A Paróquia Santa Teresa de Calcutá e a Associação Ateliê de Ideias criticaram uma ação da Polícia Militar no Morro do Jaburu, em Vitória, na noite do último sábado (26). Em nota conjunta, as entidades disseram que a PM foi "violenta e covarde".
De acordo com a polícia, um confronto entre criminosos e policiais militares terminou com quatro pessoas feridas, entre elas uma criança de 3 anos. Nas proximidades ocorria uma festa de aniversário e a situação deixou moradores revoltados. Na versão da Polícia Militar, os policiais foram recebidos a tiros e revidaram com quatro disparos.
Para a Paróquia Santa Teresa de Calcutá que tem como pároco o padre Kelder Brandão e a Associação Ateliê de Ideias , a Polícia Militar age de "forma violenta e covarde" nas periferias do Estado contra os pobres e os indefesos. "É de estarrecer a política de segurança em curso no Estado do Espírito Santo! É uma política violenta, preconceituosa, que criminaliza e maltrata os pobres", enfatizaram na nota, que cita ainda que as casas de moradores são constantemente invadidas pela polícia, inclusive casas de pessoas idosas e cadeirantes.
De acordo com as entidades, o governo do Espírito Santo, diferente de outros Estados, intensificou as "operações contra os pobres". Segundo a nota, a PM vem agindo de forma seletiva contra as comunidades de periferia e fecha os olhos para o "verdadeiro comando do tráfico de drogas e de armas e para as aglomerações que acontecem nos bairros vizinhos de classe média alta, inclusive nas praias, em plena luz do dia".
A nota ainda pede que os responsáveis pelos atos de violência sejam responsabilizados e afirma que as entidades querem políticas de segurança que respeitem as vidas, os corpos e os lares dos moradores. Confira a nota na íntegra:
Em entrevista para A Gazeta, o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Alexandre Ramalho, afirmou que os policiais faziam um patrulhamento de rotina na comunidade quando foram alvo de disparos feitos por criminosos. Ele destacou que a polícia está à disposição dos moradores para explicar o que aconteceu na ocorrência.
Segundo Ramalho, durante o confronto, moradores incluindo uma idosa e uma criança foram atingidos por estilhaços e não é possível saber se eles partiram dos disparos dos policiais ou dos suspeitos.
"É importante esclarecer que a Polícia Militar não entra na comunidade atirando, que a PM não entra para atirar em pessoas inocentes. A PM entra na comunidade para atender aos interesses da própria comunidade", comentou o secretário.
De acordo com Ramalho, somente este ano foram realizadas mais de 700 operações nos bairros próximos ao morro. O secretário também aponta que ocorreram 48 confrontos armados na área em 2020. "Estamos falando de jovens inconsequentes e irresponsáveis portando arma de fogo, se confrontando com nossos policiais", declarou.
Sobre a denúncia de que casas de moradores são invadidas por militares, o secretário garantiu que os policiais só entram nas residências quando há alguma situação de flagrante ou quando a polícia tem um mandado de busca e apreensão para cumprir.
Em nota, a Polícia Militar rebateu as críticas e disse que foi recebida a tiros, disparados por criminosos que já estavam em confronto entre si. "Ao perceberem a presença policial, somaram esforços para impedir o avanço da tropa no terreno, adotando, inclusive, condutas de patrulha, o que indica certo treinamento militar. Houve, portanto, reação proporcional àquela agressão e um homem foi atingido e detido, bem como armas e equipamentos da quadrilha foram apreendidos", afirmou.
Sobre o fato de ter crianças e idosos no meio da confusão, a Polícia Militar alertou sobre a presença dessas pessoas em áreas de conflito, disse que elas acabam se misturando ao que chamou de "multidão agressora" e acabam por sofrer as consequências do que a PM afirmou ser uma "resposta proporcional" às agressões. "No caso em questão, foram utilizados equipamentos de menor potencial ofensivo, adequados quando ocorrem agressões não letais", destacou.
"A Polícia Militar informa que durante incursão no Morro do Jaburu, área já conhecida pelos policiais devido ao intenso tráfico e ocorrências de confrontos armados, as equipes de militares foram recebidas a tiros, efetuados por criminosos que já estavam em confronto entre si. Ao perceberem a presença policial, somaram esforços para impedir o avanço da tropa no terreno, adotando, inclusive, condutas de patrulha, o que indica certo treinamento militar.
Houve, portanto, reação proporcional àquela agressão e um homem foi atingido e detido, bem como armas e equipamentos da quadrilha foram apreendidos.
Durante o socorro ao bandido, populares hostilizaram os policiais de forma violenta e injusta, chegando a atingir um dos militares de raspão com uma pedrada.
A PMES ressalta que tais circunstâncias têm se tornado comuns nas ocorrências em locais cujo tráfico tenta dominar. A Polícia Militar, sempre que for agredida, responderá na proporção legal e adequada para garantir o cumprimento de seu dever constitucional.
A Polícia Militar alerta ainda em relação à segurança das pessoas em áreas de conflito, em especial mulheres, idosos e crianças, que misturam-se à multidão agressora e acabam por sofrer as consequências da resposta proporcional. No caso em questão, foram utilizados equipamentos de menor potencial ofensivo, adequados quando ocorrem agressões não letais.
Embora cause estranheza o fato de haver uma criança na madrugada, em área de confronto, ter sido supostamente atingida, a PMES lamenta e está à disposição para esclarecer todas as circunstâncias.
Ressaltamos ainda que quaisquer ilações que atribuam à PMES culpa na lesão de qualquer pessoa, sem investigação, em área onde já ocorria confronto prévio entre criminosos, é pura leviandade. Estamos, contudo, prontos para ouvir a comunidade pelos meios oficiais de denúncia, garantindo uma apuração isenta e com observância ao que prevê o estado democrático de direito."
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