Suspeitos de matar o filho de 2 anos, em Vila Velha, na Grande Vitória, Maycon Milagre da Cruz, de 35 anos, e Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, de 31 anos, tentaram, a todo custo, levar o corpo da criança direto para a funerária, sem passar pelo Departamento Médico Legal (DML). A informação foi revelada pela Polícia Civil à repórter Daniela Carla, da TV Gazeta. O casal alegou não ser necessário realizar a autópsia do corpo de Jorge Teixeira da Silva, de 2 anos.
Na última segunda-feira (4), o casal levou o filho ao Pronto Atendimento da Glória, alegando que a criança estava com pneumonia. Devido à gravidade do quadro, foi necessário transferir Jorge para o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernadino Alves (Himaba).
Após a morte do menino na unidade hospitalar, os policiais receberam a informação de que a criança estava com sinais de violência física e sexual. O médico legista detectou lesões circulares na face, no dorso, no braço esquerdo e em parte da coxa esquerda, que podem ter sido provocadas por cigarro.
Contrariando a vontade do casal e seguindo os procedimentos de praxe, a Polícia Civil realizou todos os procedimentos periciais e investigativos.
Foi constatado que a morte da criança não teria acontecido em decorrência de uma pneumonia, como preliminarmente afirmado, ou de qualquer outra doença respiratória, mas sim por um instrumento contundente inserido no ânus que causou lesões que romperam seu intestino.
O homem, de 35 anos, e a mulher, de 31, foram conduzidos à Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa de Vila Velha (DHPP), para explicar o ocorrido com a criança.
Após os depoimentos do condutor da ocorrência e das demais testemunhas, foram tomados os interrogatórios dos genitores da vítima, que não souberam informar o que teria acontecido com o pequeno entre a noite de domingo (3) e segunda-feira (4), tendo, na avaliação da polícia, apresentado versões lacunosas e imprecisas.
À polícia, os genitores não conseguiram explicar como não perceberam o ânus dilacerado, além das diversas queimaduras pelo corpo da criança. O fato causou estranheza aos policiais, visto que, ao chegar ao Himaba, o menino estava com sua fralda descartável seca. A hipótese é de que teria sido trocada recentemente, sendo visível para os genitores a lesão.
Após os procedimentos de praxe, os autuados foram encaminhados ao Centro de Triagem de Viana (CTV). Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informou que Maycon Milagre da Cruz, de 35 anos, permanece no CTV, enquanto Jorgia Karolina Teixeira da Silva, de 31 anos, foi transferida para o Centro Prisional Feminino de Cariacica.
Um dia após a prisão dos pais de Jorge Teixeira da Silva, principais suspeitos do crime, a defesa de Jeorgia Teixeira da Silva se pronunciou sobre o caso, afirmando que ela "não tem nenhum envolvimento com a morte do filho".
Em nota enviada nesta quinta-feira (7), a defesa considerou que houve "erro na conclusão das investigações, que foram conduzidas de forma açodada e irresponsável".
Em contato com a reportagem de A Gazeta, os advogados Carlos Bermudes e Lucas Kaiser informaram que estão defendendo apenas a mãe da criança, sem envolvimento com a defesa de Maycon Milagre da Cruz.
Segundo a nota, a mãe está interessada em saber o que aconteceu com a criança. "A Jeorgia não pode ser julgada e muito menos condenada, antes que todo o processo seja concluído. Os equívocos encontrados serão esclarecidos e temos plena convicção de que iremos provar a inocência dela quanto a morte da criança."
A reportagem de A Gazeta não localizou o responsável pela defesa de Maycon, mas reforça que este espaço está aberto, caso a parte queira se manifestar sobre o assunto.
Após a publicação desta matéria, a defesa de Jeorgia enviou uma nota sobre o caso, afirmando que a mãe da criança é inocente. O texto foi atualizado.
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