Três jovens, dois de 18 e um de 19 anos, foram presos pela Polícia Civil suspeitos de abusar sexualmente de adolescentes, entre 13 e 18 anos, em um esquema que usava a religião para ameaçar as vítimas. As prisões foram realizadas no dia 23 de dezembro, mas detalhes sobre o caso foram divulgados nesta quinta-feira (2), durante coletiva de imprensa.
Até o momento, nove vítimas foram identificadas, e as investigações apontam que os crimes ocorriam em encontros organizados por eles, fora da igreja, no município de Cariacica. A operação foi conduzida pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Os nomes dos suspeitos não foram divulgados pela polícia para proteção das vítimas.
De acordo com a adjunta da DPCA, delegada Gabriella Zaché, os jovens frequentavam igrejas evangélicas em Cariacica, onde ganhavam a confiança das famílias e dos adolescentes por meio de pregações e grupos de oração.
Uma vez inseridos nesse contexto, formaram grupos com jovens de 13 a 18 anos. Um dos suspeitos dizia estar possuído por entidades malignas e, sob ameaças de violência, obrigava as vítimas a manter relações sexuais com ele, sob a justificativa de "sacrifícios" necessários para "purificação".
As famílias começaram a suspeitar quando perceberam mudanças de comportamento nas vítimas, que, segundo a PC, antes eram descritas como tranquilas e religiosas. Ao analisarem conversas em aplicativos de mensagens, os pais descobriram os abusos e procuraram a polícia. Segundo a delegada, os suspeitos também pediam fotos íntimas das vítimas e incentivavam automutilação como "punições".
Inicialmente, apenas dois suspeitos eram investigados, mas, no decorrer das investigações, foi identificado um terceiro envolvido, de 18 anos, além de uma adolescente de 17 anos que atuava como cúmplice. A jovem chegou a convidar vítimas para os encontros e ocultar as práticas criminosas. Apesar disso, a Justiça decidiu por sua liberação. Os suspeitos foram presos em 23 de dezembro, após a decretação de prisões preventivas.
De acordo com a titular da DPCA, delegada Thais Cruz, todas as vítimas estão recebendo acompanhamento psicossocial. "A DPCA atua, também, na esfera social. Nós temos uma equipe multidisciplinar com psicólogos, assistentes sociais. Vítimas e parentes vão receber apoio", disse a delegada.
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