* Com informações de Eduardo Dias
Os tiros ouvidos da parte baixa e o incêndio visto no alto do Morro da Piedade, em Vitória, na noite de quarta-feira (19), tiveram um endereço certo: a casa da mãe do traficante João Ferreira Dias, o JP, conhecido como "dono" do morro. A Polícia Militar informou que ação foi para intimidar rivais.
Marly Ferreira Bispo, que também já foi presa por tráfico, conta que o ataque foi um alerta. "Ele me deu uma bala de fuzil para entregar para a polícia e eu entreguei. Falou que a policia não servia para nada e me chamou de 'caguete', que eu denuncio eles para a polícia. Me diz como? Se eu moro aqui, e eles no Bairro da Penha", disse em entrevista ao Gazeta Online, afirmando que os bandidos juraram matar o filho dela.
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Marly conta que a casa foi invadida por cerca de 20 pessoas. Antes, os bandidos entraram na casa de uma vizinha, que não quis se identificar. Segundo a polícia, na residência mora um aliado de João, que foi solto no último dia 24 de maio.
A moradora, que estava na casa com mais um adulto e quatro crianças, conta que os homens invadiram a casa perguntando se eles conheciam os responsáveis pelo tráfico da Piedade. Com a resposta negativa, eles iniciaram o ataque. "Eles prenderam a gente no quarto, mandaram abaixar a cabeça e não olhar pra cara de ninguém. Depois que colocaram fogo, eles gritaram pra gente sair, porque a casa estava pegando fogo", relata.
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Após atearem fogo na casa, eles seguiram para a residência dos Ferreira. Lá, eles quebraram tudo que encontraram pela frente na busca por Paulo Ricardo Ferreira Dias - outro filho de Marly que está foragido - e entregaram a bala de fuzil para a Marly, dizendo que deixaram para João.
Segundo Marly, os 20 bandidos chegaram pela mata, assim como em outros ataques realizados no morro: "Foi horrível! Eles vieram camuflados como polícia".
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Sem moradia, ela e os três netos dormiram na quadra da comunidade. Já os vizinhos foram para casas de outros moradores que os acolheram. Na manhã desta quinta-feira (20), ela comentou que ainda esperava por demora do comparecimento da Assistência Social do governo e da Prefeitura de Vitória.
Revoltada com a situação, Marly não pensa em ir para um abrigo: "Eu não vou enfiar meu neto em abrigo. Eu trabalhei para ter minha casa. Meu marido trabalha para a gente se manter. Daqui, eu não vou para abrigo, nem para casa de vizinho. Não tenho parente aqui. Minha família é toda da Bahia".
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A equipe de reportagem informou ainda que a Polícia Civil chegou ao local no fim da manhã desta quinta-feira (20). Em entrevista a rádio CBN Vitória, o tenente-coronel Geovanio, comandante do 1° Batalhão da Polícia Militar, informou que o ataque foi para intimidar o grupo rival e que o patrulhamento na região foi reforçado durante o feriado.
SEMAS
Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) informa que está enviando uma equipe de abordagem ao bairro Piedade para avaliar a situação e ver quais encaminhamentos podem ser feitos para as famílias atingidas. O Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Centro também estará disponível para atendimento às pessoas prejudicadas.
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