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Polícia investiga 15 pessoas por desvio milionário na Santa Casa de Vitória

Polícia investiga 15 pessoas por desvio milionário na Santa Casa de Vitória

Entre os investigados estão seis pessoas que também atuavam no hospital e teriam recebido rendimentos de até R$ 80 mil, considerando as gratificações que eram irregularmente acrescentadas ao salário

Publicado em 27 de setembro de 2021 às 15:37

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Delegado Janderson Lube (à esquerda), da Diretoria Estadual de Combate à Corrupção, e delegado João Calmon (à direita), da Superintendência de Inteligência e Ações Estratégicas da PC
Delegado Janderson Lube (à esquerda), da Diretoria Estadual de Combate à Corrupção, e delegado João Calmon (à direita), da Superintendência de Inteligência e Ações Estratégicas da PC. (Rafael Silva)

A Operação RH, que investiga uma fraude que gerou um prejuízo de cerca de R$ 1 milhão aos cofres da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, identificou 15 pessoas que podem estar envolvidas no esquema. Duas delas têm mandados de prisão expedidos. A Polícia Civil já prendeu o ex-gerente de Recursos Humanos da Santa Casa Jasiel Souza Câmara, na sexta-feira (24). Ele foi encontrado no sítio que, de acordo com as investigações, teria sido reformado com os recursos da fraude.

Jasiel é apontado como o mentor do esquema. Além dele, a Polícia Civil está à procura de um comparsa, um construtor de Marechal Floriano que teria sido o intermediário. Segundo as investigações, ele teria indicado para o ex-gerente sete laranjas que emprestaram seus nomes para forjar contratações pela Santa Casa.

As sete pessoas tinham envolvimento familiar e pessoal com o construtor, que é considerado foragido. A Polícia Civil esteve na casa do acusado, em Marechal Floriano, na sexta-feira, quando foi deflagrada a operação, mas ele não foi encontrado. Os laranjas ainda serão ouvidos pelo delegado responsável pelo caso, Janderson Lube, da Diretoria Estadual de Combate à Corrupção (Decor).

"Esses sete funcionários fantasmas nunca prestaram serviço para a Santa Casa. O ex-gerente se aproveitou da pandemia, em que muitos estavam em home office, o que dificulta que os diretores vejam quem está trabalhando ou não. Com isso, demoraram para notar os funcionários fantasmas. O salário deles variava entre R$ 19 mil e R$ 25 mil, assim como também variava o percentual que era repassado ao ex-gerente, que era entre 80% e 90%", afirma Janderson.

Jasiel Câmara, ex-gerente de RH da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, preso pela Polícia por suspeita de estelionato e falsidade ideológica
Jasiel Câmara, ex-gerente de RH da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, preso pela Polícia por suspeita de estelionato e falsidade ideológica. (Reprodução/Youtube)

COLEGAS DE SETOR RECEBIAM ATÉ R$ 80 MIL EM GRATIFICAÇÕES

Além dos sete funcionários apontados como fantasmas, outros seis servidores do setor de Recursos Humanos, que trabalhavam com Jasiel Câmara, também serão  ouvidos pela polícia. Segundo Lube, eles estariam recebendo diversas gratificações – como insalubridade e horas extras – sem a ciência dos diretores da Santa Casa. Com os benefícios, os salários chegavam a até R$ 80 mil.

Dos seis servidores, alguns foram demitidos em setembro de 2020, quando a Santa Casa descobriu o rombo. Outros ainda estão atuando pela instituição. O número de demitidos não foi divulgado. De acordo com o delegado, há indícios que eles recebiam essa quantia e repassavam parte dela para Jasiel. Se comprovado o repasse, eles também poderão responder por estelionato e falsidade ideológica.

ACUSADO DESVIOU R$ 673 MIL EM ESPÉCIE DA SANTA CASA

Além das nomeações de fantasmas e distribuição de gratificações de forma ilegal a colegas de setor, o ex-gerente também teria desviado R$ 673 mil em espécie do caixa da Santa Casa. De acordo com o delegado, o funcionário ocupava cargo de confiança na instituição e trabalhava desde 2015 nos Recursos Humanos da irmandade. Por conta disso, ele tinha acesso ao dinheiro que era recebido pela instituição.

"Essa foi a primeira irregularidade que nós identificamos, que começou em janeiro de 2019. Só deste desvio foram subtraídos R$ 673 mil. O ex-gerente responderá pelos crimes de estelionato e falsidade ideológica. Ele foi preso na sexta-feira, após uma longa investigação em que buscamos rastrear para onde esse dinheiro ia e de onde ele vinha. O esquema foi descoberto pela própria instituição, em setembro de 2020, que o demitiu e denunciou o caso à Polícia Civil. Ele era funcionário desde 2015 e já tinha atuado em outros hospitais, como o Jayme dos Santos Neves e o Hospital Evangélico. Por enquanto, não há indícios de irregularidades nesses outros locais", conta o delegado.

De acordo com Janderson Lube, não há, por enquanto, indícios do uso direto de verbas públicas - que a Santa Casa de Misericórdia de Vitória recebe para o atendimento ao SUS -, no esquema desenvolvido pelo ex-gerente. A irmandade é uma das instituições mais antigas do Espírito Santo, fundada em 1545, pelo então donatário da capitania capixaba, Vasco Fernandes Coutinho.

Santa Casa de Misericórdia de Vitória: instituição foi fundada em 1545, por Vasco Fernandes Coutinho
Santa Casa de Misericórdia de Vitória: instituição foi fundada em 1545, por Vasco Fernandes Coutinho. (Reprodução/Facebook)

O QUE DIZ A DEFESA DE JASIEL

O advogado de Jasiel Souza Câmara no caso, Daniel Alves, disse que o ex-gerente prestou depoimento na sexta-feira (24), quando foi preso e que a defesa vai mostrar durante o decorrer do processo que os fatos não são como o que foram divulgados pela Polícia Civil.

"O que podemos dizer é que ele prestou um depoimento importante e esclarecedor para a Polícia Civil na sexta-feira. Não posso passar mais detalhes porque a investigação ainda está sob segredo de Justiça", afirmou.

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