A chacina na ilha Doutor Américo de Oliveira, na Baía de Vitória, e o atentado contra um carro de aplicativo, no Centro de Vitória, em que duas pessoas morreram, ocorreram em dias e horários diferentes. De comum, aparentemente, os dois crimes teriam apenas a Capital como cenário. Porém, o trabalho intenso da Polícia Civil considera uma ligação entre os casos, segundo fontes policiais ouvidas pela reportagem de A Gazeta.
No dia 4 de outubro, um carro de aplicativo de cor vermelha com cinco ocupantes foi interceptado por um veículo de cor branca, com três criminosos, na avenida Governador José Sette, no Centro, em plena luz do dia. Os bandidos efetuaram mais de 40 disparos contra o carro. Duas pessoas morreram: o motorista de aplicativo Adriano Ferreira do Amaral, 39 anos, e um dos passageiros, Kelvin Filgueiras da Silva, 28.
Seis dias antes, em 28 de setembro, cinco traficantes de Cariacica foram de barco até a ilha, executaram quatro jovens e deixaram dois feridos. Dos cinco criminosos, dois foram presos e outros três continuam foragidos.
Os dois casos estão sendo apurados pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória. O delegado à frente do caso, Marcelo Cavalcanti, não quis dar detalhes sobre o andamento das investigações. Porém, fontes ouvidas pela equipe de reportagem afirmam que uma forte hipótese para a motivação do crime no Centro seria vingança em decorrência da chacina da ilha Doutor Américo de Oliveira.
A Gazeta já detalhou, com exclusividade, que a Chacina teria sido consequência de uma briga entre facções criminosas que atuam no Espírito Santo. Na época, o delegado Marcelo Cavalcanti, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, explicou a situação.
"As investigações apontam que os autores eram do tráfico do Morro do Quiabo, em Cariacica, e que possuem ligação com uma organização criminosa que atua na Grande Vitória. A princípio, consideramos que os assassinos acreditavam que esse grupo de amigos estivesse ligado ao PCV, mas mataram um monte de gente inocente", descreveu.
A sigla PCV, citada pelo delegado, é referente ao Primeiro Comando de Vitória, facção que tem sua base no Bairro da Penha, em Vitória, e ramificações em diversas cidades do Espírito Santo. A facção conta com força armada conhecida como Trem-Bala, criando ou tomando pontos de venda de drogas, além de manter relações comerciais de drogas com os traficantes aliados dessas localidades.
Já a organização criminosa com aliança com o tráfico do Morro do Quiabo, à qual o delegado se refere, seria a chamada Associação Família Capixaba (AFC), que atualmente tenta fazer frente ao PCV e possui como base o bairro Mucuri, em Cariacica.
A Família Capixaba, porém, também apresenta ramificações no bairro Porto Novo, Morro do Quiabo e Zumbi dos Palmares, em Cariacica; além do Morro da Bomba, Sagrada Família e Pedra dos Búzios, em Vila Velha; e Ilha do Príncipe, em Vitória, segundo fontes policiais militares e civis.
Quanto ao Centro de Vitória, a polícia ainda não explicou detalhadamente como os criminosos chegaram ao carro das vítimas, que vinham da Praia da Costa, em Vila Velha. No dia, duas pessoas morreram, um jovem foi baleado e outro saiu ileso. Porém, apura-se que seria um revide à morte dos jovens da ilha.
O crime possui outras lacunas ainda não preenchidas, como qual a relação entre as vítimas do Centro de Vitória com as da chacina e como as facções do crime anterior influenciaram neste caso.
O carro usado pelos criminosos no atentado no Centro de Vitória foi localizado no dia seguinte, no bairro Praia do Canto, em Vitória. "É uma tentativa de esfriar a situação", explicou o delegado Marcelo Cavalcanti. Ou seja, como a polícia procurava pelo veículo desde o domingo, eles deixaram em um local distante da cena do crime para que, após fosse encontrado, a polícia tivesse que começar do zero as buscas.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta