Suspeito de matar mãe e filha a tiros em bairros diferentes de Vila Velha na manhã da última quinta-feira (25), o ex-companheiro da jovem, Adenilton de Jesus Nascimento dos Santos, de 27 anos, foi preso nesta segunda-feira (29) em cumprimento de mandado de prisão temporária. As vítimas são Karina Freitas, de 20 anos, e a mãe dela, Silvanete dos Santos Freitas, de 38. As execuções foram registradas nos bairros Zumbi dos Palmares e Jardim Marilândia. Os crimes aconteceram no Dia Mundial de Combate à Violência contra a Mulher.
Em coletiva de imprensa, a titular da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), Raffaella Aguiar, informou que, desde que o crime foi cometido, começaram as diligências policiais para prender o suspeito em flagrante. Segundo a delegada, apesar de ter negado ser o autor dos assassinatos em oitiva na delegacia, Adenilton teria premeditado os crimes.
Adenilton, segundo a autoridade policial, teria primeiro ido à casa das vítimas, onde encontrou apenas a sogra. Após uma discussão entre os dois, em que ele alega ter sido ameaçado, ele disparou contra Silvanete e a atingiu na cabeça. Depois, prosseguiu ao trabalho da ex-companheira, onde, calmamente, teria chegado a conversar com colegas de trabalho dela. "Chegou lá, como se nada tivesse acontecido, cumprimentou as pessoas e perguntou por ela. Conversou com Karina e tranquilamente pediu para que ela o acompanhasse até a porta para dar informações sobre a certidão de nascimento e carteira de vacinação da filha deles. A vítima o seguiu. Ele subiu na moto, ligou. Perguntou sobre as ameaças que, segundo ele, o atual namorado dela teria feito. Ela negou, ele perdeu a cabeça, disparou na cabeça dela e fugiu", relatou.
Para Raffaella Aguiar, o homem se entregou porque sabia que a polícia estava prestes a encontrá-lo. Além disso, não tinha conhecimento sobre o mandado de prisão temporária. "Primeiro fomos até um sítio da família dele, em Viana, mas, como é um terreno que ele conhecia bem, teve todo o dificultador, então ele fugiu antes. Continuamos as diligências por meio de informações que recebemos e tecnologia. Hoje novamente fomos atrás dele para ver se chegávamos à localização onde ele estava. Chegou o advogado dele para nos dizer que ele tinha interesse em se apresentar, sem perguntar se havia mandado de prisão — e eu também não falei. Então ele veio aqui prestar informações sobre o porquê de ter feito o que fez", disse.
A delegada explicou que o suspeito disse que matou as vítimas porque estava recebendo ameaças do atual namorado da ex-companheira. "Ele disse que os dois tinham terminado há apenas um mês, mas as testemunhas dizem que fazia seis meses. A vítima que teria rompido o relacionamento, não queria mais e não deu mais explicações, o que o deixou insatisfeito. Ele continuou a ir à casa dela para tentar reatar e ela foi firme ao dizer que não. A mãe começou a ameaçar procurar a polícia por conta da insistência dele, o que o deixou incomodado. No dia dos fatos, ele falou que tinha recebido uma ameaça, que não foi comprovada, e que agiu então sob forte emoção", acrescentou.
O suspeito, que trabalhava em uma fábrica de bonecas, já tinha passagem na polícia por infração à Lei Maria da Penha, relacionada a ameaças em um relacionamento anterior. Segundo a Polícia Civil, quando o inquérito for concluído, será solicitada a prisão preventiva e o homem ficará à disposição da Justiça. O investigado deverá responder por duplo homicídio.
"Em depoimento, o suspeito pareceu muito frio. Tentou esboçar crise de choro e falou em arrependimento, mas na maior parte do tempo esteve muito calmo. Nada levou a crer que de fato estivesse arrependido", finalizou a delegada.
Segundo a delegada, a filha de Adenilton e Karina, de apenas um ano, está sob os cuidados da avó paterna. Já o homem que estaria atualmente namorando a vítima não foi localizado até o momento.
Testemunhas relataram à reportagem que mãe e filha foram assassinadas porque o suspeito não aceitava o término da relação com a jovem. As vítimas moravam a cerca de três quilômetros de distância uma da outra. Primeiro, o executor tirou a vida de Silvanete, em Zumbi dos Palmares e, na sequência, em questão de minutos, foi até Jardim Marilândia e também executou Karina a tiros.
Karina, com quem o suspeito tem uma filha de apenas um ano, foi morta em seu local de trabalho, uma empresa de reciclagem — onde sua mãe também trabalhava. O dono do local, que preferiu não ser identificado, afirmou à reportagem, no dia do crime, que o homem chegou de motocicleta ao estabelecimento.
"Elas eram selecionadoras de plástico, a 'Net' foi quem trouxe a Karina para trabalhar aqui. O rapaz entrou, porque ele já teve um filho com ela e já veio aqui outras vezes, nunca havia causado problema, briga ou tumulto. Desta vez também não teve. Ele entrou, foi educado, tirou o capacete e pediu para falar com ela", disse, na ocasião.
O assassinato de Silvanete — ocorrido minutos antes da morte de sua filha — foi presenciado pela irmã dela, Elizangela dos Santos Freitas. Ela contou que o suspeito chegou à casa delas acusando a mulher de ter passado seu número de celular para o novo namorado de Karina, pois ele havia recebido uma ligação dele o ameaçando. Silvanete teria dito que iria à delegacia, mas o homem afirmou que não daria tempo e matou a mãe de sua ex com um tiro na cabeça.
Elizangela disse ainda que, logo após o crime, tentou ir à empresa onde as vítimas trabalhavam para alertar a sobrinha, pois o suspeito lhe disse que iria até lá matar a ex-companheira. Entretanto, ela não chegou a tempo de impedir o assassinato da jovem.
"Entrei em estado de choque. Ele olhou para a minha cara e saiu correndo, só falou: 'Agora eu vou terminar'. Deu tempo de ir avisar a minha mãe, mas não deu tempo de avisar a Karina. Quando eu cheguei, já havia acontecido essa tragédia", disse.
Segundo a tia da jovem, Karina e o suspeito tiveram uma briga no dia 24, em que o homem teria dito para a vítima terminar o atual relacionamento ou ele a mataria. Ela disse que sua sobrinha respondeu ao suspeito que não terminaria, e que, mesmo que terminasse, não reataria o relacionamento com ele.
A Polícia Civil realizou coletiva de imprensa informando detalhes sobre a prisão do suspeito. O texto foi atualizado.
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