Um cachorro da raça golden retriever, identificado como Churros, morreu após ser baleado pelo subtenente da Polícia Militar de Minas Gerais aposentado, Anderson Carlos Teixeira, de 52 anos, no fim da tarde de sábado (9), na Praia do Morro, em Guarapari. O cão é da família da influenciadora digital Iuly Lima, de Vitória.
No momento dos disparos, Iasmin Lima Peçanha Avelar, de 32 anos, irmã da influenciadora digital, passeava pela Rua Vitória Maria da Conceição com Churros, que tinha três anos, o marido e três crianças. Iasmin contou que o animal costuma ficar dentro de casa, é muito dócil e só sai para passear de vez em quando.
Segundo Iasmin, no sábado o golden estava solto, alguns metros à sua frente. Em determinado momento, o animal latiu e pulou no policial, que se assustou. O militar, então, teria dito “eu vou matar seu cachorro” e, em seguida, efetuado dois disparos, atingindo Churros.
Anderson foi embora, sem socorrer o animal, e entrou em um edifício. A Polícia Militar do Espírito Santo foi acionada e encontrou o suspeito.
Conforme o boletim de ocorrência, o militar alegou que estava apenas caminhando quando foi atacado pelo golden retriever duas vezes seguidas. Ainda disse que, na primeira vez, pediu aos donos do animal que o segurassem, pois o cachorro estava sem focinheira.
Ainda segundo o suspeito, na segunda vez que foi atacado, querendo resguardar sua integridade física, ele sacou sua pistola e atirou uma vez.
O policial militar foi encaminhado à Delegacia Regional de Guarapari. A Polícia Civil informou que o suspeito foi autuado em flagrante por maus-tratos aos animais e foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Guarapari.
Na manhã deste domingo, o policial passou por audiência de custódia, quando foi liberado sem fiança. A Justiça determinou, no entanto, que o subtenente deve seguir uma série de medidas cautelares, como não sair da Grande Vitória sem autorização prévia e não frequentar bares, boates, prostíbulos e assemelhados. Ele também está proibido de utilizar arma de fogo.
A dona do cachorro assinou um termo circunstanciado (TC) por não guardar com a devida cautela animal perigoso, e foi liberada após assumir o compromisso de comparecer em juízo.
A Polícia Militar de Minas Gerais informou que trata-se de ocorrência envolvendo policial militar aposentado e, por ser crime comum e não militar, o fato será apurado pela Polícia Civil do Espírito Santo. Destacou, ainda, que acompanha o caso.
Conforme o site Petlove, a raça golden retriever é de origem britânica e conhecida por ser muito dócil, considerada por muitos o “cão dos sonhos”. Além disso, é bastante inteligente e muitas vezes usados como cães-guia.
Em outro caso semelhante, duas cachorrinhas foram mortas a tiros por um sargento da Polícia Militar do Espírito Santo no meio da rua, em Tabuazeiro, em Vitória, no dia 27 de junho. Pitty e Pipoca tinham saído da casa onde viviam após o portão ficar aberto. Minutos depois, a dona delas ouviu tiros. Pitty chegou a ser levada para uma clínica veterinária às pressas, mas morreu na mesa de cirurgia.
Para a Polícia Militar, o sargento alegou que teria atirado pois cães "de grande porte" teriam ficado agressivos e ido na direção dele e da mãe para atacá-los. A identidade do suspeito não foi divulgada.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos Contra os Animais, da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), foi acionada para tratar do caso. De acordo com a deputada estadual Janete de Sá (PSB), tudo teria acontecido porque as cadelas entraram em uma área perto da casa do policial.
No dia 6 de julho, o segundo-sargento da PM passou por uma oitiva da CPI dos Maus-Tratos e preferiu ficar em silêncio na maior parte do tempo. O suspeito, que atua como militar há 17 anos, ressaltou apenas que desconhece legislações na área de proteção animal e pontuou que não tem problemas com cães.
Segundo a Ales, a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente abriu inquérito e o material da CPI seria enviado ao Ministério Público do Estado (MPE-ES). Na época, a Polícia Militar afirmou que, por meio da Corregedoria, que seria instaurada uma sindicância para apurar o caso.
Versão anterior desta matéria informava, erroneamente, que o cão era da influenciadora digital Iuly Lima. No entanto, após a publicação, parentes informaram que o cachorro é, na verdade, do pai da influenciadora. Texto e título foram corrigidos.
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