Uma briga entre um jovem de 24 anos e um cabo da Polícia Militar de folga acabou em tiro no bairro Maringá, na Serra. O caso aconteceu em um posto de combustíveis e foi flagrado por uma câmera de videomonitoramento (confira acima). As versões sobre o que teria motivado a confusão são diferentes: o baleado diz que foi agredido sem razão, já o outro afirma que tudo começou com um desentendimento.
As imagens mostram os dois saindo de uma loja de conveniência, na madrugada de sábado (9). O policial está de camisa preta. Ele vai para cima do homem de camisa vermelha, que arremessa algo contra o cabo, que parece ser uma garrafa ou lata. Os dois entram em luta corporal até que o jovem se desequilibra e cai no chão, momento em que o militar tira a arma da cintura e atira.
O homem sai com a mão na perna, local onde acabou atingido pelo disparo. Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/ 192) com uma perfuração na perna esquerda e uma lesão na perna direita (o tiro atravessou uma perna e atingiu outra), e depois foi encaminhado a um hospital no município.
O jovem conversou com o repórter Caíque Verli, da TV Gazeta, sem se identificar. Ele relatou que foi ao posto comprar cerveja durante a madrugada. "Cheguei lá ele veio atrás de mim do nada, me deu um soco no nariz e me chamou de ladrão. Eu sem entender, não tinha falado nada. O segurança pegou ele e levou para o lado de fora. Eu terminei de pagar a cerveja e na hora em que eu saí ele veio atrás de mim de novo pegando minha camisa. Para eu me defender, dei duas garrafadas na cara dele, porque ele estava me segurando. Eu caí no chão e, quando levantei, ele me deu o tiro", disse.
O advogado Igor Hortelan, que faz a defesa do jovem baleado, publicou uma nota nas redes sociais. Segundo ele, o rapaz é "um homem sem antecedentes criminais, de conduta irrepreensível e reconhecidamente trabalhador. Foi vítima de um ato de violência injustificável, sendo alvejado na perna por um policial à paisana durante uma discussão. Importante ressaltar que ele não agrediu o agente de segurança. Ele apenas reagiu em legítima defesa, após ser agredido pelo policial que, apesar de estar armado, iniciou o confronto de maneira totalmente desproporcional".
A defesa afirmou que o jovem está em tratamento médico, "lutando para se recuperar tanto das lesões físicas quanto dos traumas emocionais resultantes deste episódio". No dia do ocorrido, o rapaz disse aos policiais que estava no posto quando "foi alvejado sem razão por um policial que estava no local".
De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar, o cabo relatou que estava na loja de conveniência do posto quando viu o homem chegando. Segundo o policial, ele seria conhecido por envolvimento com o tráfico do bairro Maringá. Neste momento os dois teriam se desentendido, e logo depois o rapaz teria voltado com uma garrafa de vidro, dando um golpe na cabeça do policial, que teve a orelha cortada.
O relato no boletim de ocorrência continua: "De imediato sacou sua arma e efetuou um disparo para cessar a injusta agressão, vindo a atingir a perna do homem. Neste momento o segurança do posto pediu para que ele saísse do local por medo de acontecer algo pior, tendo em vista que pessoas já teriam ligado para amigos do baleado que também seriam envolvidos com o tráfico".
Em nota, a Polícia Militar informou que "será instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar os fatos relacionados à ocorrência em questão. A arma utilizada pelo policial militar foi apreendida e permanecerá à disposição do IPM durante o processo de investigação. O policial militar envolvido seguirá desempenhando suas atividades normalmente enquanto as apurações estiverem em andamento. Ressaltamos que, em sua ficha funcional, não constam registros de punições disciplinares por envolvimento em situações de desentendimento".
Já a Polícia Civil disse que "o fato será investigado pelo 12º Distrito Policial da Serra e, para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta