A pedido do Ministério Público, a Polícia Civil fará na tarde desta quarta-feira (14) a reconstituição do dia em que um policial militar deu um tapa no rosto de uma adolescente de 14 anos durante uma briga de trânsito. O caso aconteceu na Avenida Norte Sul, na Serra, em 16 de setembro de 2018.
O tapa foi registrado por passageiros que estavam dentro de um ônibus e causou revolta na época. A jovem e o pai, o empresário Odorico Donizeth Coelho, seguiam pela avenida quando o carro em que estavam colidiu com o carro do sargento Isaías Segades de Souza, de 50 anos. A batida gerou muita discussão e, em um dado momento, após levar um tapa da jovem no peito, o PM revidou com um tapa no rosto (veja no vídeo abaixo).
De acordo com Odorico, o Ministério Público expediu no dia 1 de agosto deste ano a determinação da reconstituição do registro do caso na delegacia, que acontece às 14 horas desta quarta-feira (14) na 3ª Delegacia Regional da Serra.
"O Ministério Público quer saber porque eu fui algemado na frente da minha filha, porque a deixaram horas e horas sem água e comida em um lugar inadequado para uma menor, enquanto era intimidada e maltratada. Um policial chegou a dizer que a culpa de tudo aquilo era dela. Pisotearam o Estatuto da Criança de do Adolescente (ECA) e rasgaram a constituição", afirmou.
Odorico afirmou, ainda, que pediu coletes balísticos para ele e a filha durante a constituição.
O CASO
Um internauta, que pediu para não ser identificado, voltava do trabalho no ônibus da empresa em que trabalha quando presenciou o que aconteceu. Ele contou, que após a batida, o policial já saiu do carro bastante alterado.
"Eu estava voltando do trabalho. O policial fechou esse carro e acabou tendo a colisão. O senhor saiu do carro e o policial já saiu do veículo dele armado, essa parte não deu para eu filmar. Achei que o policial só ia conversar, mas o policial já saiu alterado, agredindo o senhor. A menina rapidamente sai do carro também para proteger o senhor agredido. Ela começou a discutir com o policial e ele começou a empurrar ela também. Ela voltou falando para parar de bater no senhor e o policial foi e efetuou um tapa na cara da adolescente, contou.
O passageiro do ônibus contou ainda que não teve muito tempo para conversar com os envolvidos na confusão, pois o ônibus precisava seguir viagem. A atitude agressiva do PM gerou revolta e indignação em quem viu o cena.
"Rapidamente o pessoal desceu e trouxe a menina para dentro do ônibus. Não deu para saber ao certo o motivo, mas acredito que foi um motivo fútil, o senhor não estava bêbado", afirmou.
Na época, a reportagem tentou conversar com o o sargento Isaías Segades de Souza, que foi levado com as outras duas pessoas para a 3ª Delegacia Regional da Serra, mas ele disse que não estava autorizado a falar. O Gazeta Online também tenta contato com as outras duas pessoas envolvidas, na ocasião.
Na época a Polícia Civil respondeu, por meio de nota, que o pai da adolescente foi autuado por lesão corporal tentada e desacato à autoridade, e foi liberado após o pagamento de fiança. Já a adolescente, assinou Boletim de Ocorrência Circunstanciado por desacato à autoridade.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o policial militar também foi autuado e assinou um Termo Circunstanciado por abuso de autoridade, "por atentado contra a incolumidade física dos detidos."
PM CONCLUI QUE SARGENTO PRATICOU CRIME
Três meses após o policial agredir a adolescente de 14 anos com um tapa no rosto, durante uma discussão de trânsito, a Polícia Militar concluiu que o sargento Isaías Segades de Souza, de 50 anos, cometeu crime e deve ser julgado pela Justiça comum. A PM ainda prometeu instaurar um procedimento administrativo que vai apurar a conduta do militar.
Após Inquérito Policial Militar, a PM concluiu que houve transgressão à disciplina por parte do sargento. "A Polícia Militar informa que o Inquérito Policial Militar (IPM) relativo ao fato foi concluído, com indicativo de crime comum e transgressão à disciplina, e foi encaminhado à Justiça. Paralelamente foi instaurado um procedimento administrativo que apura a conduta do sargento e ainda segue em andamento. O militar não está impedido de efetuar qualquer função dentro dos quadros da Corporação, até o momento.", diz a nota encaminhada ao Gazeta Online pela PM.
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