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Policiais militares cercam Avenida Leitão da Silva, em Vitória

Policiais militares cercam Avenida Leitão da Silva, em Vitória

A avenida tomada por viaturas e, em vídeos, era possível ouvir barulhos que se assemelhavam a fogos de artifício; PM confirmou que moradores tentaram ocupar a via, que foi liberada por volta das 22h

Publicado em 28 de setembro de 2020 às 21:10

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Policiais militares cercam Avenida Leitão da Silva, em Vitória

A Polícia Militar realizou um cerco na Avenida Leitão da Silva, em Vitória, na noite desta segunda-feira (28). Vídeos recebidos pela reportagem de A Gazeta mostram a avenida ocupada por viaturas e, ao fundo, é possível ouvir barulhos que se assemelham a fogos de artifício.

Polícia Militar afirmou que moradores do bairro Jaburu tentaram ocupar a Avenida Leitão da Silva. Militares estiveram no local. Por volta das 22h a via foi liberada.

TROCA DE TIROS DEIXOU FERIDOS NO JABURU NO DOMINGO (27)

Uma troca de tiros entre criminosos e policiais militares terminou com quatro pessoas feridas, entre elas uma criança de 3 anos, no início da madrugada deste domingo (27), no Jaburu, em Vitória.  Nas proximidades ocorria uma festa de aniversário e a situação deixou moradores revoltados.   Um suspeito, de 22 anos, foi atingido por tiro na mão esquerda e na nádega. Na delegacia, os policiais entregaram um revólver calibre 38, com apenas duas munições intactas e quatro deflagradas, que estaria com o suspeito ferido.

Moradora do Jaburu, Vitória, ferida pela PM
Moradora do Jaburu, Vitória, ferida por estilhaços dos tiros da PM. (André Falcão/TV Gazeta)

Na versão da Polícia Militar, equipes da  Força Tática realizavam patrulhamento a pé entre as escadarias do bairro quando avistaram um grupo com armas em punho na entrada do beco Vila Baiana. Ao perceberem a ação dos militares, houve disparos contra a tropa, que revidou com quatro disparos.  Moradores da região afirmam que os policiais já chegaram ao local atirando.

SPRAY E BALAS DE BORRACHA

Moradores registraram o momento em que os militares utilizaram spray de gás lacrimogêneo contra moradores, fato que foi confirmado pela corporação. Segundo a PM, os policiais foram hostilizados pelos moradores e até foram alvo de pedradas e, por isso, teriam utilizado o spray e tiros com balas de borracha.

Os PMs envolvidos na ocorrência entregaram, no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a arma recolhida com o detido, 36 munições, uma pistola calibre 380 e um rádio comunicador recolhidos no trajeto da fuga dos suspeitos. Também foram entregues as armas dos militares como procedimento padrão para apuração dos disparos. 

A Paróquia Santa Teresa de Calcutá e a Associação Ateliê de Ideias criticaram uma ação da Polícia Militar  no Morro do Jaburu, em Vitória, na noite do último sábado (26). Em nota conjunta, as entidades disseram que a PM foi "violenta e covarde".

De acordo com as entidades, o governo do Espírito Santo, diferente de outros Estados, intensificou as "operações contra os pobres". Segundo a nota, a PM vem agindo de forma seletiva contra as comunidades de periferia e fecha os olhos para o "verdadeiro comando do tráfico de drogas e de armas e para as aglomerações que acontecem nos bairros vizinhos de classe média alta, inclusive nas praias, em plena luz do dia".

A nota ainda pede que os responsáveis pelos atos de violência sejam responsabilizados e afirma que as entidades querem políticas de segurança que respeitem as vidas, os corpos e os lares dos moradores. Confira a nota na íntegra:

Componente de Arquivos & Anexos Arquivos & Anexos

Nota de Paróquia critica ação da PM no Morro do Jaburu

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"A PM NÃO ENTRA NA COMUNIDADE ATIRANDO", DEFENDE SECRETÁRIO

Em entrevista para A Gazeta, o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Alexandre Ramalho, afirmou que os policiais faziam um patrulhamento de rotina na comunidade quando foram alvo de disparos feitos por criminosos. Ele destacou que a polícia está à disposição dos moradores para explicar o que aconteceu na ocorrência.

Segundo Ramalho, durante o confronto, moradores – incluindo uma idosa e uma criança – foram atingidos por estilhaços e não é possível saber se eles partiram dos disparos dos policiais ou dos suspeitos.

"É importante esclarecer que a Polícia Militar não entra na comunidade atirando, que a PM não entra para atirar em pessoas inocentes. A PM entra na comunidade para atender aos interesses da própria comunidade", comentou o secretário.

VIA TEM HISTÓRICO DE ATAQUES

Na manhã do dia  14 de fevereiro deste ano criminosos armados invadiram a via ordenando que os comerciantes fechassem as lojas . Em seguida dispararam tiros para o ar e soltaram fogos de artifício.  Policiais civis e militares foram para o local e o trânsito foi liberado por volta das 10h. Na ocasião o governador Renato Casagrande disse, em coletiva, que a ação foi uma reação de grupos criminosos em função da morte de um jovem que teria ocorrido em um confronto com a polícia. 

Criminosos armados provocam terror mais uma vez na Leitão da Silva, em Vitória. (Kaique Dias/TV Gazeta)

Em outubro de 2016, o protesto pela morte de outro adolescente, no Bairro da Penha, também resultou em pânico e destruição na avenida. Lojas foram apedrejadas e, na comunidade, um veículo foi incendiado no meio da rua. Naquela ocasião, a população se queixou da abordagem da PM e moradores diziam que o garoto havia sido morto enquanto ia comprar pão. A polícia, por sua vez, alegou que o rapaz estava com drogas e junto a um grupo suspeito e que teria lutado com um policial antes de morrer. 

Um ano depois, lojistas da Leitão da Silva tiveram que baixar as portas dos estabelecimentos após um bando armado ordenar o fechamento do comércio. O grupo formado por pelo menos 10 homens com rostos cobertos por camisas desceram o bairro da Gurigica por uma escadaria que dá acesso à avenida e fizeram as ameaças. O motivo seria a morte de dois jovens em um acidente de moto.

Um empresário teve a loja alvejada por tiros e o carro depredado na tarde de 30 de novembro de 2017, durante conflito na avenida. Policiais informaram, naquele dia, que criminosos fizeram um toque de recolher no local. Era um grupo de cerca de 40 pessoas armadas. Testemunhas disseram que, além do veículo do empresário, outros carros foram danificados. Alguns motoristas que não conseguiram dar à ré e sair da avenida, tiveram os veículos atingidos por pedras.

Traficantes desceram o morro e tocaram o terror em comerciantes em dezembro de 2017. (Arquivo AG)

Já em 1º dezembro, bandidos impuseram terror na região mais uma vez e o comércio da Leitão da Silva foi todo fechado, em dois dias de conflitos. Testemunhas disseram que grupos desceram o morro atirando. Vários criminosos, pelo menos dois com toucas ninjas, ameaçaram comerciantes caso não fechassem os estabelecimentos, e ainda pegaram o material de construção - a avenida ainda estava em obras - e jogaram no meio da pista para impedir o tráfego de veículos. 

Viaturas e um helicóptero da Polícia Militar montaram um cerco na avenida após bandidos tentarem incendiar outros três carros que estavam estacionados. Os alvos dos criminosos foram um Cobalt prata, um Gol vermelho e um Corolla branco. Houve troca de tiros e os bandidos subiram o morro correndo.

Neste episódio, um ônibus de linha municipal foi interceptado e os passageiros saíram correndo, em pânico, porque os bandidos jogaram gasolina na intenção de atear fogo, mas uma viatura da PM chegou a tempo de impedi-los. A razão para os ataques seria a morte de um adolescente em confronto com a polícia no morro São Benedito, que fica na região. 

Carro de empresa foi alvejado em maio do ano passado em um ataque criminoso na Leitão da Silva. (Arquivo AG)

Em maio do ano passado, um carro foi alvejado por bandidos na Leitão da Silva.  O veículo era de uma empresa que funciona na avenida e foi interceptado por dois bandidos quando passava em frente a uma concessionária.  O trânsito estava lento no momento da ação por conta das obras na via. Os criminosos ordenaram que a motorista saísse do veículo e fizeram os disparos contra o capô. O crime ocorreu horas depois do início de uma operação da Polícia Civil nas regiões de Itararé, Bairro da Penha e Consolação, em Vitória.

O chefe da Polícia Civil, delegado Darcy Arruda, assegurou que, todas as vezes em que criminosos usaram do artifício de descer os morros do Complexo da Penha para "dificultar o ir e vir das pessoas", foram presos.  "A polícia sempre se esmera na investigação. Hoje, inclusive, quatro foram presos por serem informantes do tráfico e outros dois, em flagrante, quando iriam incendiar um veículo. A polícia vai continuar investigando e pedir novas prisões."

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