A prisão de dois policiais militares durante a operação do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) aconteceu dentro da 2ª Companhia do 4ª Batalhão da Polícia Militar, em Praia das Gaivotas, Vila Velha, na manhã desta quinta-feira (15). O objetivo era cumprir mandando de busca e apreensão contra os militares, mas durante a abordagem foram localizadas drogas e simulacros de armas, o que ocasionou as prisões em flagrante.
Os policiais presos são o soldado Leonardo Verbeno Pereira e o Cabo Werlem Charles Andrade Ramos, segundo relatório obtido pela reportagem de A Gazeta. A Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar confirmou a identidade e disse que está fornecendo acompanhamento jurídico dos dois, pois ambos são associados.
A investigação foi instaurada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPES, com cooperação da Corregedoria-Geral da Polícia Militar. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Vara da Auditoria Militar e deveriam ser cumpridos no local de trabalho e também no domicílio dos militares.
De acordo com o relatório da detenção, os dois policiais estavam a bordo de uma viatura. No interior do veículo que pertence à corporação, embaixo do tapete do motorista, foram apreendidas quatro buchas de maconha e um pino de cocaína. Também havia um pen drive.
Ainda durante as buscas, os representantes do Gaeco localizaram na mochila do cabo Werlem uma arma de fogo falsa. Já na mochila do soldado Verbeno também havia uma pistola falsa e sete pinos de cocaína.
A equipe do Gaeco e da Polícia Militar seguiram para as residências dos militares, realizaram novas buscas e nada de ilícito foi encontrado.
De acordo com o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar, cabo Eugênio, a situação está sendo acompanhada pelos advogados da entidade. "O plantão jurídico da associação acompanhou os associados, estamos levantando a situação como um todo e ainda estamos formando um entendimento do que aconteceu. Além disso, estamos preparando para audiência de custódia que deve ocorrer nesta sexta-feira (16). O setor jurídico vai garantir o contraditório e a ampla defesa dos militares", explicou o presidente da ACS.
De acordo com nota do Ministério Público do Espírito Santo, as apurações de crimes militares, entre eles o de corrupção passiva, foram iniciadas após a execução da primeira fase da "operação PATREM", em março, que visava o combate a uma associação criminosa com atuação em Cariacica e região da Grande Vitória, que teve a segunda fase deflagrada nesta quinta-feira.
Em entrevista à repórter Larissa Avilez, o diretor jurídico da associação, Cabo Carlos, fez defesa dos militares após a decretação de prisão preventiva na audiência de custódia. "A associação se sente revoltada. Nesse momento eles estão sendo tratados como traficantes, mas devido ao efetivo do dia a dia essa situação é comum. O policial assume às 19 horas, chega no lugar que é altamente controlado por traficantes que fogem. Os policiais que trabalham de verdade, reviram bueiros, muro... Nessas buscas é comum encontrar um pino ou uma bucha de maconha", explicou.
O diretor jurídico detalhou que a conduta de ter droga dentro da viatura é comum entre os militares do policiamento ostensivo. "Toda vez que encontra um pino de cocaína deve ir pro DPJ, mas isso não é compatível com o sistema. O estado ficaria sem polícia na rua e até acusam de operação tartaruga. Para os policiais não incorrerem de fazer operação tartaruga e não deixarem a viatura, eles acumulam durante a noite e entregam de uma vez só. Não seria correto, mas não tem jeito. Vamos fazer um material alertando os associados sobre o problema desse comportamento que tem surgido agora. E se fosse caso de tráfico, o traficante com quilos de droga é liberado, mas o policial com um pino não", completou Cabo Carlos.
Em nota à imprensa, a Polícia Militar do Espírito Santo, por intermédio da Corregedoria-Geral da Corporação, disse que prestou apoio, a convite do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público Estadual. O objetivo era o cumprimento de mandando de busca e apreensão nas residências de dois militares, que estariam envolvidos de alguma forma nas investigações do MPES.
A corporação também afirmou que, a partir de agora, o juiz da Vara de Auditoria Militar determinará a manutenção ou não da prisão e que, paralelo a isso, será instaurado procedimento administrativo disciplinar para apurar a conduta dos militares.
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