A Estrada de Ferro Leopoldina, que está desativada, vêm sendo alvo da ação de criminosos em Vargem Alta, na região Serrana do Espírito Santo, e em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado. A Polícia Civil informou que investiga quatro furtos de trilhos neste ano – dois em cada município. O caso mais recente foi registrado no último dia 15.
A Prefeitura de Vargem Alta acredita que os furtos tenham sido cometidos por uma quadrilha especializada, que estaria agindo na região. "Provavelmente a operação é realizada à noite e o local é afastado de residência e de fácil acesso", comunicou a administração municipal após o caso registrado no município no dia 15 de julho deste ano.
Somente nesta última ação, foram arrancados cerca de 300 metros de trilhos na localidade de São Benedito, que fica a oito quilômetros do Centro de Vargem Alta.
De acordo com a apuração da TV Gazeta Sul, ainda não se sabe como os trilhos foram retirados, mas na estrada de acesso que fica próxima ao local foram encontrados parafusos soltos, parecendo terem sido cortados.
Esse tipo de crime não ocorreu somente em Vargem Alta. No ano passado, as locomotivas que ficam na localidade de Morro Grande, em Cachoeiro de Itapemirim, também foram alvos de furtos.
A Polícia Civil disse que atualmente investiga quatro ocorrências de furtos de trilhos: duas em Vargem Alta e outras duas em Cachoeiro de Itapemirim. Durante o mês de julho, quando o último crime do tipo foi registrado, policiais encontraram trilhos em um ferro-velho em Guarapari. Todo o material apreendido pertence à empresa responsável pela ferrovia.
Em nota, a empresa A VLI, controladora da Ferrovia Centro-Atlântica (conhecida como Ferrovia Leopoldina), comentou que está ciente do acontecimento e que as autoridades de segurança pública já atuam no caso.
"A companhia informa que seus ativos são monitorados e que, quando constatadas ocorrências do gênero, aciona as polícias Civil e Militar para que seja feita a devida investigação, visando, sempre que possível, a recuperação dos bens subtraídos e que os responsáveis respondam judicialmente por seus atos", disse a empresa, em nota.
A Polícia Civil foi questionada pela reportagem de A Gazeta para informar se suspeita que os furtos em ambos municípios estejam sendo praticados por um quadrilha e se há alguma ação para identificar os criminosos. Contudo, explicou que não há informações que possam ser divulgadas pela corporação.
"A Polícia Civil informa que os casos seguem sob investigação e não há atualizações que possam ser divulgadas. A Polícia Civil destaca que a população tem um papel importante nas investigações e pode contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas, o disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas", divulgou, em nota.
Mesmo desativada há cerca de cinco anos, a estrada de ferro faz parte da história do Estado. A aposentada Ângela Maria de Almeid, moradora de Vargem Alta, contou que já andou muito de trem por ela. “Eu ia para Vargem Alta de trem e, quando era criança, corria com medo”, lembrou, em entrevista à TV Gazeta Sul.
Em Cachoeiro de Itapemirim, os trilhos foram arrancados em alguns pontos das localidades de Cobiça e Soturno. O grupo de voluntários "Amigos da Ferrovia ES" tem cuidado do trecho há quatro meses para tentar garantir a preservação da história da linha de ferro. “O intuito é preservar o que ainda resta e cuidar do patrimônio que é histórico”, informou à reportagem.
De acordo com o grupo, o furto na ferrovia em Cachoeiro aconteceu em um dos trechos que é cuidado pelos voluntários, próximo ao km 496.
Com objetivo de manter viva a história da ferrovia centenária na região Sul do Estado, o grupo lamenta os furtos. "Ficamos muito tristes com toda essa situação, porque foram depositados ali muito esforço da equipe", disse um dos voluntários.
Para o grupo, é preciso que as pessoas colaborem e ajudem a salvar a história de 112 anos. "Nossa região possui um potencial turístico enorme, que poderia estar sendo aproveitado e cuidado. Nosso trecho é um dos mais belos do Brasil", afirmou.
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