Dois dias após uma confusão entre policiais militares que terminou em uma briga com socos e ameaças na Praia do Canto, em Vitória, o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Coronel Alexandre Ramalho, pediu desculpa aos capixabas e afirmou que o major e o soldado, ambos da Polícia Militar, devem ser afastados das funções durante a investigação do caso. Em entrevista ao vivo ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, ele classificou a cena como "lamentável". A briga aconteceu na madrugada do último sábado (3) e foi filmada por leitores de A Gazeta.
O major Marcos Vinicius Mattos Gandini foi autuado em flagrante após a briga e encaminhado ao presídio no Quartel da Polícia Militar. Ele passou por audiência de custódia na manhã de domingo (4) e recebeu a liberdade provisória sem fiança.
Ainda durante entrevista à TV Gazeta, Ramalho afirmou que o crime deve ser tratado como um crime comum, apesar de os dois seres policiais militares. Segundo o secretário, foram tomadas medidas no âmbito da Polícia Militar para investigação interna e também na Polícia Civil, que autuou o major por lesão corporal, ameaça, desobediência e desacato a funcionário público.
Perguntado sobre a permanência do major e do soldado na Polícia Militar, Ramalho afirmou que as instituições devem availar as condutas.
"As instituições devem avaliar e, de repente e obviamente, os policiais devem ficar afastados para responder os processos. Devem estar afastados da atividade operacional", afirmou o secretário.
Segundo o boletim da Polícia Militar, a ocorrência teve início dentro de uma boate da Praia do Canto, em Vitória. Na versão do major, ele estava no local com a esposa, mas foi embora logo após ela ser assediada pelo soldado. Conforme relatou, o casal se deslocou até a Avenida Saturnino de Brito para pegar um táxi e, neste momento, dois indivíduos apareceram, incluindo o militar, e apontaram uma arma. No documento, não é explicado por qual motivo teriam rendido marido e mulher.
Na tentativa de desarmá-lo, o major entrou em luta corporal com o soldado. De acordo com o boletim, o militar do baixo escalão posteriormente foi desarmado pela mulher, que caiu no chão e sofreu lesões nos braços e nas pernas.
O major também alegou, no atendimento da ocorrência, que uma pessoa aplicou um golpe gravata que quase o deixou desacordado, causando-lhe lesão na orelha e mãos. Com os dois militares, foram apreendidas armas, carregadores e munições.
O repórter André Falcão, da TV Gazeta, esteve no DPJ de Vitória pela manhã e conversou com policiais e testemunhas. O soldado, que precisou ser atendido no hospital por conta dos ferimentos, deu outra versão da história. De acordo com ele, o major foi expulso da boate por causa de uma discussão com a esposa. Já do lado de fora, tentou separar a briga, quando começou a ser agredido pelo oficial.
A Polícia Civil destacou que o major de 45 anos foi autuado em flagrante por lesão corporal, ameaça, desobediência e desacato a funcionário público e foi encaminhado ao presídio Militar, no Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar, onde ficou à disposição da Justiça.
Marcos Vinicius Mattos Gandini passou por audiência de custódia na manhã de domingo (4) e recebeu a liberdade provisória sem fiança. Conforme consta na audiência de custódia, o Ministério Público e a defesa do major se manifestaram favoráveis à liberdade do policial.
O juiz que concedeu a liberdade destacou que os elementos da ocorrência e os colhidos pelo magistrado, através do contato pessoal durante a audiência de custódia, indicam que a liberdade do policial não oferecia risco à ordem econômica e pública, visto que é réu primário e possui residência fixa, ocupação lícita, e não houve representação por parte da autoridade policial e requerimento do Ministério Público pela decretação da prisão preventiva do major.
*Com informações do repórter Álvaro Guaresqui, da TV Gazeta
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