Além do homem preso em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, pelo menos mais cinco pessoas atuavam como falsos médicos em um sofisticado esquema de fraude em documentos de transferência de alunos entre instituições da Bolívia para o Brasil. Esses outros cinco suspeitos agiam em cidades da Bahia. Em entrevista exclusiva para A Gazeta, o delegado da Polícia Federal Rodrigo Souza Kolbe, que atua na Bahia, revelou os detalhes da investigação, que começou em 2019. De acordo com a polícia, há relatos de pacientes que receberam prescrição médica totalmente incompatível com seus quadros clínicos.
Segundo as investigações, Leonardo Luz Moreira, preso no Espírito Santo, atuava como médico havia pelo menos três anos, com salários que somam aproximadamente R$ 850 mil. As investigações foram peitas pela Polícia Federal da Bahia, com o auxílio de policiais do Espírito Santo.
Segundo o responsável pelas investigações, além dos seis médicos que estavam envolvidos no esquema, a Polícia Federal ainda identificou mais três tentativas de pessoas que queriam participar do esquema.
Os golpistas se matricularam em faculdades estrangeiras, onde estudavam por um semestre. Posteriormente, solicitaram transferência para uma instituição brasileira e adulteravam os registros para que contassem, em vez de seis meses, quatro anos de estudo.
Segundo o delegado, todas as faculdades que foram procuradas inicialmente pelos falsos médicos eram na Bolívia. “As faculdades são todas vítimas da situação. Os documentos estrangeiros eram todos falsificados pela quadrilha e depois traduzidos para um tradutor juramentado para dar aparência de legalidade”, descreveu o responsável pelas investigações.
Rodrigo Kolbe detalhou ainda que os Conselhos Regionais de Medicina, assim como as universidades, são vítimas dos criminosos e colaboraram com as investigações.
O delegado revelou que as investigações começaram a partir de um expediente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) sobre o diploma de um dos médicos. Os trabalhos da Polícia Federal começaram em 2019. “Logo no início das investigações chegou também uma notícia-crime sobre diversos falsos médicos que haviam trabalhado em uma cidade do interior da Bahia”, relatou Kolbe.
Alguns desses médicos não puderam ser totalmente identificados porque alguns deles usaram Cremeb totalmente falso em nome de um médico verdadeiro que, por sua vez, não sabia que estava sendo vítima deles.
O delegado explicou ainda que o médico detido em São Mateus é o único investigado que atuava em hospitais do Espírito Santo.
Ainda segundo o delgado, durantes as investigações a Polícia Federal da Bahia descobriu que os falsos médicos prescreveram medicamentos de forma equivocada para pacientes. “Houve relatos de pessoas que foram atendidas por esses médicos aqui nos postos de saúde da Bahia que receberam prescrição médica totalmente incompatível com seu quadro clínico”, revelou.
O delegado revelou ainda que um dos falsos médicos chegou a abrir uma página no Facebook voltada para estudantes de Medicina do exterior que quisessem vir transferidos para o Brasil. Ele cobrava 20 mil reais pelos serviços. O responsável pelas investigações destacou ainda que os trabalhos de apuração devem seguir.
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