Cariacica Marcos Paulo Fonseca pontuou que o irmão de Ana Victória relatou que também era agredido pelo pai. E que, durante busca nos documentos na residência da família após o crime, foi encontrado um receituário da menina que comprovava TDAH e autismo também.
Já segundo a Polícia Civil (PCES), o homem foi conduzido à Delegacia Regional de Cariacica, onde foi autuado em flagrante por homicídio qualificado contra pessoa menor de 14 anos e com aumento de pena pelo fato de ser o tutor da vítima. De lá, foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana, onde passou por audiência de custódia neste domingo, quando teve a prisão preventiva decretada.
A madrasta, por sua vez, foi ouvida e liberada, já que não foram encontrados elementos suficientes para realizar a prisão em flagrante, de acordo com a PC, também em nota.
Segundo a defesa da mulher, na delegacia, a madrasta da criança teria demonstrado "muito medo do companheiro, por isso não conseguiu intervir no momento das agressões". Também em nota enviada à reportagem, o advogado da mulher alegou que "o delegado, entendendo que ficou demonstrado que ela não agiu com conduta dolosa ou omissiva, a liberou". A defesa afirma que aguarda o andamento do processo e que se coloca à disposição da Justiça para esclarecer qualquer dúvida.
Em conversa com a repórter Priciele Venturini, da TV Gazeta, o Conselho Tutelar informou que criança morava com o pai e com um irmão gêmeo há três meses. A mãe das crianças, que ainda não foi localizada, seria de Minas Gerais e estaria passando por problemas pessoais, por isso os filhos estavam com o pai no Espírito Santo.
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