Ele tentou se vingar, mas se deu mal: um ajudante de escritório de advocacia, de 18 anos, ficou indignado após levar uma "fechada" de um veículo na descida da Segunda Ponte, em Vitória, e resolveu ligar para o Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes) dizendo que os ocupantes do carro estariam armados e cometendo assaltos.
Viaturas chegaram a cercar o automóvel e abordar as vítimas, que eram guardas municipais, e o caso tomou uma proporção grande. A Polícia Civil começou a investigar, descobriu que a denúncia era falsa e chegou ao jovem, que acabou indiciado.
O caso aconteceu no dia 3 de fevereiro deste ano. De acordo com a polícia, o motociclista estava trafegando pelo corredor, na Segunda Ponte, quando um veículo — que era uma viatura descaracterizada — entrou um pouco na "área" corredor. O jovem não gostou: ele buzinou, xingou os ocupantes do carro e seguiu caminho até o trabalho.
Chegando no serviço, ele ligou para fazer a falsa denúncia. As ligações foram todas gravadas (confira abaixo). O jovem diz que dois homens armados teriam descido do veículo, agredido e assaltado um motociclista. Ele se identifica com um nome falso e passa a placa do veículo.
"Quatro viaturas da Polícia Militar e Guarda Municipal de Vitória foram acionadas para irem atrás do veículo, que foi encontrado 30 minutos depois no Aeroporto de Vitória", explicou o delegado Guilherme Eugênio Rodrigues, titular do 6º Distrito de Polícia de Vila Velha, responsável pelas investigações.
Chegando lá, os agentes viram que as características descritas na denúncia não batiam. O veículo, na verdade, era uma viatura descaracterizada da Guarda que estava indo fazer uma escolta no aeroporto. Vendo que havia algo errado, os policiais ligaram para o jovem que fez a denúncia, mas ele desconversou e depois passou a não atender mais (como mostra o vídeo acima).
Os policiais resolveram liberar os guardas municipais, desconfiando da história narrada na denúncia, mas o caso não acabou por aí. Um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) foi instaurado para investigar a conduta dos agentes, que na verdade foram vítimas da mentira.
O delegado explicou que as ligações para o Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes), pelo 190, não são anônimas. Já as que são feitas para o Disque-Denúncia, pelo telefone 181, garantem o anonimato e não são rastreáveis.
Os dois, então, resolveram denunciar a situação na Polícia Civil. As investigações chegaram no autor da falsa denúncia, que foi chamado e não quis admitir a história, mesmo com as gravações. "Ele assumiu a ligação mas negou o teor da ligação. Disse que falou hipoteticamente que o veículo poderia estar envolvido em algum crime", explicou o delegado.
A investigação foi concluída e o caso encaminhado, nesta segunda-feira (20), para o Ministério Público. "Ele foi indiciado por denunciação caluniosa, crime que pode dar de três a nove anos de prisão", finalizou Eugênio.
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