Em 21 de setembro de 2018, o piloto Mayke Stefanelli Barcellos e o empresário Douglas Siqueira Lana decolaram em uma asa-delta motorizada de Linhares, Região Norte do Espírito Santo, em direção a Mucuri, no Sul da Bahia. Pouco tempo após o voo, eles sumiram. Buscas foram realizadas por terra, água e ar, mas os dois não foram encontrados. Um ano depois, o desaparecimento dos amigos ainda é um mistério.
Em entrevista para A Gazeta, o tenente-coronel Carlos Wagner Borges, do Corpo de Bombeiros, explicou que foi a maior busca por desaparecidos já realizada no Espírito Santo. Ao todo, foram mais de 60 dias de trabalho, além do protocolo de 30 dias. As buscas foram suspensas em 23 de novembro do ano passado.
AS BUSCAS
Na ocasião do desaparecimento, os trabalhos foram feitos de várias formas. Buscas foram realizadas a pé pela Reserva Biológica de Sooretama e pela Reserva Natural da Vale.
O mesmo local contou com sobrevoos de um helicóptero do Núcleo de Operações e Transportes Aéreos (Notaer) e de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Amigos e familiares de Mayke que também são pilotos, sobrevoaram as reservas em suas aeronaves.
Equipes dos bombeiros, da Polícia Militar Ambiental, da FAB e também amigos de Mayke fizeram buscas por terra em localidades do interior de Linhares.
SONAR
O trabalho de buscas era norteado pelos dados telefônicos dos celulares do piloto e de Douglas, além do relato de moradores de locais por onde a asa-delta motorizada sobrevoou antes de sumir. Uma possibilidade de mudança de rota, por conta de uma chuva, fez as buscas se estenderem pela região da Lagoa Juparanã.
Como uma chuva se aproximava, os bombeiros passaram a trabalhar com a hipótese de que Mayke desviou a rota, saiu de cima da Reserva Natural da Vale e tentou retornar para Linhares, passando pela Reserva Biológica de Sooretama e pela lagoa.
Para as buscas em água, foi usado um sonar, que é um equipamento usado para construir uma imagem acústica de ambientes aquáticos e identificar objetos que estejam nesses locais, a partir da emissão de ondas sonoras. No entanto, a aeronave não foi encontrada.
ERROS
Segundo o tenente-coronel Carlos Wagner Borges, do Corpo de Bombeiros, Mayke cometeu uma série de imprudências antes da decolagem com a aeronave modelo Trike.
O bombeiro explicou que o motor usado na aeronave foi trocado por um não especificado pelo fabricante, o que não pode ser feito.
Além disso, o piloto estava com as duas pernas lesionadas por conta de um acidente que ele havia sofrido anteriormente.
Ainda de acordo com o militar, a decolagem foi de uma pista não autorizada e em um dia que havia muito vento e previsão de chuva.
CUIDADOS
Para sobrevoar com uma aeronave do estilo asa-delta motorizada, é preciso seguir algumas orientações, ressaltou o tenente-coronel. "Primeiro, a pessoa tem que ter um curso que a habilite a fazer esse tipo de voo. Tem que manter o equipamento dentro das especificações do fabricante, sem alterações, e todo voo precisa ser informado à torre de comando do aeroporto, porque outras aeronaves podem estar no mesmo trajeto", disse.
Outro cuidado é observar a questão do peso suportado pela asa-delta, que deve ser dentro do descrito no manual, e ainda prestar atenção na previsão do tempo. "É um tipo de aeronave muito leve e fica sujeita a intempéries da natureza, como vento e chuva fortes", finalizou.
INVESTIGAÇÕES
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil informou que a investigação continua em andamento pela Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Linhares. "Os levantamentos realizados até o momento não indicam a ocorrência de prática criminosa", diz a nota.
A polícia conta com a colaboração da população e qualquer contribuição pode ser feita por meio do Disque-Denúncia 181 ou pelo site disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato e todas as informações são investigadas, de acordo com a PC.
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