A Polícia Rodoviária Federal (PRF) cumpriu no fim da tarde de segunda-feira (10) um mandado de busca e apreensão no local onde Hélio dos Santos Aguiar, de 25 anos, voltou para uma festa após colidir com outro veículo, resultando na morte de uma mulher no Dia das Mães. Ele estava bêbado e sem habilitação quando provocou a batida no último domingo (9), no quilômetro 143 da BR 101, em Linhares, no Norte do Espírito Santo, segundo informações da polícia.
De acordo com a PRF, computadores foram apreendidos e encaminhados para análise do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Linhares.
O delegado do município, Fabrício Lucindo, afirmou que o objetivo é coletar provas das imagens de videomonitoramento para comprovar a realização da festa e o estado de Hélio.
"Foi realizado o cumprimento de mandado de busca e apreensão, ontem no final da tarde, no local onde estava ocorrendo a festa. O objetivo é coletar provas de videomonitoramento para constatar a festa e se realmente o preso estava lá no local e em quais condições ele se encontrava", afirmou Lucindo.
O HD que guarda as imagens de videomonitoramento do local da festa não foi encontrado, segundo o delegado. A perícia vai analisar se o HD realmente não existia e se as imagens foram gravadas na nuvem, uma espécie de armazenamento digital de arquivos.
"A gente está apurando o porquê de não ter sido apreendido o material que faz a gravação (HD), se não existia ou se estava gravando em nuvem, ao invés de usar o HD. Não havia imagem no computador. A gente está apurando, e a perícia criminal da Polícia Civil vai apurar o que aconteceu com essas imagens, se elas estavam sendo gravadas ou não", explicou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, as imagens são importantes porque podem ajudar a revelar as condições em que o motorista estava. "As imagens mostram como o autor do crime estava antes de sair do local e quando voltou para a mesma festa, onde estava confraternizando com amigos", afirmou Fabrício.
Segundo a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Hélio dos Santos Aguiar teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva e foi encaminhado para o Presídio Regional de Linhares (PRL) na tarde desta segunda. O homem saiu da delegacia cobrindo o rosto e não quis falar com a imprensa.
O motorista passou por audiência de custódia com o juiz da 1ª Vara Criminal de Linhares, Dr. André Bijos Dadalto. O processo foi colocado em segredo de justiça.
Após a colisão, Hélio fugiu do local do acidente e retornou para a festa. Segundo informações da PRF, ele foi encontrado alcoolizado dentro da festa. Ele fez o teste do etilômetro e o resultado deu positivo para a presença de álcool.
"Nós realizamos buscas na região e o encontramos novamente na festa. Esse condutor, após colidir e matar uma pessoa, retornou para essa festa", afirmou o inspetor da PRF Vinícius Scopel.
Procurada pela reportagem de A Gazeta, a defesa do motorista afirmou que a festa relatada trata-se de uma confraternização entre amigos, que começou no sábado (8) e durou até o domingo (9) e foi realizada no pátio de uma empresa do gênero alimentício, e não em uma casa de eventos ou de festas, como relatado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
No local também há um apartamento, onde mora um dos colegas de Hélio, que também estava na confraternização com os amigos.
A defesa afirmou que no domingo, por volta do meio-dia, um amigo de Hélio pediu para que ele o levasse em casa, no bairro Lagoa do Meio. Hélio pegou o carro de um outro amigo e se dirigiu até o bairro. No retorno, ocorreu a colisão.
De acordo com a defesa, o amigo dono do carro constatou que o veículo não estava no local da confraternização e perguntou aos outros colegas onde estava. Eles afirmaram que Hélio havia saído com o carro para levar um amigo em casa.
O dono do carro entrou em contato com Hélio, e este relatou que havia se acidentado com o veículo. Dois outros amigos foram até o local da colisão, constataram o estado de Hélio, a gravidade do acidente e, para preservar sua integridade física - uma vez que poderia haver linchamento, já que pessoas estavam se aglomerando no local -, levaram Hélio para o espaço da confraternização, para aguardar a PRF, e não para continuar festejando, de acordo com o advogado.
Segundo a defesa, os próprios amigos acionaram a PRF para relatar o acidente e para que Hélio respondesse pelos seus atos.
A defesa afirmou ainda que reconhece que Hélio provocou o acidente, ocasionando uma tragédia. O advogado, que é responsável pelo caso de Hélio, do dono do veículo e do dono do local da confraternização, ressaltou que “defende os direitos constitucionais do acusado e não compactua com álcool e direção".
Ainda segundo o advogado, o dono do veículo acidentado já se apresentou à Polícia Civil e tem depoimento marcado para quarta-feira (12).
Na tarde do último domingo, o veículo de uma família que seguia no sentido São Mateus, no quilômetro 143 da BR 101, em Linhares, foi atingido na traseira pelo carro de Hélio. Uma mãe, identificada como Silvane Maria Faquim Belúcio Simon, de 39 anos, o marido José Magno Nogueira, de 41 anos, e duas filhas, uma jovem de 22 anos e uma criança de 11 anos, estavam no carro.
A mãe das meninas não resistiu à colisão e morreu ainda no local. O pai da família foi atendido no Hospital Geral de Linhares (HGL) e liberado. As filhas do casal foram transferidas para o Hospital Rio Doce, também no município. O homem que causou o acidente ficou ferido e precisou ser encaminhado ao HGL.
Após o atendimento médico, ele foi conduzido para a Delegacia Regional de Linhares. De acordo com o delegado de Linhares, Fabrício Lucindo, Hélio foi autuado por homicídio culposo na direção de veículo automotor, embriaguez ao volante e fuga do local do acidente.
Após a publicação da reportagem, a equipe de A Gazeta conseguiu falar com o a defesa do motorista. A versão do advogado que o representa foi inserida na matéria.
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