Após um ataque a tiros promovido por um adolescente de 14 anos em uma escola de Barreiras, na Bahia, que terminou na morte de uma aluna cadeirante, a Polícia Civil do Estado vizinho quer interrogar o jovem responsável por outra invasão, um mês antes, em uma escola municipal de Vitória, no Espírito Santo. De acordo com a corporação, os dois começaram a manter contato semanas antes do ataque em Jardim da Penha, ocorrido no dia 19 de agosto.
Em entrevista à reportagem de A Gazeta, o coordenador regional da Polícia Civil da Bahia, Rivaldo Luz, afirmou que o adolescente baiano e o jovem capixaba mantinham contato por rede social, inclusive demonstrando admiração um pelo outro. A Polícia Civil do Espírito Santo também confirmou a relação entre os dois responsáveis pelos ataques.
De acordo com o delegado, familiares do adolescente da Bahia estão sendo ouvidos pela polícia ao longo das investigações. A ideia da corporação é que haja contato com a Polícia Civil do Espírito Santo para que o jovem capixaba, admirado pelo adolescente, também seja ouvido.
Não há data ou mais informações sobre o interrogatório sugerido pelo delegado nesta terça (27). A reportagem de A Gazeta perguntou à Polícia Civil do Espírito Santo sobre o procedimento. A matéria será atualizada assim que houver um retorno.
O adolescente de 14 nos responsável pelo ataque armado foi baleado durante o ataque. Ele, portanto, está internado e apreendido pela polícia. Segundo Rivaldo Luz, o inquérito da apreensão deve ser finalizado ainda nesta terça (27) e encaminhado ao Ministério Público do Estado com o pedido de internação do adolescente.
O ataque em Barreiras aconteceu na segunda (26), mas antes disso, após o ataque em Jardim da Penha, o adolescente se manifestou pelas redes sociais. De acordo com o delegado da Bahia, o adolescente comemorou a invasão à escola municipal Éber Louzada Zippinotti, em Vitória.
"As mensagens fazem parte da investigação. O que eu posso dizer é que o estava no Twitter, aberto. O adolescente comemorou o ato do jovem, comentou depois. Prenunciou que iria acontecer uma coisa no outro dia. E que provavelmente a pessoa estaria morta. A gente sabe que tem uma relação, mas ainda muito embrionária. Necessita e carece de muita investigação", diz o delegado.
O jovem de 18 anos nvadiu a escola, mas foi detido minutos depois. Ele está preso desde então e foi transferido na última quarta (21) para o Centro de Detenção Provisória de Guarapari.
Apesar das semelhanças entre as duas invasões que aconteceram em um intervalo de 40 dias, Rivaldo Luz comenta que o uso de uma arma de fogo na segunda ocorrência gerou maior letalidade, provocando pânico aos que estavam na escola. O jovem capixaba estava com armas brancas.
"O adolescente aqui [na Bahia] tinha uma arma de fogo, o que causa um poder de letalidade muito maior. Quando ele começou a atirar, causou um pânico muito grande no colégio e possibilitou a entrada dele no colégio sem nenhum tipo de dificuldade. No caso do jovem capixaba, não tinha arma de fogo. O que talvez ajudou a facilitar que ele fosse contido", avalia.
Segundo o delegado, o adolescente na Bahia encontrou a aluno, uma pessoa com deficiência, de forma "bastante vulnerável". "Ficou fácil para ele cometer o crime", diz Rivaldo Luz. O autor do crime usou uma arma do pai, que é policial. O responsável disse na delegacia que não sabia que o filho conhecia o local onde era armazenada a arma.
Durante as investigações, a Polícia Civil da Bahia pretende monitorar as redes sociais dos alunos e ter maior contato com as redes municipal e estadual de educação na tentativa de evitar que novos ataques aconteçam. A conta do adolescente baiano no Twitter, onde comemorou a invasão no Espírito Santo, foi suspensa e só a polícia tem acesso aos conteúdos.
Em relação ao crime na Bahia, a Polícia Civil baiana informou que o adolescente estava matriculado na escola, mas não frequentava as aulas. As aulas na escola municipal Eurides Sant'Anna foram suspensas por uma semana. A Prefeitura de Barreiras lamentou o caso e informou que oferece assistência aos estudantes e familiares.
A Gazeta não vai publicar detalhes sobre o ataque e sobre o autor seguindo recomendações de especialistas, em atenção ao chamado “efeito contágio”.
Para os estudiosos, quando a mídia publica esse tipo de informação, aumenta a possibilidade de imitadores do ato, em busca de visibilidade e notoriedade. Este é geralmente um dos objetivos dos agressores, que passam a ser idolatrados por outros indivíduos propensos à promoção de novos massacres.
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