O policial militar da reserva, Mario André do Carmo Morandi, que foi assassinado dentro de uma padaria no bairro Itapoã, em Vila Velha, na noite da última terça-feira (7), já havia sofrido um atentado em 2009, na região de Barramares, em Terra Vermelha, no mesmo município.
O crime aconteceu no dia 13 de novembro daquele ano. Na ocasião, um tiroteio no meio da rua deixou pelo menos quatro pessoas baleadas, um carro destruído, dois caminhões danificados e os moradores assustados, em silêncio.
De acordo com uma matéria veiculada na época pelo Gazeta Online, - antigo portal de A Gazeta - o crime aconteceu por volta das 8 horas, na Rua Califórnia, mas também houve tiroteio em outras ruas próximas. Mário Morandi chegou a relatar que dois criminosos haviam o reconhecido como policial ao tentar ultrapassar o carro dele e atiraram para matá-lo.
O Uno bateu em dois caminhões estacionados na rua e capotou. Apesar disso, os dois ocupantes conseguiram fugir sem ferimentos, de acordo com o soldado. No carro em que os criminosos estavam havia perfurações de tiros, mas o policial disse, na época, que estava desarmado e não sabia quem havia atirado contra os suspeitos.
Ainda à reportagem, Morandi contou que naquele dia, os bandidos correram pelas ruas do bairro, roubaram uma moto e retornaram para o local onde o carro capotou. Lá houve um novo tiroteio e o amigo de Morandi, que estava com ele no carro, foi atingido nas costas.
Outros dois moradores da região foram baleados, um com tiro no ombro e outro no pé. O quarto ferido foi encontrado pela PM em uma casa na Rua Botafogo, transversal à Califórnia, onde estava escondido.
Naquele dia, todos foram socorridos e depois levados para a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), para prestar depoimento sobre o caso, inclusive o soldado Morandi.
Várias marcas de tiros foram localizadas em pontos situados até 100 metros do local inicial do tiroteio, na Avenida Califórnia. Nem mesmo as paredes da Igreja Católica do bairro escaparam das balas. Pelo menos cinco marcas de tiros eram visíveis. Pela forma como as perfurações estavam, davam a entender que alguém foi perseguido pelo terreno, enquanto fugia das balas.
Também havia marcas de tiros nas paredes da loja de materiais de construção e no retrovisor de um dos caminhões atingidos pelo Fiat Uno, durante o tiroteio. Assustados, os moradores preferiam não falar muito. Meninos que jogavam bola em um campo de futebol precisaram correr para se proteger, assim que os tiros começaram.
Uma moradora disse que os disparos eram tantos, que pareciam milho de pipoca estourando. Já os moradores de uma casa na Rua Botafogo passaram pelo drama de ter o imóvel invadido por um dos feridos, que buscava proteção.
Ainda nervoso com o que havia acontecido, o soldado Mário Morandi, que teria sido o alvo principal dos disparos em Barramares, falou a respeito do atentado sofrido. Ele aproveitou para fazer um desabafo, criticando o comando da PM na época, que havia retirado sua arma desde que ele entrou de licença. Veja a entrevista.
Só sei que os ocupantes do Uno me reconheceram, quando tentaram ultrapassar do carro.
O carona falou meu nome. Aí o motorista reduziu, se posicionou atrás do meu carro e eles começaram a atirar.
Como? Eu estava desarmado, porque estou de licença médica e a Polícia Militar retirou minha arma.
Desarmado, eu só podia fazer manobras evasivas, tentando provocar um erro deles, de forma a se acidentarem, o que acabou acontecendo.
Não sei. Eu não fui.
Talvez, mas não posso afirmar. Sei que eles entraram no bairro, tomaram uma motocicleta de assalto e voltaram aqui. Foi quando balearam um amigo meu.
Sou conhecido aqui, pois trabalhei na 4ª Companhia e participei da prisão de 13 integrantes da conhecida gangue da cabeça. Meu trabalho, com certeza, desagradou muita gente dessa região.
O que é que eu posso fazer? O comando da Polícia Militar é que propiciou isso, pois retirou minha arma há três meses. Estou em licença médica, mas os bandidos não querem saber disso.
Mário Morandi, que teria sido o alvo dos disparos, se recusou a fazer o exame residográfico na ocasião, que verifica a presença de restos de pólvora nas mãos. Ele chegou a prestar depoimento na Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vila Velha.
No local onde houve os disparos, Morandi negou que estivesse armado. Devido à licença médica, ele estava impedido de usar armas da corporação.
Em nota à imprensa, a PM informou na época que entre os fatores que restringiram a permanência da arma estava a dispensa médica por problemas psiquiátricos.
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