O tenente da reserva da Polícia Militar, preso em uma operação da Polícia Civil, era o responsável por armazenar e realizar entregas da droga para um empresário de 40 anos, dono de uma distribuidora de bebidas, responsável pela compra e venda dos entorpecentes. Os dois, e também uma enteada do militar, de 30 anos, foram presos nesta terça-feira (27) em uma ação da Delegacia Especializada de Narcóticos (Denarc). Durante a operação, foram apreendidos 230 quilos de maconha na casa do tenente.
A Polícia Militar não informou, mas a reportagem de A Gazeta apurou que se trata do tenente da reserva Ercílio Silva da Rocha, de 53 anos. O oficial atuou na corporação por 32 anos, segundo a polícia. Já o empresário, segundo informações da TV Gazeta, trata-se de Alexandre Olmo.
De acordo com o delegado Alexandre Falcão, titular da Denarc, o militar foi contratado para armazenar e fazer a entrega da droga por um valor de R$ 5 mil. O militar da reserva confirma que foi contratado para armazenar e realizar a distribuição dessa droga, e que para isso receberia a quantia de R$ 5 mil reais para armazenar, sem aprofundar por qual período, afirmou.
A operação foi batizada de Casa de Papel. Isso porque o empresário que era responsável por comprar e revender a droga utilizava o apelido de Professor, inclusive utilizando a foto do personagem do seriado em aplicativos de mensagens. Ele utilizava no aplicativo de mensagens uma foto do seriado Casa de Papel e era conhecido pelos traficantes como 'Professor'. Ele se auto intitulava assim e as pessoas os conhecem dessa maneira, disse o delegado.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em cinco alvos, nas cidades de Guarapari, Cariacica e Vila Velha. Foram apreendidos 230 kg de maconha na carroceria do carro do militar em Vila Velha; 1 kg de haxixe em um carro do empresário (que estava em frente ao estabelecimento dele, em Cariacica); R$ 80 mil reais em espécie, sendo R$ 69 mil com o empresário; duas armas de fogo, uma com o militar e outra com o empresário. Além disso, também foram apreendidos um caderno de anotações do tráfico, balanças de precisão e uma anotação (que teria sido enviada de dentro de um presídio), em um endereço do militar em Vila Velha onde estava a enteada dele.
De acordo com as investigações, o empresário conhecido como Professor comprava a droga de fora, e vendia para pessoas em toda a Grande Vitória, especialmente em Guarapari e Vila Velha. Ele mantinha contato com os clientes por aplicativos de mensagens, marcava o encontro, recebia o dinheiro e logo depois o tenente realizava a entrega da droga. De acordo com o delegado, as drogas vendidas e entregues variavam entre pequenas e grandes quantidades.
A polícia também apura a suspeita de que o empresário utilizava a distribuidora de bebidas para lavagem de dinheiro. A praxe do tráfico de drogas é utilizar de empresas para lavar o dinheiro do tráfico. A partir do momento que conseguimos identificar as empresas, isso é encaminhado ao juízo para tomarmos as medidas cabíveis. Mas, essa empresa, o empresário foi encontrado com quase R$ 70 mil reais em espécie, sem origem, contou.
As investigações do Denarc foram iniciadas há cerca de três meses. Segundo a polícia, existe a suspeita da participação de outros integrantes na organização criminosa, o que será apurado pelos agentes. Temos informações do envolvimento de traficantes conhecidos pela polícia. Mas, as informações serão aprofundadas para que possamos prender os integrantes dessa organização, destacou.
Nenhum dos presos tinha passagem pela polícia. O tenente da reserva da Polícia Militar e o empresário foram autuados por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Já a enteada do militar vai responder somente por associação ao tráfico. O tenente está preso no Quartel da Polícia Militar, o empresário foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana, e a enteada do militar foi para o presídio feminino.
A Corregedoria da Polícia Militar informou que vai instaurar um procedimento administrativo apuratório assim que receber toda a documentação da Polícia Civil referente ao fato. A prisão do tenente da reserva remunerada foi acompanhada por um oficial de serviço da PM. O tenente está no presídio da corporação.
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