O segundo-sargento da Polícia Militar suspeito de matar a tiros as cadelas Pitty e Pipoca, no dia 27 de junho, em Tabuazeiro, Vitória, preferiu ficar em silêncio nesta quinta-feira (06), durante uma oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos Contra os Animais, na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). A identidade do acusado não foi divulgada.
No encontro, também marcam presença Aleida Silva Tonini e Fabiano Silva Tonini, tutores dos animais. Os dois, que são mãe e filho, responderam às perguntas de deputados e de outras pessoas que participaram da reunião. Os pets estavam na família há mais de 4 anos e não eram violentos, segundo relataram.
Por mais de duas horas, o acusado ficou em silêncio devido à orientação do advogado. Quando questionado, ele não respondeu sobre a arma utilizada e a quem ela pertence, nem tampouco deu sua versão dos fatos. Também não comentou sobre um possível arrependimento.
O suspeito, que atua como militar há 17 anos, ressaltou apenas que desconhece legislações na área de proteção animal e pontuou que não tem problemas com cães.
Fabiano Tonini revelou também que é primo de segundo grau do policial e, embora tenham “diferenças”, sempre se respeitaram – ambos se conheceram no mesmo bairro na infância. ''Se elas (cadelas) tivessem algum comportamento realmente de agressividade, ou no caso, que causasse alguma lesão a alguma pessoa eu não seria omisso”, disse o tutor.
De acordo com a deputada Janete de Cá, presidente da CPI, a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente abriu um inquérito e vai ouvir os envolvidos. O caso foi encaminhado também para a Corregedoria da PM. “Nosso objetivo é esclarecer essa questão, trazer luz para um fato que chocou a sociedade capixaba”, explicou.
Além disso, segundo ela, o material da reunião será enviado para o Ministério Público do Estado (MPE-ES).
Procurada, a Polícia Civil informou que o caso segue sob investigação da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (DPMAPC).
Duas cachorrinhas foram mortas a tiros por um sargento da Polícia Militar no meio da rua, em Tabuazeiro, bairro Vitória. Pitty e Pipoca tinham saído da casa onde viviam, no último dia 27, após o portão ficar aberto. De repente, a dona delas ouviu os tiros. Pitty, que ainda estava viva, chegou a ser levada para uma clínica veterinária às pressas, mas morreu na mesa de cirurgia.
Conforme apuração da repórter Vanessa Calmon, da TV Gazeta, as cadelas teriam ido para a rua sem que a dona percebesse.
"Quando o entregador de gás saiu, elas devem ter saído pela lateral, estava escuro. Uns 20 minutos depois eu escutei rojão e tiros. Minha vizinha começou a gritar no meu portão me chamando, perguntando se as minhas cadelas estavam no quintal e eu disse que sim, porque eu tinha colocado elas na caminha delas. Só que procurei e não encontrei elas", relatou a pensionista.
Filho de Aleida, o funcionário público Fabiano Silva Tonini ainda tentou socorrer a Pitty, que estava respirando. "Infelizmente ela veio a óbito na mesa de cirurgia na hora que a médica foi começar o procedimento", contou.
Tudo teria acontecido a poucos metros da casa de Aleida. Perto das 20h, estava escuro e isso dificultou que os vizinhos vissem o que ocorreu: eles só ouviram os disparos.
Para a Polícia Militar, o sargento alegou que teria atirado pois cães "de grande porte" teriam ficado agressivos e ido na direção dele e da mãe para atacá-los. (Leia a nota completa ao final da matéria)
Pitty e Pipoca foram adotadas há quatro anos. O quintal da casa era grande e as cadelinhas não tinham costume de sair de casa. "Meu filho sai para a faculdade de manhã. De lá ele vai trabalhar na Serra e só chega à noite, então elas eram a alegria da casa. Minhas netas brincavam nesse quintal com elas, filhos de vizinhos, a família toda", lembrou a pensionista.
A CPI dos Maus Tratos, da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), foi acionada para caso. Conforme a deputada estadual Janete de Sá (PSB), tudo teria acontecido porque as cadelas entraram em uma área perto da casa do policial.
"Existe um sentimento de pertencimento de uma servidão que dá acesso à área do possível autor dos disparos. Tanto pessoas como animais que chegam nessa área próxima da entrada para a casa deles, gera incômodo. Isso já foi motivo de demanda inclusive judicial. O que nós temos é um fato lamentável em que um policial militar alveja e leva à morte dois animais indefesos que não estão acostumados com rua, dois animais caseiros, dóceis", disse a parlamentar em entrevista à TV Gazeta.
"Na madrugada desta quarta-feira (28), policiais militares foram acionados para verificar a informação de que havia um PM efetuando disparos de arma de fogo no bairro Tabuazeiro, Vitória. No local, o militar, juntamente com a mãe, relatou que ao sair da residência da genitora, deparou-se com três cães de grande porte, agressivos e soltos próximos ao carro dele. Com o intuito de afastá-los, haja vista que havia apenas uma via saída do imóvel, o policial disse que, primeiramente, arremessou água contra os animais, porém sem êxito.
Posteriormente, utilizou ripas de madeira, mas também não obteve sucesso. Em seguida, os cães ficaram ainda mais agressivos e foram na direção do PM e da mãe dele para atacá-los. Neste momento, o militar efetuou dois disparos a fim de proteger a própria integridade física e também da sua mãe. Um cão foi alvejado, ocasionando o óbito. Os demais fugiram. A tutora dos animais, que é conhecida das partes, mas não estava no local no momento do fato, recolheu o cão que estava sem vida sem questionar a ação do policial. A Polícia Militar, por meio da Corregedoria, informa que será instaurada uma sindicância para apurar o caso."
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