Uma equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, será responsável por investigar a morte de Kevinn Belo Tome da Silva, de 16 anos, que morreu após esperar quatro horas por um leito de UTI no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha. O caso aconteceu entre a noite de sexta (29) e a manhã deste sábado (30).
O início da investigação foi informado, em nota, pela Polícia Civil, que confirmou o registro de um boletim de ocorrência feito pela família do adolescente.
Kevinn estava dentro de uma ambulância que saiu de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, onde ele morava com a família. Ele começou a passar mal na última terça (26) e foi levado a um Pronto Atendimento da cidade no dia seguinte. Com o agravamento do quadro, o adolescente de 16 anos foi internado.
Conforme explicado por uma tia, ele sentia dores no lado esquerdo do corpo, tinha a respiração muito ofegante e não conseguia se levantar.
Na sexta-feira (29), Kevinn foi transferido para o atendimento na Grande Vitória, onde uma vaga já estava reservada. A ambulância saiu de Cachoeiro de Itapemirim por volta das 22h30 e chegou ao Himaba, em Vila Velha, aproximadamente meia-noite e meia . De acordo com a família, os médicos da ambulância prestaram o apoio possível e até pediram uma vaga em outro hospital, caso não fosse possível acolhê-lo no Himaba.
Em um vídeo gravado por um parente de Kevinn dá para ouvir a médica explicando que o caso do adolescente era considerado “gravíssimo”. No trajeto entre Cachoeiro de Itapemirim e Vila Velha, Kevinn teve duas paradas cardíacas.
Primo dela, o pastor Antônio Marcos Santana da Silva classificou o episódio como desumano. “Eu vi os médicos tentando salvar uma vida e indagando por que ninguém do hospital deu satisfação. Só quando ele começou a ter a última parada cardíaca é que chamaram a mãe dele para fazer o prontuário”, revelou.
Após horas de espera, revolta e a perda do adolescente, os familiares registraram um boletim na Delegacia Regional de Vitória na manhã deste sábado (30).
Em entrevista à TV Gazeta, o diretor do Himaba admitiu que o hospital estava com o leito de UTI disponível para atender o adolescente, mas não citou negligência. De acordo com Fábio Diehl, o caso está sendo apurado e será levado para a Polícia Civil e para o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES).
“Estamos consternados com o fato e nos solidarizamos com a família, para a qual estamos dando todo o suporte. Tínhamos a vaga confirmada, equipamentos e equipe à disposição. Estamos apurando o ocorrido e vamos ouvir todas as pessoas envolvidas para tomar as medidas cabíveis”, garantiu.
Procurado pela reportagem da TV Gazeta, o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) informou que vai abrir sindicância para apurar as responsabilidades no caso da morte de Kevinn, de 16 anos.
Após a morte de Kevinn Belo Tome da Silva, de 16 anos, a reportagem de A Gazeta procurou a Secretaria de Estado da Saúde para entender o que aconteceu no local e por qual motivo a vaga disponível e garantida não foi ocupada pelo adolescente. A seguir você confere o que foi perguntado para a Sesa.
1 - O hospital só transfere quando tem vaga garantida. Que tipo de vaga foi garantida?
2 - Por que ele ficou 4 horas esperando?
3 - Quem tem que receber o paciente quando ele chega? Tinha médica de plantão na hora?
4 - Quem era? Por que ela não recebeu?
5 - Por que nenhum funcionário apareceu lá na ambulância?
6 - Houve um novo contato para tentar transferir o menino para outro hospital. O que aconteceu?
7 - Como funciona esse processo de transferência de um paciente, o passo a passo?
8 - Faltam vagas de UTI no Espírito Santo?
Além da Secretaria de Estado da Saúde, o Instituto Acqua, que administra o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), também foi questionado por A Gazeta. A reportagem perguntou, por exemplo, que tipo de vaga foi garantida, uma vez que o diretor disse que o hospital tinha "vaga confirmada" e "equipe à disposição".
1 -O hospital só transfere quando tem vaga garantida. Que tipo de vaga foi garantida?
2 - Por que ele ficou 4 horas esperando?
3 - Quem tem que receber o paciente quando ele chega? Tinha médica de plantão na hora?
4 - Quem era? Por que ela não recebeu?
5 - Outra pessoa não poderia ter tomado alguma atitude a respeito para que o adolescente não ficasse desassistido pelo hospital?
6 - Por que nenhum funcionário apareceu lá na ambulância?
Após a publicação da reportagem, a Sesa enviou uma nova nota, afirmando que duas médicas foram afastadas das funções na unidade e que o caso foi registrado na polícia. Veja na íntegra.
A direção do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) lamenta profundamente o falecimento do adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva e informa que registrou ocorrência policial contra o que considera flagrante negligência médica por parte dos profissionais plantonistas. Destaca também que as duas médicas foram afastadas de suas funções.
A direção informa ainda que na segunda-feira fará representação junto ao Conselho Regional de Medicina para que a conduta das profissionais envolvidas seja devidamente avaliada. E reafirma que o HIMABA estava preparado para receber o paciente, com disponibilidade de leito, profissionais e equipamentos necessários ao atendimento.
A instituição considera inadmissível negligência em qualquer atendimento, já que a premissa do hospital é garantir acolhimento e assistência a todos os pacientes. E informa que garantirá toda assistência necessária à família do jovem Kevinn.
A Sesa enviou uma nova nota sobre o caso, onde cita negligência médica e informa que duas plantonistas foram afastadas das funções no hospital. A matéria foi atualizada.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta