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Preso em motel, suspeito de matar PMs em Cariacica era fugitivo do Xuri

Preso em motel, suspeito de matar PMs em Cariacica era fugitivo do Xuri

Eduardo Bonfim Meirelles era foragido do sistema prisional desde 2021, após conseguir sair do Complexo de Xuri, em Vila Velha. Outros três suspeitos de envolvimento na morte dos PMs também foram presos

Publicado em 16 de outubro de 2022 às 15:21

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Coletiva na Sesp sobre a morte de dois soldados da Polícia Militar
Coletiva na Sesp sobre a morte de dois soldados da Polícia Militar. (Fernando Madeira)
Reinaldo Fonseca
Repórter / [email protected]

Quatro suspeitos de envolvimento na morte dos soldados da Polícia Militar Bruno Mayer Ferrani e Paulo Eduardo Oliveira Celini, em Cariacica, foram presos na manhã deste domingo (16), em menos de sete horas após o crime, segundo o secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, coronel Márcio Celante. Um deles, apontado como autor dos disparos era foragido da Justiça e foi preso dentro de um motel.

Eduardo Bonfim Meirelles estava foragido desde 2021, quando conseguiu sair do Complexo de Xuri, em Vila Velha, com outros 20 presos. O fato ocorreu em 3 de dezembro, durante banho de sol, de acordo com informações divulgadas na coletiva de imprensa.

Segundo as investigações iniciais, os quatro presos pelas execuções dos PMs participavam de uma associação criminosa com foco em assaltos. Uma das suspeitas é de que Eduardo seja um dos autores dos disparos feitos contra os soldados.

DINÂMICA DA OCORRÊNCIA

A versão apresentada pela polícia, durante a coletiva de impressa, é que os dois soldados estavam fazendo uma ronda, na Leste-Oeste, quando avistaram uma tentativa de assalto a veículo. Os suspeitos estavam no carro Fox branco e tentavam abordar vítimas que estavam em um Fiat Argo.

Os soldados começaram uma perseguição e acionaram reforços. No bairro Santa Bárbara, a viatura ligou as sirenes. Os suspeitos se assustaram e tentaram fugir. O motorista e a carona que estavam no Fox branco, identificados como Eric da Silva Ferreira, 45, e  Luana de Jesus Luz, 26, saíram do carro.

Os outros dois suspeitos, identificados como Eduardo Bonfim Meireles, de 40 anos, e Erica Lopes Ferreira, 26 que estavam no banco de trás, também saíram e se esconderam atrás de um caminhão.

Quando os alcançaram, os PMs saíram da viatura e foram surpreendidos pelos tiros, disparados por Erica e Eduardo, segundo a polícia. Os suspeitos entraram novamente no Fox branco e fugiram.

Ainda segundo a Sesp, um dos soldados foi atingido na axila esquerda (entrada e saída do tiro) e o outro no rosto. Os militares feridos na ocorrência chegaram a receber socorro, mas morreram no hospital.

DINÂMICA DAS PRISÕES

O veículo foi encontrado pela polícia no bairro Castelo Branco, em Cariacica. Eric da Silva Ferreira, 45, e Luana de Jesus Luz, 26, foram identificados e abordados nas proximidades, onde confessaram a participação no crime.

Em seguida, a partir de investigações das polícias Civil e Militar, os outros dois participantes foram identificados e localizados em um motel, em Cariacica.

Eduardo Bonfim Meireles comemorava o aniversário de 40 anos neste domingo. Ele é namorado de Erica Lopes Ferreira, de 26 anos, e ambos têm vasta ficha criminal com homicídios e assaltos à mão armada, segundo a polícia.

Um vídeo mostra o momento em que Eduardo confessa o crime. “Infelizmente acertei um dos policiais”, disse. Além disso, é possível notar que, em um primeiro momento, Eduardo se autointitula “Marcelo”. Em coletiva de imprensa, autoridades da Polícia Militar informaram que esse é o nome do seu irmão biológico e não é a primeira vez que ele se refere a si mesmo dessa forma.

Os policiais foram descaracterizados ao local e abordaram o casal. Lá, foram encontradas três armas: uma pistola 9mm, debaixo da cama do motel, e outras pistolas 2 .40.  As armas eram dos dois soldados que foram mortos, segundo a polícia.

Coletiva na Sesp sobre a morte de dois soldados da Polícia Militar
Armas dos soldados da Polícia Militar foram apreendidas com os suspeitos. (Fernando Madeira)

Eduardo, inicialmente, deu nome falso de Marcelo. Erica é filha de Eric, que dirigia o carro Fox branco, ao lado de Luana. Os quatro foram presos.

Participaram da coletiva de imprensa na tarde deste domingo secretário de Segurança Pública e Defesa Social, coronel Marcio Celante; o comandante-geral da PMES, Coronel Douglas Caus; a delegada-geral adjunta, Denise Maria Carvalho; o superintendente de Polícia Especializada, delegado José Lopes; o comandante do 7º BPM, tenente-coronel Schulz; e o delegado plantonista da DHPP, Luiz Gustavo Ximenes.

"O SENTIMENTO É QUE ELES NÃO VIESSEM PRESOS, VIESSEM TODOS MORTOS", DIZ COMANDANTE DA PMES

CONTRADIÇÃO: BALEADOS DENTRO OU FORA DA VIATURA?

As informações registradas no boletim de acionamento do Ciodes informam que os policiais Bruno Mayer Ferrani e Paulo Eduardo Oliveira Celini foram baleados dentro da viatura. A mesma informação é registrada por testemunhas: "os policiais não estão saindo do veículo e a sirene está ligada", consta na ocorrência. 

Na coletiva de imprensa, entretanto, a informação divulgada é que os soldados foram baleados fora da viatura. A reportagem de A Gazeta questionou a informação.

A Sesp afirmou que ocorrido ainda está sendo investigado pela perícia, mas afirmou que os dois PMs foram encontrados caídos e fora do carro quando as equipes de apoio chegaram. Explicou também que o que foi passado na coletiva tem como base o relato dos suspeitos. Mas, caso algo diferente seja apontado pela perícia, será comunicado.

No vídeo registrado por uma câmera de segurança é possível ouvir a viatura da PM se aproximando, com giroflex e sirene ligados, e na sequência realizando uma curva. O carro da polícia sai de cena, ouve-se apenas o som da sirene e, alguns segundos depois, inicia-se uma intensa sequência de tiros.

QUEM ERAM OS SOLDADOS ASSASSINADOS

Jovens, casados e com pouco tempo na Polícia Militar do Espírito Santo. Os dois soldados assassinados a tiros na madrugada deste domingo (16), eram lotados no 7º Batalhão da corporação, localizado no bairro Tucum, em Cariacica.

Soldados Bruno Mayer e  Paulo Eduardo Celin
Soldados Bruno Mayer Ferrani e Paulo Eduardo Celini. (Wagnerbreciane_fotografia/Montagem A Gazeta)

Bruno Mayer Ferrani, de 30 anos, tinha mais tempo de corporação. Casado e pai de duas filhas, ele ingressou na corporação no ano de 2015.

Companheiro dele na trágica ocorrência, Paulo Eduardo Oliveira Celini tinha 29 anos e estava há cerca de um ano na Polícia Militar, visto que ingressou na PMES em 2021.

Ele era formado em Educação Física pela Ufes (bacharel) e havia se casado há poucos meses. Ele era natural de Campinas, em São Paulo, e morava em Cariacica.

Os corpos dos dois soldados foram recolhidos pela perícia da Polícia Civil e encaminhados ao Departamento Médico Legal, em Vitória.

VELÓRIO E ENTERRO

A Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar divulgou, na tarde deste domingo, os locais e horários dos velórios e enterros dos dois policiais.

LUTO OFICIAL

O governador do Estado, Renato Casagrande, declarou luto oficial de três dias, em sinal de pesar pelas mortes dos soldados, mortos em serviço, na madrugada deste domingo (16).

Pelas redes sociais, o atual governador e candidato à reeleição lamentou a morte dos soldados Bruno e Paulo Eduardo e informou que suspeitos de participação no duplo homicídio já foram detidos.

"Lamento profundamente a morte dos policiais Bruno Mayer e Paulo Eduardo, ocorrido nesta madrugada, em Cariacica. Minha solidariedade aos seus familiares e amigos. Importante dizer: este crime não ficará impune. Vários suspeitos já foram detidos e não descansaremos até que todos os envolvidos estejam na cadeia. Decretarei luto de três dias", postou Casagrande.

Por meio da assessoria de imprensa, o candidato a governador do Espírito Santo, Carlos Manato, informou ter cancelado a agenda do dia em solidariedade aos familiares dos policiais mortos.

"Com indignação e total solidariedade às famílias dos policiais militares mortos em uma operação das Forças de Segurança, suspendi toda a minha agenda eleitoral neste domingo. Em respeito aos familiares e amigos dos policiais mortos, compareço apenas a um culto, na Catedral da Igreja Universal, como forma de consolar corações despedaçados", disse Manato, em nota enviada à imprensa.

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