Imagina o transtorno de perder o acesso às suas redes sociais e, de repente, passar a receber notificações de que as senhas delas foram trocadas. A situação está sendo vivida pelo capixaba Eduardo Casotti, de 27 anos. O personal trainer conta que teve o chip do celular clonado e os perfis na internet invadidos. A vítima teve que contratar uma advogada e o caso virou alvo de investigação na Polícia Civil do Espírito Santo.
O titular da Delegacia de Crimes Cibernéticos (DRCC), delegado Brenno Andrade, explica esse golpe ocorre quando o criminoso entra em contato com a operadora, pedindo a transferência da linha da vítima para o chip dele. Ele evidencia ainda que maus funcionários das empresas têm sido aliciados por quadrilhas que cometem esse tipo de crime.
"Não generalizamos, mas temos notícias de que maus funcionários são cooptados por essas quadrilhas e, a cada transferência de linha, da linha da vítima para outro chip, o criminoso paga um valor por essa transferência", explica.
Segundo o delegado, a polícia chegou a prender um funcionário de uma operadora de telefonia em um shopping de grande circulação na Grande Vitória, suspeito de participar dessa categoria de crime. "O que temos vistos são funcionários das operadoras fazendo essa transferência da linha indevidamente", reforça Brenno Andrade.
Além disso, bandidos também têm usado de documentos falsos para recuperar o chip da vítima. O criminoso costuma comparecer na loja da operadora, alegando que o chip foi destruído e acaba reavendo a linha telefônica do alvo.
No caso de Eduardo Casotti, a invasão foi percebida por ele às 18h da última sexta-feira (21). Até esta quinta-feira (27), ele seguia enfrentando problemas com o número telefônico e seguia incomunicável. Com o número dele em mãos, os bandidos conseguiram invadir todos os perfis dele nas redes sociais.
“Primeiro notei que meu WhatsApp foi deslogado, saiu do ar. Achei estranho e depois comecei a receber notificações no meu e-mail, falando que a senha do meu Instagram havia sido trocada. Depois a senha do e-mail foi alterada e foi em sequência. Nos 15 minutos seguintes, começou a aparecer: senha do Facebook trocada, alguém se passando por mim no Instagram e até conversando com a minha namorada”, relembra.
Segundo o personal trainer, o criminoso ainda tentou invadir a conta bancária dele, no Nubank, e a do PicPay : "Comecei a ligar para o banco e cancelar temporariamente para não ter dinheiro perdido. Ele entrou No PicPay também, mas como bloqueei o cartão, ele não conseguiu fazer nada."
Somado à perda das contas, Eduardo diz que o invasor passou a anunciar produtos de origem não verificada e com valores muito abaixo dos de mercado nos perfis invadidos.
"As pessoas interessadas começaram a mandar mensagem até para minha namorada: 'Ah! Seu namorado está vendendo o negócio, é verdade mesmo?', aí o invasor mandava uma chave do Pix dele para o depósito", finaliza.
Após a invasão, Eduardo tentou ir à Claro, operadora responsável pelo chip dele, para tentar recuperar o número, mas continuou enfrentando problemas.
"No sábado de manhã (22), fui na Claro, minha operadora. Peguei um chip novo para tentar reaver meu número, mas deu algum erro, não consigo receber chamadas nem SMS", conta.
A reportagem de A Gazeta procurou a Claro na tarde desta quinta-feira (27). A operadora pediu mais tempo para responder os questionamentos. Voltamos a procurar a empresa no fim da manhã desta sexta-feira (28), mas não obtivemos retorno.
O delegado Brenno Andrade explica que esse golpe sempre ocorreu e vem se mantendo na média no Espírito Santo. Ele ressalta que, como a troca de chip ocorre na operadora, não há muito o que fazer, mas existem algumas orientações em relação aos perfis nas redes sociais:
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