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Polícia investiga crime de latrocínio em caso de PM morto em bar de Vitória

Polícia investiga crime de latrocínio em caso de PM morto em bar de Vitória

A princípio, a polícia descarta que o caso seja uma execução, mas ressalta que a linha de investigação pode mudar a partir dos depoimentos de outros envolvidos

Publicado em 21 de fevereiro de 2022 às 11:56

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Sargento Marco Romania
Sargento Marco Romania. (Reprodução rede social)

Polícia Civil trata como latrocínio - ou seja, roubo seguido de morte - o caso do assassinato do sargento da Polícia Militar, Marco Romania, que aconteceu no bairro Joana D'arc, em Vitória, na última quarta-feira (16). O delegado Brenno Andrade, da divisão de Repressão aos Crimes Contra o Patrimônio (DRCCP), ressaltou, porém, que a linha de investigação pode mudar a partir da prisão dos outros investigados no crime.

Brenno Andrade argumentou que os dois envolvidos no caso, que foram detidos até o momento, - o motorista do carro utilizado para fuga no crime e um adolescente - alegaram que iriam roubar uma distribuidora de bebidas em Cariacica, que estava fechada. Eles, então, rodaram por vários bairros procurando um estabelecimento para ser alvo, até que se depararam com o bar em Joana D'arc.

"Eles alegam que foram fazer um assalto em uma distribuidora de bebidas em Cariacica, esse depósito estaria fechado, então eles começaram a rodar procurando um estabelecimento comercial, encontraram um em Joana D’arc e efetuaram o roubo. Em um primeiro momento, causou estranheza a participação de cinco indivíduos em um roubo de um bar pequeno, com poucas pessoas dentro, mas, neste momento, a gente trabalha com a hipótese de latrocínio", contou o delegado.

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Desde o primeiro momento, eles alegam que seria um roubo e o fato não teria acontecido com relação ao exercício da função do policial militar. O caso concreto hoje é de que se trata de um latrocínio, não uma execução. Mas essa afirmação só saberemos ao final do inquérito policial após prender todos os criminosos

Brenno Andrade
Delegado da divisão de Repressão aos Crimes Contra o Patrimônio (DRCCP)
Aspas de citação

De acordo com Brenno Andrade, o adolescente apreendido pela Polícia Civil assumiu a autoria dos disparos contra o sargento Romania. O delegado pontuou, porém, que a polícia ainda investiga se ele de fato teve envolvimento no crime ou se foi utilizado como uma espécie de "bode expiatório". Ele afirmou que todos os investigados foram identificados e têm passagem na polícia por roubo.

"A Polícia Civil vai identificar se esse menor realmente esteve no local ou se ele foi apresentado como uma desculpa para tentar tirar a responsabilidade criminal dos outros maiores. A polícia tem a identificação dessas outras pessoas. Então, a polícia oportuniza essas outras pessoas que se apresentam à polícia através de um advogado, através dos familiares. Vamos prendê-los, é questão de tempo", argumentou o delegado.

Arma utilizada no crime (esquerda) e arma do sargento (direita) foram entregues à polícia
Arma utilizada no crime (esquerda) e arma do sargento (direita) foram entregues à polícia. (Daniel Pasti)

Segundo Brenno Andrade, o adolescente narra que houve uma confusão que culminou na morte do sargento. Ele ressaltou, porém, que o depoimento do menor ainda será comparado aos depoimentos do motorista preso, das testemunhas e dos outros envolvidos, quando forem detidos. 

"A versão dele tem que ser confrontada com a das testemunhas, com a do motorista e com os outros indivíduos que vão ser presos. Ele fala que teria sido responsável pelos disparos, que teria acontecido um embate com o policial militar, mas a polícia tem que ver os detalhes. A alegação dele é que houve uma confusão, que ele teria percebido que o policial estava esboçando uma reação e atirou", detalhou o delegado.

ENVOLVIDO EM SEQUESTRO DE JUIZ

Um dos envolvidos na morte do sargento Romania, ainda conforme Brenno Andrade, também tem participação no sequestro de um juiz de 74 anos, ocorrido no último dia 8. O delegado relatou que os criminosos apontaram uma arma contra o juiz e que pediam que ele entregasse a arma dele.

"Um desses criminosos identificados, no início do mês de fevereiro, participou do roubo de um veículo de um magistrado aqui do Espírito Santo. Esse magistrado ficou em posse desses criminosos por aproximadamente uma hora e o relato da vítima é bem aterrorizante. A todo o momento os criminosos apontavam a arma para ele e solicitavam que o magistrado entregassem a arma dele", disse.

Polícia investiga crime de latrocínio em caso de PM morto em bar de Vitória

Na ocasião, o juiz foi sequestrado por dois homens armados ao deixar uma agência do Banco do Brasil. De acordo com informações que constam do boletim de ocorrência do Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes), o juiz tinha acabado de sair do local de trabalho para ir ao banco.

Também segundo boletim, o magistrado teve o veículo Etios Sedan roubado, bem como um celular, documentos pessoais e R$ 700 em espécie. Ele foi conduzido pelos suspeitos sob ameaças e arma de fogo até o bairro Joana D'arc, em Vitória, onde foi liberado.

CARRO IDENTIFICADO PELO CERCO INTELIGENTE DA GUARDA

A prisão do homem identificado como Antônio Marcos Teixeira, que dirigia o carro utilizado para fugir do local do crime, aconteceu depois que o veículo foi identificado pelo cerco inteligente da Guarda Municipal. Segundo o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, o carro foi identificado, inserido no sistema de segurança da prefeitura e, a partir disso, monitorado pela corporação.

"Identificamos um veículo suspeito e a placa desse veículo foi inserida no sistema de controle de tráfego da cidade, o cerco inteligente de segurança. Na tarde de sexta-feira (18), esse veículo foi visto trafegando pela cidade de Vitória. As equipes da guarda foram acionadas e, imediatamente, iniciou um trabalho de perseguição. O veículo foi localizado na praça de Itararé. As força de segurança foram acionadas e foi feita a detenção desse suspeito, quando retornava ao veículo", narrou o prefeito.

Um vídeo divulgado pela Guarda Municipal mostra o veículo, de cor prata, sendo acompanhado pelo sistema de segurança do cerco inteligente. Assista abaixo:

"NÃO OCORRERÁ NO ES O QUE OCORRE EM OUTROS ESTADOS DO PAÍS"

O coronel Douglas Caus, comandante-geral da Polícia Militar no Espírito Santo, ressaltou que a corporação vai promover um esforço maior para que os envolvidos na morte do sargento sejam presos. Segundo o comandante-geral, o foco dos agentes será a região do Bairro da Penha.

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Não ocorrerá no Espírito Santo a mesma coisa que ocorre em alguns estados do país, onde agentes de segurança são perseguidos e mortos. Aqui no Estado, a resposta vai ser rápida, imediata e, se for necessário, usando a mão forte dos agentes da segurança pública

Douglas Caus
Comandante-geral da Polícia Militar no Espírito Santo
Aspas de citação

"As nossas tropas especializadas, Força Tática, BME, BAC, todas elas estão operando nos locais onde esses indivíduos têm endereços indicados. Nós vamos sufocar todo o complexo da Penha, porque esses indivíduos são oriundos dessas regiões, até que eles se entreguem", disse.

O CRIME

O sargento da PM estava em um bar de Joana D'arc, na Capital, quando foi baleado por bandidos, na noite da última quarta-feira (16). Segundo o secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho, o militar foi atingido por três disparos: um no pescoço, um na cabeça e outro na nuca.

Uma câmera de videomonitoramento de um comércio na região flagrou o momento em que suspeitos fugiram do bar. As imagens auxiliam a polícia nas investigações. Assista:

 O QUE DISSE  A PM

"Por volta das 23h desta última quarta-feira (16), a Polícia Militar foi acionada para verificar uma ocorrência de latrocínio no bairro Joana d'Arc, em Vitória. No local, foi constatado que um homem, que era um sargento da PM, havia sido alvejado pelos criminosos. O socorro chegou a ser acionado, mas a vítima teve o óbito confirmado no local do fato pelo Samu.

Segundo testemunhas, dois indivíduos armados invadiram o bar exigindo que todos os presentes no estabelecimento fossem para a cozinha. No entanto, enquanto os demais obedeciam às ordens, o PM seguiu para outro cômodo, uma despensa. Neste momento os criminosos teriam feito algumas indagações ao militar e, em seguida, realizado os disparos que alvejaram a vítima. Os criminosos evadiram-se em um veículo sem levar nada do estabelecimento. Buscas foram realizadas, mas os suspeitos não foram localizados no momento do fato. A ocorrência foi encaminhada à Polícia Civil para investigação".

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