As Polícias Civil e Militar estão investigando um vídeo de um homem fortemente armado ameaçando invadir duas regiões de Vitória. A imagem está circulando nas redes sociais com a mensagem de que seria um criminoso do Rio de Janeiro. Por enquanto, nenhum suspeito foi localizado.
No vídeo, o homem que não mostra o rosto exibe uma arma longa. Com um colete, ele exibe a arma e ameaça: "Qualquer dia nós vai tá (sic) pulando aí. Alagoano e Piedade. Tropa da nove. Pode passar a visão que Vitória vai virar tudo dois. Nós tá (sic) por perto. Vai seguir aí, vai ficar tudo dois aí em Vitória".
ASSISTA
Na linguagem do crime, "nós vai estar pulando aí" significa que eles irão chegar, nesse contexto, em Vitória. A gíria "passar a visão" significa "pode explicar" ou, nesse caso, "pode avisar". Já a expressão "tudo dois", significa que está tudo tranquilo. Junto com o vídeo que está sendo repassado nas redes sociais há ainda a mensagem de que seria um criminoso do Rio de Janeiro.
Procuradas, as polícias Civil e Militar informaram por nota que as inteligências monitoram atividades criminosas em todos os ambientes. "O trabalho é realizado de modo sigiloso, o vídeo já é alvo de investigações e há ações para identificar o suspeito nas imagens".
A nota completa ainda que a população pode fazer denúncias no Disque-Denúncia, através do telefone 181, com a garantia de sigilo. Denúncias também podem ser feitas pelo site do órgão, onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas.
ENTENDA A GUERRA DO TRÁFICO NOS MORROS
Morro do Alagoano
Em agosto deste ano, criminosos ligados ao Complexo da Penha iniciaram uma sequência de ataques ao Morro do Alagoano, na região da Grande Santo Antônio, na tentativa de tomar o controle do tráfico de drogas do local. Moradores relataram trocas de tiros intensas durante quase uma semana. Em uma das ações, a Polícia Militar chegou a entrar na comunidade e um criminoso foi baleado durante confronto. Na tentativa de não deixar a situação na Piedade se repetir, a Secretaria de Segurança do Estado (Sesp), aumentou o número de policiais militares no local, a chamada saturação, e inibiu os ataques frequentes. Até mesmo uma base da PM foi cogitada no campo do morro, mas até o momento a presença dos militares na comunidade ficou somente na promessa.
No caso dos bairros Alagoano e Caratoíra, uma das investidas parte dos traficantes do Complexo da Penha, conjunto de bairros no entorno do Bairro da Penha. É lá que está instalado o PCV (Primeiro Comando de Vitória). O grupo tem relação com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, segundo o Ministério Público. No outro lado da disputa está um grupo de traficantes rejeitados, expulsos do Alagoano por Gu, líder do tráfico no morro que depois foi assassinado. Eles se uniram a bandidos vizinhos do morros do Cabral, do Quadro e de Bela Vista.
Morro da Piedade
Tudo começou no dia 25 de março deste ano, quando bandidos armados invadiram o morro, procurando pelo chefe do tráfico de drogas no local. No caminho, tentando obter informações, acabaram entrando na residência dos irmãos Damião Marcos Reis, 22, e Ruan Reis, 19, que foram brutalmente assassinados a tiros, por não saberem o paradeiro do rival. Eles eram inocentes e não tinham nenhum tipo de envolvimento com a venda de drogas.
No dia 28 de maio o jovem Lucas Teixeira Verli, de 19 anos, foi morto com mais de 15 tiros durante outro ataque ao Morro da Piedade. Um bando formado por cerca de 20 pessoas encapuzadas entrou no local atirando em quem estivesse pela frente. No total, mais de 60 cápsulas de munição foram recolhidas pela polícia.
No dia 10 de junho, os criminosos invadiram a comunidade mais uma vez, para causar terror entre os moradores. O saldo foi a morte de Walace de Jesus Santana, apontado como braço direito do "dono" do morro, João Paulo Ferreira Dias, o JP. Após o homicídio, a família dele foi expulsa da Piedade e teve a casa incendiada.
No dia 12 de julho a polícia prendeu JP e a irmã, Elisângela Ferreira Dias, 25, em Viana. Em 17 de julho, a Polícia Civil ainda anunciou a prisão de vários membros da quadrilha que tentava tomar o tráfico de drogas da família Ferreira Dias. Os acusados eram Alan Rosário de Oliveira, o pai dele, Aladir de Oliveira Filho, Rafael Batista Lemos, Renato Correia Ramos, o irmão dele, Leandro Correia Ramos, Flávio Sampaio, Gustavo Batista Lemos, Bruna Lemos Souza, prima dele, e Célia Nilza Wanzeller. Segundo as investigações, todo o poderio bélico do grupo foi fornecido pelos criminosos do Complexo da Penha.
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