O segundo suspeito de participar do crime que terminou com a morte do professor de Educação Física Raul Giovanelli, de 27 anos, no final do mês de outubro deste ano, no bairro Lameirão, em Guarapari, foi preso pela Polícia Civil. Rafael dos Reis Santos, conhecido como Triba, se entregou nesta quinta-feira (25) e é apontado pela polícia como mandante do assalto que resultou na morte de Raul, executado com três tiros depois de tentar impedir um roubo no calçadão da Praia do Riacho.
De acordo com o delegado Guilherme Eugênio, titular da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Guarapari, equipes da polícia vinham fazendo buscas por Rafael desde o dia do crime. Na tarde desta quinta-feira, os advogados de defesa do suspeito afirmaram que ele se apresentaria à polícia e contaria a versão dele do assassinato. Guilherme Eugênio explicou que Rafael alega ter emprestado a arma ao atirador - que não teve a identidade revelada - pois ele precisava arrecadar dinheiro.
"Ele afirma que conhecia e tem até um grau de parentesco com o atirador e que o atirador vinha precisando de dinheiro e pedindo uma arma emprestada. Ele afirma que, na noite de sábado, conversou sobre esse pedido formulado pelo atirador, ainda em dúvida se iria emprestar ou não a arma, mas, na manhã de domingo, resolveu emprestar a arma para ajudar o parente", disse o delegado.
Guilherme Eugênio detalhou que há pontos em que os depoimentos do atirador e de Rafael divergem. O suspeito preso nesta quinta-feira, por exemplo, nega que ele tenha escolhido a vítima do roubo, enquanto o primeiro suspeito preso afirmam que Rafael apontou o idoso de 61 anos que seria roubado.
"O executor do crime narrou que o Rafael avistou um senhor de 61 anos caminhando na orla da Praia do Riacho, percebeu que esse senhor portava um cordão, uma pulseira e um relógio. De acordo com o atirador, o Rafael entregou a arma, a bicicleta e aguardou pelo retorno do atirador. Ele afirma que tudo que ele roubou foi entregue ao Rafael. As versões de ambos seriam convergentes no que diz respeito ao fato de que o Raul não era a vítima do roubo. O professor Raul era uma pessoa que, vendo essa ação violenta, procurou intervir em favor do idoso e veio a óbito", detalhou.
Guilherme Eugênio narrou, também, que as investigações apontam que Rafael pode estar envolvido em outro homicídio em Guarapari: a morte de um agente penitenciário aposentado, identificado como José Carlos Corrêa, que aconteceu no dia 13 de maio deste ano. Segundo o delegado, por serem crimes que aconteceram com uma dinâmica parecida e em áreas próximas, as apurações policiais indicam que Rafael pode ter participado deste crime também.
"As imagens disponíveis revelam que um dos executores tinha um penteado de cabelo conhecido como ‘dread’ e a resolução das imagens não permite a identificação precisa do atirador. Tanto o inspetor penitenciário quanto o professor Raul não tinham nenhum problema pessoal que justificasse um homicídio. Em princípio, a morte desse inspetor penitenciário segue sendo apurada pela DHPP, mas, agora que nós percebemos que nos dois casos nenhum bem foi roubado, que os dois foram mortos em locais que são relativamente próximos e que nós percebemos que o Rafael já foi acusado de outras práticas de outros crimes nessa região, nós passamos a suspeitar que ele possa estar envolvido", argumentou o delegado.
O assassinato de José Carlos Corrêa também teve a participação de outro suspeito. Guilherme Eugênio acredita que, por Rafael ser considerado foragido da Justiça, ele recrutou pessoas desconhecidas - o que dificultaria o trabalho de investigação da polícia - para participar de crimes.
"Nós acreditamos que ele passou a recrutar pessoas sem histórico criminal que não fossem reconhecidas pela polícia para a prática desses crimes. O atirador, por exemplo, não tem identidade no Espírito Santo, não tinha nenhuma imagem dele vinculada a nenhuma investigação criminal, nem mesmo a um banco de imagens do Estado. Ele é natural da Bahia, veio há pouco tempo para cá e poderia ser muito mais difícil alcançá-lo", afirmou.
Esta é a segunda prisão de um envolvido no latrocínio de Raul Giovanelli. Um homem de 35 anos, que não teve a identidade revelada, foi preso no último dia 19 no bairro Novo Horizonte, na Serra. À frente da Delegacia Especializada de Investigação Criminal (Deic) de Guarapari, o delegado Guilherme Eugênio revelou que o suspeito agiu a mando de outro criminoso: Rafael dos Reis Santos, vulgo "Tiriba", que está foragido do sistema prisional capixaba desde o dia 21 de fevereiro do ano passado.
"O Rafael dos Reis Santos foi apontado como mandante e como partícipe material, que é aquele que fornece os recursos necessários para o crime. Neste caso, a bicicleta e o revólver", disse.
Segundo as investigações, o professor Raul Giovanelli levou três tiros ao tentar impedir que o suspeito preso nesta sexta-feira (19) fugisse com os pertences de um idoso de 61 anos, que estava no calçadão da Praia do Riacho e havia sido roubado pouco antes, também a mando de Rafael.
O crime que tirou a vida de Raul Giovanelli aconteceu na manhã do último dia 30 de outubro, no bairro Lameirão, em Guarapari. O professor de educação física trabalhava como personal trainer em uma academia do município e sofreu a tentativa de assalto quando andava de bicicleta.
De acordo com informações repassadas no dia do crime pela Polícia Militar, "a vítima, de 27 anos, realizava atividade física quando foi abordada por um indivíduo durante uma tentativa de roubo. Após uma luta corporal com o suspeito, ela acabou alvejada e teve a morte confirmada ainda no local".
O corpo de Raul Giovanelli foi levado pela perícia da Polícia Civil para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, onde foi liberado por familiares. No dia seguinte ao latrocínio, ele foi sepultado no Cemitério Parque Paraíso, em Guarapari, com a presença de familiares e amigos.
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