A mãe do pequeno Luiz Fernando de Souza Verli conversou com o repórter Caíque Verli, da TV Gazeta, ao chegar o Instituto Médico Legal (IML) para liberar o corpo do filho, que morreu após, segundo a família, sofrer agressões dentro da escola em Ibatiba, no Sul do Espírito Santo. Adriana Augusta de Souza Verli disse que teve um baque ao receber a notícia de que a criança não resistiu: "Meu mundo parece que despencou. Perdi meu mundo na hora, me desesperei, falei: 'Doutor, fala que é mentira'. Eu espero justiça e vou lutar a todo custo para que ela seja feita". Confira, abaixo, ponto a ponto do que ela disse.
Luiz contou para os familiares que estava na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Eunice Pereira Silveira, quando dois meninos o provocaram, xingando a mãe dele. A criança disse que não reagiu, mas, logo em seguida, levou um chute nas costas. "Deram um chute na coluna dele e a partir desse momento é que ele revidou. Um dos meninos eles falaram que tem 13 anos. O outro eu não sei quem é", revelou Adriana.
Luiz já chegou da escola reclamando de dor. A mãe deu remédio em casa, mas ele não melhorou, então Adriana levou a criança até o pronto-socorro da cidade.
"Deram remédio no soro, dipirona, e mandaram para casa. Não pediram raio-x nem nada. Por volta de 2h30 eu e meu marido descemos com ele nas costas, porque ele não estava aguentando andar. Ele chorava muito, dizia que não aguentava andar, que iria cair, aí levei para o pronto-socorro, cheguei lá me deram ibuprofeno para dar em casa", revelou a mãe.
Os remédios não fizeram efeito: segundo a mãe, o menino não conseguiu nem dormir. Na manhã de terça-feira (10) ele foi levado novamente ao pronto-socorro. "Falei que exigia o raio-x da coluna dele, porque ele estava com muita dor. Aí viram que tinha quebrado uma vértebra." Neste momento, a criança foi transferida de ambulância para o Hospital Infantil, em Vitória.
Já no hospital, o estado da criança era gravíssimo. "A todo o tempo o doutor falava comigo que ele não tinha capacidade de sobrevivência, que estava mais fácil ele vir a óbito do que sobreviver. O doutor falou que se tivessem tomado medidas com urgência, ele poderia ainda ter vida, mas deixaram passar muito, aí deu infecção", comentou a mãe.
Além do acontecido da segunda-feira (9), a mãe confirmou, assim como outros parentes haviam adiantado, que Luiz sofria bullying na escola devido ao olho dele. Já tinha até cirurgia encaminhada para ser feita no próximo ano. Ela acha que isso pode ter relação com as agressões. "Na escola eles tinham o costume de fazer isso mesmo, chamavam de 'zoinho', cabeça do homem da lua, tudo isso falavam com ele", lembrou.
A mãe disse que está com medo. "Gera revolta porque quando está na escola, a responsabilidade é da escola. Na minha casa a gente controla, mas e na escola? Eu tenho minha outra filha que estuda na mesma escola que ele e agora eu estou com medo, e se acontece com a minha outra filha também? Já houve de matarem meu filho, e se eles resolvem bater e matar minha filha também, o que vou fazer da minha vida?", indagou Adriana.
Em nota, a Polícia Civil informou que "a Delegacia Regional de Ibatiba iniciou as investigações após tomar conhecimento do fato pelas redes sociais. Não houve registro formal deste fato ou fato anterior de violência envolvendo a criança. Não há outros detalhes da investigação a serem divulgados, no momento".
A Prefeitura de Ibatiba se manifestou pelas redes sociais dizendo que "a Secretaria Municipal de Educação está empenhada em reunir todas as informações necessárias para apurar o caso envolvendo alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Eunice Pereira Silveira,. Reafirmamos nosso compromisso com a Justiça e asseguramos que todas as medidas cabíveis serão tomadas para que os fatos sejam esclarecidos. [...] Decretamos luto oficial por três dias no município de Ibatiba em memória do estudante Luiz Fernando de Souza Verli".
A reportagem de A Gazeta também questionou a prefeitura sobre o atendimento no Pronto Atendimento de Ibatiba, conforme detalhado pela mãe, mas a administração municipal não respondeu. Veja, abaixo, a nota na íntegra publicada nas redes sociais.
"A Prefeitura Municipal de Ibatiba, por meio da Secretaria Municipal de Educação, lamenta profundamente o falecimento do estudante Luiz Fernando de Souza Verli, de apenas 10 anos. Manifestamos nossas mais sinceras condolências à família e amigos, neste momento de dor incomensurável, e repudiamos, veementemente, todo e qualquer ato de violência.
A Secretaria Municipal de Educação está empenhada em reunir todas as informações necessárias para apurar o caso envolvendo alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Eunice Pereira Silveira,. Reafirmamos nosso compromisso com a Justiça e asseguramos que todas as medidas cabíveis serão tomadas para que os fatos sejam esclarecidos.
Há quase dois anos, as Escolas Municipais de Ibatiba desenvolvem o programa ‘Pacto Pela Paz’, que, com o suporte de profissionais de psicologia e assistência social, em parceria com a equipe pedagógica, aborda temas fundamentais como a conscientização sobre o autismo, o combate ao bullying, a prevenção à violência e ao suicídio, a gestão emocional, a formação de redes de apoio e o fortalecimento dos vínculos interpessoais.
Decretamos luto oficial por 3 (três) dias no município de Ibatiba em memória do estudante Luiz Fernando de Souza Verli. As equipes das Secretarias de Educação e de Assistência Social estão prestando todo o suporte necessário à família neste momento difícil.
Confiamos em Deus para consolar os corações de todos os afetados por esta tragédia. Como está escrito em Salmos 34:18: 'O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido'. Que possamos, juntos, buscar forças para transformar a dor em ações que promovam mais amor, empatia e paz."
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