“É um pedaço meu indo embora”, desabafou Carlos Fabrete, pai da jovem Carla Gobbi Fabrete, de 25 anos, morta a facadas por um homem enquanto trabalhava no Polo de Moda da Glória, em Vila Velha. O corpo da vendedora foi velado em uma igreja no bairro Cachoeira da Onça, em São Gabriel da Palha, no Noroeste do Espírito Santo, na manhã desta quarta-feira (12).
Carla teve a vida interrompida por Wenderson Rodrigues de Souza, que invadiu o estabelecimento e lhe deu vários golpes de faca, na tarde de segunda-feira (10). Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu e morreu no dia seguinte. “A dor que eu estou sentindo, eu jamais queria ver um pai ou mãe sentir. Estou muito arrasado”, declarou Carlos, em entrevista à TV Gazeta durante o velório.
Carla é de São Gabriel da Palha e deixou a cidade há 11 anos, quando foi para a Grande Vitória na tentativa de ter uma vida melhor. A vendedora era uma pessoa querida entre os colegas. “A Carla era muito boa, todo mundo gostava dela. A vida dela foi trabalhar”, detalhou o pai.
Carlos também se preocupa com outras pessoas que trabalham na Glória, onde o crime ocorreu. “Muitas mulheres trabalham lá, por isso peço por mais segurança. O mundo que vivemos está difícil demais.”
Carla deixa o marido e uma filha de dois anos e quatro meses. O sepultamento está marcado para 12h30 desta quarta-feira (12) no Cemitério Santa Cecília, no Centro de São Gabriel.
A cunhada de Carla, Eloísa Gomes Techio, contou que a vendedora tinha sonhos para realizar. Um deles era uma viagem de avião, que estava com passagens compradas e ocorreria em setembro. Outro plano era ter mais um filho — ela já tinha uma de dois anos e quatro meses.
“Quem a conhecia sabia que ela tinha planos, sonhos e projetos. Um deles era uma viagem marcada para setembro, era o sonho dela viajar de avião. Ela ia dar outro irmãozinho ou irmãzinha para a minha sobrinha. Ele impediu ela de ver a filha crescer”, contou.
Wenderson está internado sob escolta no hospital pois se feriu com a faca utilizada no crime contra a vendedora. Ele foi detido pela guarda a cerca de 500 metros do comércio onde golpeou a mulher, logo após o ataque.
A vendedora trabalhava no centro comercial quando foi esfaqueada diversas vezes. Apenas ela e o suspeito estavam na loja no momento do ataque. Ele é conhecido na região por vender doces vestido de super-herói. A motivação do crime ainda é desconhecida visto que, segundo as investigações preliminares da polícia, não havia qualquer relação entre os dois.
Lojistas do entorno contaram à reportagem da TV Gazeta que escutaram os gritos de Carla, mas em um primeiro momento acharam ser um assalto. Só após ouvirem pedidos de socorro e virem o homem sair coberto de sangue é que perceberam a situação.
Câmeras de segurança gravaram o momento em que o suspeito se passa por cliente e sai da loja após o crime. As imagens mostram ele rindo enquanto mostra o celular para a vítima e segura um cachorrinho da raça pinscher. Em seguida, ele segue para os fundos do estabelecimento com a funcionária. Nesse momento ele desferiu as facadas, segundo a Guarda Municipal.
O vídeo ainda registra quando o homem sai caminhando calmamente após o esfaqueamento. Do lado de fora, outra mulher, aos gritos, pede socorro desesperada ao ver a cena.
Ao sair da loja, ele seguiu com a faca usada no crime. A ajuda à funcionária veio de comerciantes do entorno, assim que perceberam os chamados por ajuda. Dois homens e uma mulher foram até o local. Lá, eles viram a jovem ensanguentada no chão e acionaram o socorro.
*Com informações de Enzo Teixeira, repórter da TV Gazeta Noroeste
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