Após o registro de episódios de violência e ameaças no bairro Planalto Serrano, no município da Serra, que tiveram início ainda na madrugada desta terça-feira (02), com um tiroteio na região, e que seguiu com ameaças feitas a jornalistas que estiveram no local, questiona-se o motivo dos ataques. A explicação, de acordo com a Polícia Militar, é a disputa de territórios por traficantes.
O capítulo da guerra do tráfico contado desta vez envolve quatro gangues rivais do mesmo bairro, as quais, segundo o tenente-coronel da PM Leonardo Celante, são definidas pelas áreas onde atuam.
Ainda em janeiro deste ano, foi realizada a prisão de um dos chefes do tráfico, de uma região chamada de "Bloco A", em uma área conhecida como "Baixada". "Realizamos uma prisão muito importante em janeiro, de um indivíduo com alcunha Cigano, que tinha mandado de prisão em aberto e era chefe de um desses grupos criminosos. Isso desencadeou, de certa forma, uma instabilidade, mesmo sendo uma ação positiva. Diante da prisão dele, outros grupos criminosos passam a querer dominar a região em que havia aquela influência", explicou.
Nas palavras do tenente-coronel: "Como o crime não deixa vácuo, ao prender um criminoso, outro assume o lugar dele. E o rival vai querer buscar influência, mas conhecemos a dinâmica". Desta vez, quem é apontado como liderança do tráfico é Paulo Ricardo Ferreira Souza, conhecido como "Loló", que conta com um mandado de prisão em aberto por homicídios e que atua em uma região chamada de Quadra 37.
"O que a gente percebe é que todo grupo criminoso tem algum expoente. Mas quando este indivíduo começa a aparecer demais, se torna um alvo prioritário da PM. Loló já está identificado e nós vamos atrás dele. Temos necessidade de cumprir o mandado para que ele sinta que não pode fazer o que vem fazendo em relação a implantar determinados comportamentos aqui na região", destacou Celante.
A probabilidade de que Paulo Ricardo esteja envolvido nos episódios desta terça-feira (02) é alta. "Muito provavelmente está envolvido no que ocorreu hoje. Não temos dados formais com relação a isso, mas há denúncias de envolvimento dele com estas últimas situações que têm acontecido aqui, em especial por conta da personalidade dele", disse.
De acordo com o tenente-coronel, a Polícia se vê preparada para o enfrentamento no bairro. "Aqui em Planalto Serrano fizemos 15 apreensões de armas em dois meses, 36 prisões em flagrante e mais de 150 operações. É um dos bairros da Serra em que a polícia atua com muito mais intensidade, porque a gente já conhece a dinâmica", concluiu.
Também em coletiva de imprensa concedida na noite desta terça-feira (02) no bairro Planalto Serrano, o Comandante-Geral da Polícia Militar, Douglas Caus, afirmou que a inteligência da polícia está identificando os pontos de tráfico, bem como os indivíduos ligados ao líder Loló. "Efetuaremos a prisão dele e o caso de hoje tem a ver com esta tentativa do domínio territorial", iniciou.
"São gangues do mesmo bairro brigando entre si. Recentemente houve a prisão de um traficante e agora estamos atrás de outro traficante, de alcunha Loló, que deflagrou uma guerra pelo domínio territorial. A PM se fará presente constantemente para garantir a segurança do cidadão que aqui reside, bem como para garantir aos meios de comunicação, aos profissionais de comunicação, a segurança para que possam trabalhar", acrescentou.
Sobre o medo constante da população local, Caus foi assertivo em mencionar qualquer informação que aponte algum morador ou família sofrendo ameaça pelo tráfico, imediatamente a Polícia Militar agirá, intensificando ações na região. "Não só para trazer paz e tranquilidade para estes moradores, mas principalmente para identificar e prender estes indivíduos", concluiu.
Equipes de reportagem, entre elas a da TV Gazeta, foram alvos de ameaças ao vivo, na manhã desta terça-feira, no bairro Planalto Serrano. Os atos deram sequência a um tiroteio ocorrido durante a madrugada e resultaram até na suspensão da circulação de ônibus no local, que só voltaram a circular no bairro nesta tarde.
Durante a manhã desta terça (02), dois homens armados interromperam a entrada da reportagem no Bom Dia Espírito Santo e mandaram que as equipes se retirassem do bairro. Eles chegaram a fazer um disparo. Veja o momento da ameaça:
"Estávamos indo para o carro, com a câmera abaixada, quando ouvimos os disparos, não sei se foi para cima ou para a frente. Estamos bem, mas muito assustados", contou o repórter Diony Silva.
Segundo informações apuradas pela emissora, o tiroteio aconteceu por volta das 5h. Nas redes sociais, circulam fotos de casas atingidas por balas e áudios com barulho do tiroteio.
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