Seis ônibus incendiados e ainda outro metralhado. Atividades suspensas em escolas e comércio. Entre as pessoas, o medo se espalhou. Ao longo desta terça-feira (11), a Capital capixaba (e também a Serra) sofreu uma série de ataques orquestrados pelo Primeiro Comando de Vitória (PCV), principal organização criminosa do Espírito Santo, cuja marca de destruição pode ser vista em inúmeras regiões da cidade.
Pelo menos sete coletivos viraram alvo dos bandidos – seis foram incendiados e um fuzilado. O carro da TV Tribuna também foi atacado por criminosos, que renderam um funcionário da emissora. A reportagem de A Gazeta preparou um ponto a ponto de tudo o que aconteceu ao longo do dia e se prolongou também à noite. Confira:
Os ataques foram motivados pela morte de um jovem de 26 anos, identificado como Jonathan Candida Cardoso, após um confronto com a Polícia Militar na noite desta segunda-feira (10), no bairro Bonfim. Ele seria o segurança do criminoso mais procurado do Espírito Santo, Fernando Moraes Pereira Pimenta, conhecido como Marujo – chefe do tráfico de drogas no Bairro da Penha.
De acordo com a PM, equipes policiais se deslocaram até o local após receber uma denúncia de que o traficante estaria na região com seguranças armados, entre eles o suspeito que foi morto, planejando efetuar ataques a gangues rivais.
Horas depois da morte de Jonathan, um grupo fechou a Avenida Marechal Campos, próximo ao Bonfim. Segundo a Polícia Militar, a maioria dos integrantes era mulher. Elas gritaram contra os policiais e acabaram se dispersando quando o efetivo aumentou no local.
A sequência de ações criminosas começou por volta de 10h30, quando um ônibus foi metralhado no bairro Consolação. A Polícia Militar afirmou que indivíduos armados retiraram o motorista e passageiros de um coletivo e atiraram contra o veículo. Além disso, a corporação confirmou que a ação teria, de fato, relação com a morte do traficante.
No final da manhã, outro ataque aconteceu na mesma região. Dessa vez, um carro de reportagem da TV Tribuna foi incendiado por criminosos. A repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, foi ao local e relatou ao vivo, no ES1, que equipes de reportagem estavam sendo ameaçadas a deixarem o local
A partir de 13h30, o primeiro ônibus foi incendiado na Avenida Marechal Campos, altura de Consolação, em Vitória. A fumaça de Consolação pôde ser vista de diversos pontos de Vitória. Confira no vídeo:
Enquanto um ônibus era incendiado em Consolação, criminosos orquestraram mais um ataque, desta vez no bairro Santo Antônio. As ações aconteceram praticamente ao mesmo tempo, porém em pontos diferentes da Capital capixaba.
Em meio ao caos que se instaurou na cidade, moradores sofreram com o medo e a sensação de insegurança. Imagens dos repórteres fotográficos Carlos Alberto Silva e Fernando Madeira, de A Gazeta, mostram a população dos bairros mais atingidos fugindo dos incêndios, além de policiais trabalhando e até resgatando crianças dentro de uma casa.
Houve ainda a interrupção de diferentes serviços, desde o comércio até as atividades em escolas e postos de saúde. Além disso, pelo menos dez 10 linhas de ônibus tiveram alguma alteração ao longo do dia.
Outros dois coletivos foram encontrados em chamas nos bairros Enseada do Suá e Moscoso, entre 17h e 17h30. O quarto veículo pegou fogo perto do Parque Moscoso, enquanto o quinto foi depredado em frente à Praça do Papa.
Cerca de uma hora depois, um sexto ônibus entrou em chamas na altura da subida da Terceira Ponte, entre Vitória e Vila Velha.
Um sétimo ônibus se tornou alvo de criminosos durante à noite de terça, desta vez na Rodovia do Contorno, na Serra. Esse foi o primeiro veículo incendiado fora do município de Vitória, após mais de 12 horas de ataque.
Dois menores de idade, de 16 e 17 anos, acabaram apreendidos no meio da tarde, suspeitos de participarem do ataque ao ônibus em Santo Antônio. Mais tarde, outros dois homens - um menor de 17 anos e outro de 21 anos - foram detidos no ponto final do bairro Maria Ortiz, em Vitória, portando um galão de gasolina. Até às 20h desta terça, dez envolvidos nos ataques haviam sido detidos.
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