Repórter / fsena@redegazeta.com.br
Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 13:46
O psicólogo de 49 anos, preso suspeito de abusar sexualmente de crianças autistas durante sessões de terapia em uma clínica de Cariacica, no Espírito Santo, cobria, utilizando papel, câmeras usadas para captar imagens durante os atendimentos. Conforme as investigações da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), ele também trancava a porta da sala — prática proibida pela clínica — e demonstrava preferência por atender meninas. Detalhes sobre o caso foram repassados em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (27)
O profissional foi preso na última quinta-feira (20) na zona rural de Bom Jesus do Galho, em Minas Gerais. O caso começou a ser investigado após denúncias de pais e relatos das próprias crianças, que afirmaram ter sido tocadas em partes íntimas pelo suspeito.
A delegada Gabriella Zaché, adjunta da DPCA, detalhou que as primeiras denúncias foram registradas no dia 4 de fevereiro, quando uma mãe relatou que sua filha de oito anos, autista de grau 1, teria sido abusada pelo psicólogo durante as sessões. A criança só conseguiu revelar o crime após o profissional ser demitido da clínica, no dia 28 de fevereiro. Segundo a delegada, o estabelecimento informou que o profissional foi dispensado devido às queixas reclamações de pais por sua falta de paciência ao atender meninos e por descumprir protocolos internos, como trancar a porta e tampar as câmeras.
Delegada Gabriella Zaché
Adjunta da DPCAUma das mães, que preferiu não se identificar, contou ao repórter Álvaro Guaresqui, da TV Gazeta, que seu filho, também autista, começou a apresentar mudanças de comportamento após ser atendido pelo psicólogo. "De cara, meu filho não ficou bem. E foi só piorando, piorando e piorando. Eu levava ele à terapia com o coração na mão. Ele chorava muito. Chegou uma época que eu não aguentava mais ver ele chorando", relatou.
Ela ainda mencionou que, em uma das sessões, encontrou o filho com o joelho machucado e chegou a pedir à clínica a troca do terapeuta.
Segundo a delegada Gabriella, ainda não há um número exato de vítimas, pois o psicólogo trabalhava desde 2023 na clínica e não há imagens de muitos atendimentos. A corporação, no entanto, está analisando dois meses de filmagens onde ele cobre as câmeras durante as sessões.
À polícia, o psicólogo disse que tampava as câmeras para "descansar ou usar o celular". A polícia, no entanto, descartou essa versão, afirmando que em outras filmagens ele aparece usando o celular sem tampar as câmeras.
O suspeito foi preso após um mandado de prisão preventiva ser expedido. Ele foi localizado na zona rural de Bom Jesus do Galho, em Minas Gerais, com apoio da Polícia Civil mineira. As investigações indicam que os abusos ocorreram de forma reiterada entre meados de setembro de 2023 e janeiro de 2024. O delegado Sávio Moraes, da Polícia Civil de Minas Gerais, afirmou que o caso está sendo tratado com prioridade.
Segundo a delegada, mesmo após a demissão da clínica, ele teria levado uma menina de oito anos, irmã de um dos pacientes, de dois anos, para tomar sorvete. A clínica, então, teria dito aos pais que o comportamento causou estranheza e que não era correto. Foi verificado que a criança de oito anos chegou a participar de algumas sessões do irmão, mesmo que não fosse paciente.
O Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo (CRP-ES) afirmou, em nota, ter sido informado sobre as investigações da Polícia Civil nesta semana. O CRP-ES está tomando as providências necessárias e dará a devida prioridade ao caso.
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