Após pouco mais de quatro anos, a Justiça condenou a professora Samantha Novais da Silva a 13 anos e sete dias de prisão em regime fechado pela morte da esteticista Gleice Kele dos Santos Nicolau. A vítima, que na época tinha 29 anos e estava grávida, foi assassinada a facadas no próprio apartamento localizado na Avenida Hugo Musso, na Praia da Costa, em Vila Velha, no dia 2 de dezembro de 2016. O bebê também morreu. A educadora foi a juri popular em audiência realizada no 15 de março deste ano e a sentença foi proferida pelo juiz Douglas Demoner Figueiredo.
De acordo com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Samantha está presa no Centro Prisional de Cariacica desde o dia 5 de dezembro de 2016, para onde foi levada três dias após esfaquear a esteticista. Na ocasião, ela se apresentou ao delegado Janderson Lube, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), mudou a versão que havia dado antes e admitiu ter esfaqueado Gleice. Na data do crime, a professora havia se apresentado à polícia, mas como não existia um mandado de prisão, acabou liberada. O documento pedindo a prisão da suspeita foi expedido no dia seguinte.
A advogada de Samantha, Terezinha Sant'ana de Castro, explicou à reportagem de A Gazeta que a professora compreende a sentença contra ela e mostra-se "profundamente arrependida" pelo crime cometido.
"Ela é mãe de três filhos, uma mulher trabalhadora, mas que agiu motivada por ciúmes. Em um impulso por estar sob violenta condição emocional, ela acabou fazendo o que fez e demonstra bastante arrependimento desde então. Conversei com ela após o júri e ela está ciente da pena recebida", pontuou Terezinha.
A defesa ainda conversará com a família da condenada para decidirem se recorrerão da sentença. Para a advogada, a pena de 13 anos e 7 dias é exagerada, já que na visão dela o aborto foi uma consequência do homicídio privilegiado, conforme foi condenada.
Antes do crime no dia 2 de dezembro, Samantha e Gleice haviam se encontrado em um shopping da cidade. No caminho até lá, elas foram abordadas por um homem, que se passou por assaltante. A pessoa em questão era Lucas Lanzelotti de Lima Santos. De acordo com as investigações do delegado na época, este assalto teria sido planejado pela professora, já premeditando o que faria com a esteticista. Pela ação, Lucas receberia uma quantia a ser paga pela condenada.
Lucas foi condenado no processo a 3 meses e 12 dias de detenção a serem cumpridos em regime aberto, mas na própria sentença o juiz do caso já havia deixado claro que o réu ficou preso pelo período determinado enquanto na prisão preventiva, desta forma extinguindo a punibilidade do mesmo.
Samantha era casada e tinha ciúmes da relação extraconjugal do marido com a esteticista. Em depoimento dado à polícia, ela conta que foi até o prédio de Gleice no dia do crime com o objetivo apenas de conversar. A professora conta que teria entrado após aproveitar a saída de um morador do condomínio e quando chegou à porta do apartamento, Gleice estaria limpando o corredor. Na versão da acusada, ao vê-la, a vítima teria entrado no apartamento e trancado a porta. Samantha disse ter afirmado que só queria conversar com esteticista, que teria aberto a porta com uma faca, apontando para ela.
“A Samantha afirma que foi à casa de Gleice para conversar sobre o triângulo amoroso entre ela, o marido e a vítima. Gleice teria apontado a faca e as duas discutiram, entrando em luta corporal”, contou o delegado Janderson Lube na época. Na confusão, segundo a professora, ela teria acertado uma facada primeiro no braço esquerdo de Gleice e depois na lateral da barriga. O restante dos golpes – no pescoço e no abdômen – a acusada diz não se lembrar.
A versão, entretanto, foi contestada pelo delegado, inclusive desacreditando em legítima defesa como alegado durante o depoimento. "Conversei com o médico legista e tudo indica que a Gleice não teve chances de defesa. O crime teria sido premeditado pela Samantha”, disse Lube.
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