Com intuito de combater uma organização criminosa voltada a ofertar falsos cursos de mestrados, doutorado e, até, serviços de revalidação de diplomas emitidos no exterior, a Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio do Departamento Especializado de Investigações Criminais (DEIC), realizou a operação "Sem Efeito", no bairro Glória, em Vila Velha.
Além das buscas, foi determinada a suspensão da atividade econômica, o bloqueio de todas as contas bancárias da instituição financeira e dos sócios, além do bloqueio de veículos que possuírem. No total, quatro pessoas foram identificadas como parte da organização.
Foram apreendidos centenas de diplomas com nomes de estudantes, materiais utilizados para a confecção dos diplomas, dentre outros itens utilizados.
O titular da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (DEFA), delegado Alan Moreno de Andrade, explicou que as investigações tiveram início quando duas professoras procuraram a delegacia após descobrirem que os diplomas de ambas eram falsos.
Os criminosos começaram a agir no Espírito Santo após uma ação do Ministério Público do Rio Grande do Sul, em 2019 e 2021, que fechou um conglomerado de faculdades que vinham cometendo esse tipo de golpe. Esse conglomerado, inclusive, tinha um campus em Cariacica, fechado após a ação.
Um dos alunos deste campus viu uma oportunidade de aplicar o mesmo golpe em território capixaba. Ele teria montado um grupo e, de posse das informações sobre como funcionava o golpe, montou uma sede desses mesmos cursos em Vila Velha.
“Nós conseguimos informações do modus operandi lá (Rio Grande do Sul) e percebemos aqui no Estado que pessoas se apropriaram dessas aulas já gravadas no Estado para que continuasse a cometer o mesmo golpe no Espírito Santo. Ou seja, eles pegavam essas aulas e vendiam como se fosse curso de graduação, doutorado e mestrado”, explicou.
As duas professoras, que denunciaram o caso, se matricularam, no ano de 2016, na faculdade do Rio Grande do Sul. Assim que a instituição foi fechada, os golpistas informaram às vítimas que conseguiriam dar continuidade ao curso e, ainda, validar o diploma de ambas caso pagassem uma quantia de R$ 50 mil cada uma.
“Infelizmente, as duas pagaram, tiveram o diploma, que teve uma validação de uma faculdade do Estado de São Paulo. Apresentaram na secretaria de educação da Serra, que averiguou que os diplomas eram falsos e comunicou as professoras. Elas foram encaminhadas à delegacia. Fizemos as análises, fiz contato com a faculdade de São Paulo, que confirmou que nunca teve nenhum contato com a empresa do Espírito Santo”, disse o delegado.
Os criminosos tinham uma licença do Estado da Flórida, nos Estados Unidos (EUA), para ministrar um curso religioso naquele país. Se aproveitando dessa licença, eles vendiam, no Brasil, cursos de graduação na área de ciências sociais.
Para validar esses cursos, os criminosos usavam imagens de pessoas de outros países e criavam depoimentos falsos que ficavam na página da faculdade.
“Os cursos existiam, as aulas eram gravadas. As vítimas faziam dois a três anos de curso, mas no final, o diploma não valia de nada. Temos quatro pessoas identificadas, que se apresentam como proprietários da empresa. As buscas continuam, mas precisamos das vítimas, que vão até a delegacia denunciar", informou o delegado Alan Moreno de Andrade.
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