Repórter / abgoncalves@redegazeta.com.br
Publicado em 14 de março de 2025 às 13:39
As drogas classificadas como "gourmet" e que podem ser vendidas num preço superior às demais têm chamado atenção da Polícia Civil do Espírito Santo pelo interesse e comercialização por parte de facções criminosas. Um dos entorpecentes é a chamada pak, uma substância ainda mais sofisticada que o haxixe. Essa é uma das drogas distribuídas por investigados alvos de uma operação nesta sexta-feira (14) na Grande Vitória. Conforme apurado por A Gazeta, o nome pak se refere justamente à origem da droga: Paquistão. Um grama pode custar até R$ 200.
Entre a madrugada e a manhã, policiais civis se mobilizaram para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão. Nove pessoas foram capturadas. Os indivíduos alvos da "Operação Eclipse" são apontados como responsáveis pela distribuição de drogas "gourmet" ao Primeiro Comando de Vitória, o PCV. Eles também são investigados por organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo, corrupção de menores e tráfico.
De acordo com o titular do Centro de Inteligência e Análise Temática (Ciat), delegado Alan Moreno, o pak é ainda mais sofisticado que o haxixe — droga, que em comparação à maconha, é considerada mais cara. O modo de preparação envolve química, o que torna o produto mais valioso.
"O pak é um tipo de haxixe de melhor qualidade. O haxixe vendido no Brasil deriva da maconha. Normalmente pegam quatro quilos, há um processo químico e transformam em um quilo de haxixe", detalhou o delegado.
Delegado Alan Moreno
Titular do Centro de Inteligência e Análise Temática (Ciat)Ainda de acordo com o delegado, as drogas "gourmet" entram no Brasil geralmente pelo Paraguai, país que faz divisa com os Estados do Mato Grosso do Sul e o Paraná. Há registros de entrada da droga pelo porto e aeroporto, segundo o titular da Ciat. Alan Moreno destaca a forma como as facções se organizam para escapar da fiscalização das polícias.
O subsecretário de Estado de Inteligência, Romualdo Gianordoli, corrobora as informações: o haxixe paquistanês é mais caro, em média, que outras drogas vendidas no Brasil. De acordo com o delegado, cada grama de pak custa entre R$ 100 e R$ 200. A título de comparação, uma quantia de cinco gramas de maconha comum costuma ser vendida a R$ 20, segundo o delegado.
É o valor que pode chegar um grama de pak. Valor acima de outras drogas, como maconha comum
A droga tem maior concentração de tetrahidrocanabinol, o THC. Este é o principal composto encontrado na cannabis e é responsável pelos efeitos no corpo humano e resulta em alterações na percepção, humor, memória e coordenação motora.
Os mandados da "Operação Eclipse", segundo o delegado, foram cumpridos em Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana. Ao todo, são 12 mandados de prisão e 23 mandados de busca e apreensão expedidos para cumprimento nesta operação.
Esta não é a primeira vez que a droga pak entra na mira da polícia no Estado. Em março de 2023, quatro homens foram detidos pela Polícia Rodoviária Federal em Mimoso do Sul com uma variedade de drogas num carro. Havia no veículo quatro papelotes de pak, o haxixe paquistanês. Os indivíduos foram autuados por tráfico de drogas.
Em outubro de 2024, uma dupla foi abordada pela Guarda de Vitória no Centro da capital. A moto utilizada por eles havia sido furtada em São Benedito e, durante a abordagem, foram encontrados 100 gramas e três papelotes do haxixe paquistanês. Na época, a Guarda explicou sobre a droga: "É um tipo de droga sintética que tem efeitos semelhantes aos da maconha, mas muito mais tóxica", disse a inspetora Marymilia.
Também em 2024, a Policia Militar de Goiás apreendeu 2 quilos de haxixe paquistanês. A droga estava numa garrafa térmica e na sola do sapato do suspeito.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta