O pedreiro Reinaldo Teixeira da Silva, de 40 anos, foi a duas delegacias no domingo (13), confessou que matou a esposa no dia anterior e não foi preso. O fato chamou a atenção e muitos leitores de A Gazeta questionaram por qual razão o homem sequer foi ouvido.
Segundo o advogado e professor de Direito e Processo Penal Rivelino Amaral, a prisão em flagrante de Reinaldo não ocorreu porque o suspeito não foi perseguido logo após o crime, não foi surpreendido cometendo o crime e nem encontrado com objetos que fizessem crer ser ele o autor.
Na avaliação do professor, mesmo não estando diante de uma prisão em flagrante, a Polícia Civil deveria ter, pelo menos, colhido o depoimento do pedreiro e iniciado a investigação a partir da abertura de um inquérito policial.
"O delegado deveria diligenciar para ouvir testemunhas, comparecer ao local e requisitar a realização da perícia do crime e exame de corpo de delito. Se entendesse que haviam elementos necessários, deveria requerer a prisão preventiva do autor do crime a ser avaliada pelo juiz plantão", afirma o professor.
Esse procedimento pode ocorrer mesmo no fim de semana, porque a delegacia e a Justiça contam com plantão para atender ocorrências dessa natureza.
A liberdade, na avaliação do advogado, põe em risco as investigações e a família da vítima. "Pode haver intimidação das testemunhas, ele pode limpar o local, pode fugir, desaparecer com provas e, inclusive, atentar contra vidas de outras pessoas", finaliza Rivelino.
Em nota, a Polícia Civil informou que o investigado de ser autor das facadas se apresentou na Delegacia Regional da Serra e foi ouvido pelo policial que estava no local, sendo coletadas todas as informações.
"A Polícia Civil esclarece que a legislação brasileira estabelece que a prisão de suspeitos só deve ocorrer em situações de flagrante delito ou mediante mandado de prisão em aberto. No caso em tela, não se configurou nenhuma das duas situações, portanto, o mesmo foi liberado", afirmou a corporação.
"Posteriormente, o indivíduo compareceu ao Plantão Especializado da Mulher (PEM), acompanhado de um advogado, no mesmo dia. Tendo em vista que ele já havia sido ouvido na Serra, ainda não havia mandado de prisão expedido, e as informações já estavam encaminhadas à unidade responsável pela investigação, não houve necessidade de nova oitiva", garantiu.
"As investigações estão a cargo da Divisão Especializada de Homicídio e Proteção à Mulher (DHPM). Outras informações não serão repassadas para que a apuração dos fatos seja preservada", finalizou.
A reportagem de A Gazeta enviou novos questionamentos à Polícia Civil e aguarda o retorno da corporação.
O principal suspeito de matar a técnica de enfermagem Maria de Fátima Pereira Análio da Silva, 41 anos, na Serra, foi a duas delegacias, disse a policiais que matou a esposa, mas voltou para casa sem nenhum impedimento. O pedreiro Reinaldo Teixeira da Silva, 40 anos, esteve na Delegacia Regional do município na manhã deste domingo (13), e no Plantão Especializado da Mulher (PEM), em Vitória, à tarde. Segundo as advogadas que o acompanhavam na segunda vez em que ele foi à polícia, nem ouvido Reinaldo foi.
O crime aconteceu no início da madrugada de sábado (12). A técnica de Enfermagem Maria de Fátima Analio da Silva foi assassinada a facadas dentro de casa, em Feu Rosa, na Serra. A filha do casal, de 17 anos, chegou a ver a mãe com a faca cravada no pescoço, no quarto do filho mais novo. A família de Maria de Fátima já apontava o marido como suspeito de cometer o crime.
Na manhã de domingo, Reinaldo esteve espontaneamente na Delegacia Regional da Serra. Segundo o boletim que registrou a presença do suspeito, ele chegou a confessar a policiais que havia assassinado a esposa, mas quando os agentes foram documentar a história formalmente, o homem disse que só falaria na presença de um advogado. Sem mandado de prisão, ele foi liberado.
À tarde, então na companhia de duas advogadas, Reinaldo voltou a procurar a Polícia Civil, dessa vez no Plantão Especializado da Mulher, em Vitória. Passou parte da tarde na delegacia e saiu cobrindo o rosto, sem falar com a imprensa. As advogadas disseram que Reinaldo não chegou a ser ouvido e foi orientado a procurar a polícia novamente nesta segunda-feira (14).
A técnica de Enfermagem Maria de Fátima Analio da Silva, de 41 anos, foi morta a facadas em Feu Rosa, na Serra, na madrugada deste sábado (12). A filha do casal, de 17 anos, chegou a ver a mãe com a faca cravada no pescoço, no quarto do filho mais novo. A família da vítima apontou o marido como suspeito de cometer o crime.
Tudo aconteceu por volta de 1h20. Uma irmã de Maria de Fátima conversou com a repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, e contou o relato da sobrinha de 17 anos.
A adolescente disse que estava acordada, mexendo no celular, e que a mãe estava dormindo sozinha no quarto do filho mais novo, de 6 anos. O pai estava andando pela casa, inquieto. Em um dado momento, ele foi até o lado de fora e ligou o som do carro bem alto; a filha estranhou.
Depois, ele voltou para casa e a adolescente ouviu um barulho no quarto do irmão mais novo. A menina levantou para entender o que estava acontecendo e viu o pai saindo de casa. Quando ela entrou no cômodo, se deparou com a mãe com a faca cravada no pescoço. Desesperada, a filha chegou a retirar a faca e foi atrás do pai, para tentar impedi-lo, mas ele já havia fugido de carro.
A adolescente chegou a mandar mensagem no grupo da família. Veja abaixo:
A família da vítima contou para a reportagem da TV Gazeta que Maria de Fátima era casada com o pedreiro há 19 anos. O homem sempre foi muito ciumento.
Na terça-feira (8), uma tentativa de estrangulamento fez Maria de Fátima sair de casa. Segundo familiares, a mesma adolescente de 17 anos teve que intervir na briga, pois o pai estava apertando o pescoço da mãe dentro do quarto.
Na ocasião, Maria de Fátima, que tinha problemas cardíacos, passou mal e foi levada para uma unidade hospitalar. Após ser liberada, na quarta-feira (9), ela foi para a casa de uma amiga, onde passou a noite. No dia seguinte ela pegou alguns pertences e foi trabalhar.
Nesse período, o suspeito do crime chegou a mandar mensagens para a irmã de Maria de Fátima, dizendo que estava tudo bem e que iria aceitar uma separação. Ele parecia estar tranquilo. Na sexta-feira (11), a vítima voltou para casa.
O carro em que o suspeito fugiu pertencia ao pai de Maria de Fátima. Os familiares da vítima contaram que, há 6 anos, o pedreiro comprou o veículo do sogro. Ele pagou apenas três prestações e nunca chegou a quitar o automóvel.
O caso chegou a ir parar na Justiça, mas o pai da técnica de Enfermagem acabou deixando o carro com o pedreiro, mesmo sem receber o valor completo, para ajudar a filha.
De acordo com familiares de Maria de Fátima, na sexta-feira (11) pela manhã, o pedreiro conversou com o sogro. Ele disse que estava precisando de dinheiro e perguntou se o idoso, de 77 anos, não queria comprar o carro. Pensando em ajudar a filha, o pai de Maria foi até o banco e transferiu R$ 11 mil para o suspeito.
Por esse motivo, a família acredita que o homem já estava planejando algo.
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