A Polícia Civil concluiu o inquérito e colocou atrás das grades os três envolvidos no assassinato do agente socioeducativo Washington Luiz de Oliveira Castro Júnior, de 37 anos, morto a tiros no dia 14 de maio de 2020, no bairro José de Anchieta, na Serra. O crime ocorreu no período da tarde, quando a vítima deixava a casa de familiares. Ao entrar no veículo, o colaborador do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) teve o automóvel cercado por um homem e foi alvejado com pelo menos dois disparos.
Na tentativa de se defender, Washington colocou a mão em frente ao rosto, mas o tiro o atingiu na cabeça. Pouco após ser atingido, ele foi levado às pressas para uma unidade de saúde pelo próprio irmão, porém não resistiu aos ferimentos.
Na manhã desta quinta-feira (14), o delegado Rodrigo Sandi Mori, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa da Serra, em coletiva, apresentou o resultado das investigações, que resultou na prisão dos suspeitos.
Segundo o chefe da DHPP, o primeiro dos três detidos foi Maykson Motin da Conceição, de 27 anos. De acordo com o delegado, "Sabiá" foi o mentor do crime e deu cobertura ao executor. Ele foi detido em cumprimento de mandado de prisão no dia 14 de dezembro, em uma frente da Operação Caim, realizada no bairro Santa Marta, em Vitória.
Com o prosseguimento das investigações e com uma prisão efetuada, a PC chegou até João Emanuel da Conceição Caetano Alves, de 23 anos, que é primo de Maykson. As investigações apontaram que foi ele quem puxou o gatilho e atirou contra o agente. "Nego João", como é conhecido, foi preso no dia 17 de dezembro.
Por fim, nesta quarta-feira (13), a Polícia Civil chegou até Luiz Henrique Ribeiro Dias, de 23 anos, que, de acordo com o trabalho investigativo da PC, foi quem monitorou e indicou ao atirador qual era o carro dirigido pela vítima.
Na coletiva, o delegado explicou que Whashington foi morto por uma desavença antiga entre a vítima e um dos envolvidos. Maykson, que coordenava o tráfico na área na época, foi ao lava-jato de propriedade do agente socioeducativo e, armado com um revólver calibre 38, ordenou que ele fechasse o empreendimento, pois estava atrapalhando o comércio de entorpecentes.
"Há 10 anos, a vítima era dono de um lava-jato em José de Anchieta e o local era bastante frequentado por agentes da segurança pública. Essa constante movimentação de pessoas ligadas à área da segurança começou a atrapalhar o tráfico de drogas do bairro, na época chefiado pelo "Sabiá", então com 17 anos. Eles entraram em luta corporal e o Washington expulsou o Maykson de lá na ocasião. Desde então ficou um clima acirrado entre os dois, sendo que um ficava ameaçando o outro constantemente", explicou Sandi Mori.
No dia do crime, ressaltou o delegado, os primos saíram de Vitória, onde moravam, foram até o bairro José de Anchieta e lá se encontraram, pela manhã, com o terceiro envolvido, Luiz Henrique. No bairro, eles decidiram por matar o agente do Iases porque já sabiam que Washington iria até lá para receber alguns aluguéis e também visitar os parentes.
Maykson então espalhou olheiros pelo bairro para que eles avisassem o trio sobre momento em que a vítima chegasse. Com a confirmação de que Washington estava na área, o executor se posicionou em uma escadaria próxima da casa onde estava o alvo à espera dele. Quando o agente deixou a casa, João Emanuel foi em direção ao veículo e abriu fogo, o atingindo com dois disparos.
Após os tiros, Maykson foi até o local do crime e tentou pegar o revólver do agente socioeducativo, mas não conseguiu porque a arma estava na cintura da vítima e também devido à aglomeração de pessoas no entorno do veículo.
Ainda segundo o delegado, Luiz Henrique confessou participação no assassinato e admitiu que foi ele quem passou as informações sobre o veículo da vítima. Ele também confirmou a coautoria dos primos. Já Maykson negou ter participado da execução e responsabilizou João pela morte do agente, que, por sua vez, também negou e acusou o primo. A polícia, entretanto, tem provas da participação do trio no caso.
O Chefe da Polícia Civil no Estado, José Darcy Arruda, classificou o crime como um ato de crueldade, perverso e realizado em uma emboscada contra um membro da segurança pública. O delegado-geral também informou que os três detidos já tinham passagens pela polícia por tráfico de drogas e roubo. Os três responderão agora por homicídio consumado, qualificado e com pena que pode chegar a 30 anos de detenção.
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