A cada dia, os detalhes sobre a agressão à vendedora Jane Cherubim, em Dores do Rio Pedro, Região do Caparaó, aparecem. Como a vítima começa, devagar, a se recuperar, a família fica sabendo o que aconteceu na madrugada de segunda-feira (04), após o casal sair do trabalho em uma choperia.
Nesta quinta-feira (07), em entrevista à Rádio CBN Vitória, um dos irmãos da vendedora, o representante comercial Salvador Cherobin falou sobre as primeiras palavras da irmã após o crime.
Salvador contou também que Jane abriu os olhos nesta quarta. "Ontem à noite, com a ajuda de um enfermeiro, ela conseguiu abrir os olhos. Ela estava muito triste porque não conseguia visualizar nada desde segunda-feira. Isso estava deixando ela muito preocupada e triste".
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FRIEZA AO MANDAR ÁUDIO
A frieza de Jonas, que é considerado foragido da Justiça, ao enviar um áudio para a sogra, foi comentada pelo irmão. "Isso (o áudio) gerou um desespero enorme. A minha mãe tem 67 anos, há duas semanas estava internada com uma arritmia forte. Pra nós, além disso, gerou uma preocupação a mais. Tivemos que ter um cuidado todo especial para levá-la até a Jane, porque a cena era muito forte de se ver".
"SINTO A DOR DOS MEUS PAIS"
Salvador contou à reportagem do Gazeta Online que sente a dor dos pais e citou outras perdas.
Sobre a mãe, o representante diz que ela virou uma rocha. "Arrumou força aonde não tinha. Chora, mas firme no cuidado com a filha".
Em relação ao sentimento que nutre diante de tudo que estão vivendo, Salvador fala:
A ENTREVISTA COMPLETA
Queria entender um pouco dessa força de divulgar. Vocês decidiram expor, alertar e quantas outras pessoas estão refletindo por conta do caso que Jane está passando agora, né?
Na verdade, não foi uma decisão fácil, foi muito difícil tomar essa decisão. O nosso medo de que tudo ficasse esquecido ou que pudesse acontecer com muitas outras pessoas, e é o que a gente vê aumentando cada dia, então isso nos encorajou a expor toda a nossa família, todo o nosso sentimento, e toda a nossa revolta com relação a tudo isso. E também a esperança que tudo isso possa chamar a atenção para as autoridades de forma geral para a importância. Nós estamos chegando em uma data importante (Dia Internacional da Mulher) e não temos o que comemorar. Na verdade é só tragédia.
A gente tenta entender um pouco: como chegar a esse ponto da violência, no caso de Jonas e Jane.
Isso nos deixa muito confuso. Ele era uma pessoa, aparentemente, muito tranquila, muito prestativa. Estava pronto a ajudar. Estava no convívio da família há pouco mais de um ano. Participava conosco de todas comemorações de família, não apresentava sinais. Daí eu chamo a atenção para ter o máximo de cuidado possível. No entanto, não sei se ele teve um ataque de fúria e fez o que fez com a minha irmã.
Você quem encontrou a Jane caída?
Esse foi o momento mais difícil da minha vida, tanto pra mim, quanto para o meu irmão. Naquele dia, o desespero de tentar localiza-la era grande. Naquele momento, a gente não teve apoio nas buscas, então quem fez as buscas foram nós mesmos. Chegando no local, quando eu fiz a curva com o carro, o farol clareou e a gente pode ver o corpo da minha irmã exatamente no meio do asfalto. A gente viu o carro deles a uns metros a frente. Acredito eu que ele já queria fazer isso, porque ele desviou a atenção do meu irmão. Ele mandou meu irmão pra cidade de Espera Feliz, de 20 a 25 quilômetros oposto de onde ele estava. E o meu irmão insistindo em falar com os dois. Quando ele atendeu, ele desviou a atenção do meu irmão para poder concluir o que ele fez. Pegamos a minha irmã, até achamos que ela estava morta, foi um susto muito grande. Coloquei a mão nela, senti que ela estava quentinha ainda e tinha pulso. Tivemos que tomar um decisão imediatamente ali porque ele poderia estar por perto, a gente poderia tentar localiza-lo, mas a decisão ali era ela ou ele, não tinha tempo de pensar em mais nada. Priorizamos a minha irmã, priorizamos a tentativa de salva-la.
Vocês chegaram a procurar a polícia antes de ir procurar pela Jane. Vocês tiveram alguma resposta? Como foi isso?
O primeiro passo do meu irmão, quando ele falou que estava na região sentido de Espera Feliz, quando ele (agressor) já estava cometendo tudo isso, desviando a atenção do meu irmão, preparando a situação. O meu irmão foi até Espera Feliz e foi até à polícia de MG. Pediu apoio, mas eles disseram que não poderiam fazer nada porque ainda não tinha dado 24 horas. Sinceramente isso me deixou muito triste. Depois no hospital meu irmão quase foi preso porque ele estava muito alterado, mas não estava mal educado com as pessoas, só estava nervoso por causa da situação. Depois um policial que estava lá acabou dando suporte, mas foi um ponto triste. Nós precisávamos de um apoio, mas naquele momento ali não tivemos.
Pelo lado capixaba, naquele momento, não foi muito diferente. Hoje não, a situação está andando de outra forma. Estou falando naquele momento. Não sei a dificuldade da PM daquela região, mas o que eu pude entender é a falta de recurso, porque conversando com meu irmão, a polícia de Minas teve que fazer o translado da polícia de Dores do Rio Preto para ir até Pedra Menina. Isso depois de tudo ocorrido. Não houve uma busca naquele momento, no âmbito da situação que poderia ter ocasionado na prisão imediata dele.
Ela estava trabalhando no estabelecimento comercial da família?
Não, não é da família. O meu irmão é um dos funcionários e ele contrata as pessoas, e a minha irmã e o Jonas e outros muitos que trabalham temporariamente para complementar suas rendas. Meu irmão seria como se fosse o gerente daquele estabelecimento. Então minha irmã estava ali trabalhando, complementando a renda dela para ajudar a pagar os estudos do filho.
Ela tradicionalmente voltava pra casa quando encerrava o expediente? Foi ai que vocês estranharam?
Era comum ele encerrar o expediente lá e os dois retornavam pra cidade deles. Mas nesse dia ele fez o oposto. Ao invés de descer, no sentido Espera Feliz, ele subiu no sentido Estrada Parque, na entrada capixaba pelo Caparaó.
Falando nessa parte, quando eu conversei com seu outro irmão, ele contou que a esposa dele achou estranho essa movimentação, que seguiu sentido Estrada Parque. Ela comentou alguma coisa, se notou algo diferente nele nessa noite, além do fato dele ter seguido o caminho diferente do comum?
O que foi notado foi essa estranheza dele ter seguido caminho oposto. Inclusive, ela mencionou para o meu irmão a preocupação. Daí, foi onde meu irmão começou a ter uma impressão ruim e começou a procura-la. Minha cunhada perguntou "O que Jonas está fazendo lá pra cima, sendo que Espera Feliz é oposto?". Dai meu irmão começou a sentir aquela preocupação e foi buscando as informações.
Tudo isso teria acontecido por conta de uma recusa de uma foto? O que vocês sabem até agora da motivação?
A única coisa que a minha irmã adiantou pra mim que o que foi de diferente entre ela e ele naquele dia foi exatamente isso (a foto). Não sei se antes poderia ter acontecido um desentendimento entre eles. Não tenho esse conhecimento. Ele queria tirar uma foto com ela, ela muito cansada, pediu que fizesse no outro dia. Então ele falou para ela entrar no carro, ir embora e decidiu fazer isso. Não justifica em hipótese nenhuma, no meu ponto de vista. Também acredito que não foi só isso. Ele já vinha com essa intenção.
Na hora que vocês localizaram a Jane já tinha amanhecido?
Já estava amanhecendo o dia, mas ainda era um pouco noite ainda, tanto que eu tinha que usar os faróis para dirigir. Conseguimos fazer o percurso em tempo absurdamente recorde, e foi um dos pontos importantes, porque o momento era muito crítico. A intenção inicial era trazer ela pra cidade de Guaçuí, mas quando a gente estava chegando próximo a rodovia principal, nós observamos que minha irmã dava um sinal muito negativo, parecia que ela não ia suportar. Ela não conseguia respirar direito, já dando sinais muito negativo de saúde. Então meu irmão comentou comigo: "Salvador, eu acho que não vamos conseguir chegar a Guaçuí, ela não vai chegar viva. Vamos para Espera Feliz". Então decidimos ir para Espera Feliz que era mais próximo, porém o hospital não tem recursos adequados. Fomos muito bem atendidos, a médica entendeu que não era pra ela, que ela não tinha os recursos, mas fez os primeiros socorros e solicitou apoio de Carangola. Veio uma ambulância do Samu, com todo o preparo, mais médicos e enfermeiros. Dai foi possível transportá-la com vida para outro hospital.
Local do crime é de fácil acesso? Dá pra sair andando?
Esse é um ponto de interrogação nessa história toda. A chave do carro dele estava perdida, ele não conseguiu fugir com o carro, senão, ele teria fugido. Mas ali ele tinha poucas opções para sair. A Estrada Parque é como se fosse um V, você vai e volta. Você sobe pelo ES desce por Minas, ou sobe por Minas e desce pelo ES. Ou sobe em sentido ao Pico da Bandeira, que é só montanha. não tem muito para onde ir. Se nós tivéssemos tido naquele momento um apoio, nós tínhamos pego ele naquele exato momento. Infelizmente nós não conseguimos isso e alguém, que é o que eu acredito, deu fuga para ele. Esse é ponto de interrogação. A polícia que vai conseguir essas informações, tenho certeza disso.
Ele gravou um áudio, né? Encaminhou pra sua mãe.
Ele teve essa frieza de mandar um áudio para a minha mãe, relatando que estava cansado disso, que fazia tudo por nós. As coisas não são assim. E relatando também que ele estava fingindo e desmaiada no asfalto. Foi isso que nós encontramos no asfalto. Isso (o áudio) gerou um desespero enorme. A minha mãe tem 67 anos, há duas semanas estava internada com uma arritmia forte. Pra nós, além disso, gerou uma preocupação a mais. Tivemos que ter um cuidado todo especial para levá-la até a Jane porque a cena era muito forte de ser ver. Então a gente teve que ter um cuidado muito especial pra fazer esse primeiro contato dela com a Jane.
Como a Jane está?
Ela contou alguns detalhes do ocorrido. Ela vai falar com a Justiça depois. Não sei qual é o momento. A equipe médica vai falar tudo direitinho. Ela já confirmou que foi ele. Confirmou que por várias vezes pediu a ele para parar com aquilo, porque ele ia matá-la. Ela pediu a ele para parar, mas ele não obedecia. Insistiu, insistiu e chegou aonde chegou.
Ontem à noite, com a ajuda de um enfermeiro, conseguiu abrir os olhos. Ela estava muito triste porque não conseguia visualizar nada desde segunda-feira. Isso estava deixando ela muito preocupada e triste. Os olhos dela caíam lágrimas de sangue nas laterais. Estava muito inchado, ela não conseguia ver nada. Isso estava nos entristecendo muito então, pra nós, pra ela, foi motivo de muita alegria. Uma prima que estava acompanhando ela ontem conseguiu dar um pouco de alimento pra ela, que seria uma espécia de massa de fruta. A recuperação veem seguindo bem, o atendimento no hospital tem sido excelente. Tenho muito que agradecer as pessoas que estão nos ajudando.
Alerta
Gostaria de finalizar e chamar a atenção de todos os pais. Eu sou um pai, eu tenho quatro filhos, tenho um moça (choro) de 20 e poucos anos, uma pequena. Eu gostaria de pedir todos os pais que tenham o máximo de atenção possível. O momento é muito critico, as pessoas parecem que perderam a noção das coisas. A gente precisa prestar atenção, e eu sei que é difícil, porque não dá pra adivinhar, assim como nós não adivinhamos. Mas é importante que todos os pais mantenham o foco e atenção em suas filhas.
O QUE DIZ A POLÍCIA
Sobre a reclamação do irmão de Jane referente à atuação das polícias naquele primeiro momento de buscas pelo suspeito, a Polícia Militar do ES informou que viaturas fizeram buscas por toda a região, assim que foi acionada pela polícia mineira. Veja nota na íntegra:
A PMES foi acionada pela Polícia Militar de Minas na manhã da última segunda-feira (04), após a vítima ter sido encontrada pelo próprio irmão e ter dado entrada em um hospital em Espera Feliz, no estado mineiro.
Após recebidas as informações sobre o fato, militares do 3ª Batalhão de Alegre prosseguiram até o Distrito de Pedra Menina, em Dores do Rio Preto, onde fizeram contato um irmão de Jane, que relatou todo o ocorrido e como a localizou. Estando ela muito ferida, ele mesmo prestou socorro levando a vítima em seu carro para o hospital.
Diante do relado, os policiais telefonaram para o pai do acusado, que disse ter falado com o filho na madrugada e que ele lhe disse que sua vida não valia mais nada e se despediu sem dar mais detalhes do que havia acontecido. Posteriormente, viaturas fizeram buscas por toda a região, com intuito de localizar o namorado de Jane, porém não obteve êxito. O caso foi encaminhado à Polícia Civil para que seja investigado.
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Por meio de nota, a Polícia Militar de Minas Gerais se posicionou sobre o caso.
O Comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais esclarece que no dia 04/03/19, por volta das 03h00min compareceu ao quartel da Polícia Militar em Espera Feliz/MG o senhor Cleiton Cherobim da Silva, irmão de Jane Cherubin Souza Sarmento, alegando que Jane Cherubin e Jonas Guimarães do Amaral Neto estavam em seu estabelecimento comercial denominado "Armazém Caparaó", situado no Distrito de Pedra Menina, Município de Dores do Rio Preto/ES. E que após uma discussão entre o casal, eles teriam entrado em um veículo e saído em uma brusca aceleração sentido ao Portal do Parque Nacional do Caparaó, que também se situa no Distrito, no Estado do Espírito Santo.
De imediato a Polícia Militar de Minas Gerais realizou patrulhamento na cidade de Espera Feliz/MG e adjacências, na tentativa de localizar Jane Cherubim e Jonas Amaral; e considerando a competência territorial da Polícia Militar do Espírito Santo para registro do fato, a PMMG também entrou em contato com a PMES, uma vez que o fato se deu em território capixaba.
No mesmo dia, pela manhã, a Polícia Militar de Minas Gerais recebeu um acionamento do Hospital Municipal de Espera Feliz/MG, relatando a entrada hospitalar da senhora Jane Cherubin, com muitos ferimentos. Então, a PM em Espera Feliz, acompanhada do senhor Cleiton Cherubim, deu continuidade às diligências, no sentido de tentar localizar Jonas Amaral, autor dos fatos.
A Polícia Militar permanece empregando esforços em buscas de informações que levem à localização e prisão do autor do delito. Importante frisar que as denúncias podem ser realizadas através do número 190 (emergências policiais) ou 181 (disque denúncia unificado), sua identidade será preservada.
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