Após a publicação da matéria, a Secretaria de Educação de Vitória (Seme) informou que o profissional supostamente envolvido no caso era contratado pelo município, por isso, a medida tomada foi a rescisão do contrato, pois ele não tem vínculo de estabilidade. Informou ainda que o Ministério Público do Espírito Santo foi acionado, da mesma forma que a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
Um professor de Informática de uma escola municipal de Vitória foi afastado do cargo suspeito de assediar estudantes dentro da unidade educacional. A Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Seme), informou que, na terça-feira (16), uma equipe da pasta esteve no local ouvindo os relatos e, de imediato, afastou o profissional. O nome da escola e o bairro onde fica a instituição de ensino não serão divulgados para não expor as alunas que fizeram a denúncia.
A Seme destacou ainda que encaminhou os registros coletados para a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), da Capital, para a devida apuração do fato.
Os casos vieram à tona no fim da última semana, quando uma estudante de 11 anos chegou em casa e relatou à mãe que o professor havia segurado em sua cintura.
Em conversa com a reportagem de A Gazeta, a mãe da menina, que pediu para não ser identificada, visando a preservar a criança, declarou que passou a saber dos supostos assédios na sexta-feira (12).
“Ela (filha) chegou em casa se queixando, que estava descendo a rampa da escola e foi procurar o professor de Geografia. No caminho, encontrou esse professor de Informática e perguntou se ele sabia onde estava o de Geografia”, contou.
Quando ela foi saindo de perto dele, ele pegou ela pela cintura e puxou ela na direção dele. Outra amiga também reclamou que ele estava passando as mãos em partes do corpo dela.
Após o ocorrido, as duas meninas foram conversar com a diretora da escola, para falar da atitude do docente. Mas, segundo a mãe, nenhum boletim de ocorrência foi registrado e a responsável pela unidade teria alegado que conversaria com o professor.
“Na segunda-feira (15), eu procurei a escola de manhã e conversei com a diretora. Ela disse que era bom a família procurar a escola, mas eu esperava que a diretora me procurasse. Se uma criança chega pedindo socorro, teria que já ter pedido para acionar os órgãos e isso não chegou ao conselho tutelar”, refletiu a mãe.
“O que pode ter acontecido com as crianças que, diferentemente da minha filha, não conseguem se expressar? Falaram que iriam afastar ele, mas e se ele for para outra escola?”, continuou.
A reportagem de A Gazeta teve acesso à ata de reunião entre a mãe da menina de 11 anos, a criança e a diretora da escola.
A transcrição começa citando que a mãe da menina é muito presente na vida da filha e tem percebido reclamações dela e das colegas de que assuntos relativos aos comportamentos do professor não estavam se resolvendo na escola e temia que a comunidade quisesse resolver fora do ambiente escolar.
No documento consta o relato de que, além de ter puxado a criança para perto do corpo, o professor a abraçava sem permissão na sala de Informática, colocava a mão na cintura dela e, mesmo quando a menina se afastava, ele se aproximava novamente.
A ata narra ainda que, durante a reunião, a diretora perguntou à criança se ela havia se queixado com o professor. A menina respondeu negativamente, afirmando que tinha medo dele fazer algo pior.
Na conversa, a diretora perguntou à mãe se ela percebeu reclamações das colegas da filha. A mulher disse que sim e que algumas meninas têm reclamado, inclusive, de olhares do professor.
A diretora finalizou a conversa dizendo que iria encaminhar a situação para o gabinete da Secretaria de Educação.
Na manhã dessa quarta-feira (17), a mãe esteve na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e registrou um boletim de ocorrência.
No boletim consta o relato da mãe, de que o professor foi na direção da filha dela e tentou abraçá-la, segurando-a pela cintura. A menina então empurrou o homem e saiu correndo em direção ao banheiro.
Narra ainda que a criança foi conversar com a pedagoga sobre o ocorrido. A mulher e uma coordenadora foram então falar com a diretora. A responsável pela unidade escolar então disse que conversaria com o docente.
Na conversa, a diretora perguntou à mãe se ela percebeu reclamações das colegas da filha. A mulher disse que sim e que algumas meninas têm reclamado, inclusive, de olhares do professor.
A Polícia Civil informa que o caso segue sob investigação da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Detalhes da investigação não serão divulgados, por enquanto.
"A Secretaria de Educação de Vitória repudia veementemente qualquer tipo de violência ou assédio nas unidades de ensino. A Seme tomou ciência dos relatos feitos na escola na segunda-feira à tarde. Na terça-feira, uma equipe da secretaria esteve na unidade de ensino ouvindo os relatos e, de imediato, afastou o profissional.
As estudantes que fizeram as denúncias estão sendo encaminhadas ao Núcleo de Acolhimento e Acompanhamento Multiprofissional (NAAM). A Seme encaminhou os registros coletados para a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente para a devida apuração do caso.
Vitória conta com uma série de serviços voltados para o atendimento de vítimas de violência sexual. Nas unidades de saúde, nas escolas ou nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), há profissionais preparados para auxiliar a família no enfrentamento do problema.
Além disso, desde 2021, a PMV intensificou as ações para reforçar a importância de prevenção a crimes de abuso e exploração sexual infantil. São atividades em feiras, nos espaços públicos e nas comunidades para dar visibilidade ao enfrentamento a esse problema. Nas atividades, as equipes empregam sua experiência com abordagens e escuta ativa da população para envolver mulheres e homens na proteção das crianças contra abusos. Para se ter uma ideia, de janeiro de 2021 a dezembro de 2022, a Secretaria Municipal de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid) realizou abordagens educativas com mais de 50 mil pessoas.
A atual gestão ainda entregou o Centro de Atenção à Mulher e à Família, a Casa Rosa. Um equipamento de saúde para atender mulheres e famílias vítimas de violência em situação de vulnerabilidade.
O atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar com onze profissionais dentre: médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeira, técnico de enfermagem. O atendimento engloba escuta qualificada com avaliação de risco, atendimento médico e psicossocial e avaliação integral das condições gerais de saúde.
As pessoas são encaminhadas pelos diversos serviços da rede pública: assistência social, escolas, saúde e também pelos pelos serviços da Rede de Proteção - Ministério Público, Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA), Conselhos Tutelares, além das demandas espontâneas.
A Casa Rosa foi ambientada com borboletas coloridas, que simbolizam o rompimento de um ciclo para a liberdade, e conta com uma sala especialmente dedicada às crianças."
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta