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Policial civil é preso dirigindo viatura com sinais de embriaguez em Vitória

Policial civil é preso dirigindo viatura com sinais de embriaguez em Vitória

Investigador estava com veículo descaracterizado da corporação, além de distintivo, arma e munições; consta em boletim de ocorrência que Fabrício Cerri da Silva xingou militares durante abordagem

Publicado em 11 de maio de 2023 às 11:55

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Boletim de Ocorrência é forma de iniciar investigação
Um investigador da PCES foi preso com sinais de embriaguez em Jardim da penha. (TV Gazeta Sul / Diego Gomes)

Um investigador da Polícia Civil do Espírito Santo foi preso no início da madrugada desta quinta-feira (11) após causar confusão no trânsito na Avenida Dante Michelini, no bairro Jardim da Penha, em Vitória, apresentar sinais de embriaguez, recusar várias vezes fazer o teste do bafômetro e xingar os policiais militares responsáveis pela abordagem. Conforme boletim de ocorrência da PM, Fabrício Cerri da Silva, de 48 anos, estava com distintivo, pistola, munições e dirigia uma viatura descaracterizada quando foi abordado – todos os itens da Polícia Civil.

O investigador da Polícia Civil ignorou, em um primeiro momento, quando os militares pediram os documentos pessoais dele. Em mais de uma oportunidade, foi oferecido a Fabrício Cerri da Silva realizar o teste do bafômetro, e ele recusou em todos os momentos.

Os documentos encontrados pelos policiais dentro do carro permitiram que os responsáveis pela abordagem o identificassem como investigador da Polícia Civil. De acordo com o boletim de ocorrência confeccionado minutos depois, Fabrício estava com "dificuldade no equilíbrio, fala alterada, olhos vermelhos, odor de álcool no hálito, desordem nas vestes" e outros sinais que indicavam embriaguez.

Veículo utilizado pelo investigador da Polícia Civil Fabrício Cerri da Silva, preso durante a madrugada
Veículo utilizado pelo investigador da Polícia Civil Fabrício Cerri da Silva, preso durante a madrugada. (Fernando Madeira)

Ainda durante a abordagem, o investigador da Polícia Civil desrespeitou os militares, xingando e apontando o dedo para o rosto dos policiais militares, conforme a ocorrência. Em nota, a PM confirma o desacato com "ofensas e palavras de baixo calão".

Aspas de citação

Eu sou policial civil, cala a sua boca, porra, você é um merda, seu otário. Vai se f***, você não tem 27 anos de serviço, não falo com você, seu bosta

Frase atribuída ao investigador em boletim de ocorrência da PM
Cargo do Autor
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De acordo com o boletim de ocorrência a que a TV Gazeta teve acesso, os fatos aconteceram na seguinte ordem:

  • Uma blitz estava sendo realizada na Avenida Dante Michelini, na altura de Jardim da Penha, em Vitória. Por volta de 00h05, motoristas informaram que um motorista estava "travando o trânsito" com uma caminhonete de cor preta e possivelmente embriagado
  • Durante uma primeira a abordagem, os policiais militares que o homem estava com um distintivo. Ao se aproximarem do veículo, foi oferecido o teste do bafômetro, mas o condutor recusou
  • Neste momento, foi dada ordem de parada ao motorista, com a exigência que ele colocasse o veículo em uma vaga destinada para abordagem. "O que com muita dificuldade, aconteceu, tendo em vista o estado da capacidade psicomotora do condutor", relata o boletim
  • Os policiais militares pediram os documentos do motorista, que ainda não havia sido identificado. Ele, no entanto, "ignorou a ordem", segundo o boletim
  • Em uma vistoria realizada pela polícia, foram encontradas arma, munições e carregadores
  • Ainda durante a busca no carro, a polícia encontrou os documentos de Fabrício Cerri da Silva, investigador da Polícia Civil
  • O teste do bafômetro foi novamente oferecido ao policial, mas ele recusou mais uma vez
  • Após a recusa, o condutor gritou e xingou os policiais que o abordavam. "Eu sou policial civil, cala a sua boca, porra, você é um merda, seu otário", teria dito aos militares
  • Depois dos primeiros xingamentos, foi dada voz de prisão ao investigador da Polícia Civil. Ele continuou xingando e recebeu uma nova ordem de prisão
  • O motorista foi conduzido pelos policiais sem algemas, segundo o boletim de ocorrência

O que diz a Polícia Militar

Procurado pela reportagem de A Gazeta, a Polícia Militar confirmou as informações contidas no boletim, como a recusa do teste do bafômetro, os sinais de embriaguez e o desacato aos militares. Ainda segundo a corporação, o veículo e o investigador da PC foram encaminhados à Delegacia Regional de Vitória.

O que diz a Polícia Civil

Também procurada, a Polícia Civil informou que o policial civil foi autuado, em flagrante, por desacato a funcionário público e por conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência. Ele foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil para prestar depoimento e será encaminhado ao Alfa 10 (presídio de policiais civis), onde aguardará a audiência de custódia.

A carteira funcional e a arma do policial civil foram apreendidos. A viatura descaracterizada que estava com o policial foi guinchada para o pátio da 1ª Delegacia Regional de Vitória.

O procedimento criminal foi encaminhado na integralidade à Corregedoria da Polícia Civil, que instaurou uma Investigação Sumária (IS) para analisar o caso no âmbito administrativo e realizar diligências complementares. Após a conclusão das diligências, a IS é concluída e poderá gerar a instauração de um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), caso seja constatada transgressão por parte do servidor investigado.

A investigação do caso se dará da mesma forma que as demais, com imparcialidade, transparência e responsabilidade, segundo a corporação. O prazo do inquérito é de 30 dias, podendo ser prorrogado por outros períodos e a Investigação Sumária não pode ultrapassar dois anos. A pena é definida pelo Conselho de Polícia em julgamento depois de concluído todo o procedimento do PAD.

Policial tem liberdade concedida após audiência de custódia

O investigador da Polícia Civil Fabrício Cerri da Silva teve a liberdade provisória concedida pela Justiça após uma audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (11). A juíza Raquel de Almeida Valinho entendeu que a prisão em flagrante ocorreu de forma "perfeita e sem vícios", enquanto a defesa do policial pediu a liberdade do detido.

A juíza considerou que não foram encontrados registros criminais do indiciado e, por isso, concedeu a liberdade provisória com o cumprimento de medidas cautelares. O policial deve seguir as seguintes regras:

  1. Proibição de sair da Grande Vitória sem prévia autorização do Juiz natural da causa
  2. Comparecimento a todos os atos do processo, devendo manter endereço atualizado
  3. Proibição de frequentar bares, boates, prostíbulos e assemelhados
  4. Comparecer em até 5 dias úteis a contar desta data ao juízo ao qual o presente APF será distribuído, com cópia de comprovante de residência, RG, CPF, CTPS e título de eleitor
  5. Fiança, que arbitro no valor de R$1.500,00 (mil e quinhentos reais)

Em nova nota, enviada na tarde desta quinta-feira, a Polícia Civil disse que o investigador foi autuado em flagrante e foi encaminhado à Corregedoria da corporação para prestar depoimento, e, após passar por audiência de custódia, teve fiança estipulada em esfera judicial. A quantia de R$ 1.500 foi recolhida e Fabrício foi liberado para responder em liberdade. A carteira funcional e a arma do policial civil foram apreendidas. Não houve determinação judicial para afastamento do cargo, nem suspensão de salários.

Errata Atualização
11 de maio de 2023 às 15:23

O investigador da Polícia Civil passou por audiência de custódia nesta tarde e teve concedida a liberdade provisória pela Justiça. O texto foi atualizado.

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