Para lavar os R$ 2 milhões roubados da casa do ex-deputado e ex-vereador Luiz Carlos Moreira, na Serra, a quadrilha comprou dois ônibus e diversos carros. Uma pessoa do grupo ficou responsável por essa função. Segundo as investigações, o objetivo dos criminosos era utilizar os veículos para fazer dinheiro "limpo": um carro, por exemplo, já estava sendo utilizado para fazer corrida de aplicativo (confira no vídeo acima).
O crime aconteceu na madrugada do dia 17 de março, em Jacaraípe. Seis suspeitos foram identificados. O incumbido da lavagem do dinheiro foi, de acordo com a Polícia Civil, Clarisvaldo Silva Junior, de 26 anos. Ele está foragido, assim como outro integrante do grupo, que ajudou na fuga. Além deles, três foram presos e um morreu.
Quatro criminosos participaram ativamente do roubo. Armados, eles invadiram a casa quebrando o vidro da sacada e fizeram a família refém. Além do ex-deputado Luiz Carlos Moreira, estavam no local a esposa dele, um bebê de seis meses e uma criança de 10 anos.
Os criminosos diziam que iriam atirar caso não encontrassem o dinheiro. Após cerca de 40 minutos, a quantia foi achada em um compartimento secreto atrás de um móvel da casa. À polícia, o ex-deputado disse que os R$ 2 milhões eram provenientes da venda de uma fazenda.
Depois do crime, peritos da Polícia Civil estiveram na casa. Através dos vestígios deixados no local, eles conseguiram coletar algumas amostras e levaram para o laboratório.
Com vestígios das digitais encontradas, os peritos utilizaram uma ferramenta chama "Abis", aqui do Estado, para comparar com as digitais do banco de dados dessa ferramenta. Assim, conseguiram identificar um dos criminosos, dando start aos trabalhos de investigação.
No mesmo dia do crime, a polícia descobriu que dois dos ladrões foram para Guarapari gastar parte do dinheiro em um show. São eles: Thomas Gabriel, de 20 anos, e Alaf Siqueira, de 22 anos.
"Depois do show, recebemos informações de que Thomas apareceu no calçadão da Praia Areia Preta, em Guarapari, com sinais de embriaguez. Em seguida, o corpo dele foi encontrado, após ele se afogar no mar", revelou o delegado Gabriel Monteiro, chefe do Departamento de Investigações Criminais (Deic).
Segundo as investigações, Alaf era detento do presídio de Linhares, no Norte do Estado. Ele recebeu o benefício da saída temporária e, nesse período, aproveitou para cometer o crime e curtir a noitada em Guarapari.
Segundo a Polícia Civil, depois disso, ao final da 'saidinha', ele retornou ao presídio como se nada tivesse acontecido.
Um semana após o crime, a polícia recebeu informações através do Disque-Denúncia de que um dos ladrões estaria em um apartamento alugado em Guarapari, perto da praia. Ele foi identificado como Gustavo Borges, de 23 anos, e estava com uma arma de calibre 9mm e celulares. O material foi apreendido.
Na semana seguinte, o segundo suspeito foi preso: Lincoln Pereira Sperandio, de 23 anos. Ele estava na Serra e, conforme a polícia, era o mais violento da quadrilha.
Nesse meio-tempo, mais integrantes do grupo foram sendo identificados. Buscas chegaram a ser feitas nas casas de alguns familiares dos presos. Em uma delas, a polícia chegou a encontrar R$ 32 mil em espécie, que foi apreendido. Veja imagens das ações:
Como dito anteriormente, quatro pessoas participaram do roubo. No entanto, eles não são os únicos responsáveis pelo crime, conforme as investigações.
A polícia explicou que, logo após o roubo, os quatro saíram da casa do ex-deputado e tentaram incendiar o carro utilizado na fuga. Após se livrarem do veículo, o pai de Thomas, identificado como Reinaldo Alves da Silva, de 44 anos, foi até o local buscar o grupo.
O último envolvido no roubo é Clarisvaldo Silva Junior, de 26 anos. "Ele ficou responsável por ocultar e lavar todo o dinheiro roubado", afirmou o delegado Gabriel.
A tática utilizado por Clarisvaldo para lavar o dinheiro, segundo as investigações, foi a compra de veículos: ele adquiriu dois ônibus semi-leitos, um Honda HR-V, um Fiat Uno, um Honda Civic e uma Mercedes-Benz.
Os criminosos pretendiam usufruir dos automóveis. O Fiat Uno, por exemplo, já estava sendo utilizado em corrida de aplicativo. Todos os veículos, exceto a Mercedes, foram apreendidos em um depósito e encaminhados à justiça.
"Em entrevista formal com as vítimas, elas anexaram documentações de que esse dinheiro teria vindo de uma venda de um imóvel. Todo material apreendido, tanto a quantia em dinheiro quanto os bens móveis, já foram encaminhados à Justiça. Tendo a comprovação da origem lícita do dinheiro da vítima, a justiça irá leiloar os bens e ressarcir a vítima nessa questão", explicou Monteiro.
Segundo a polícia, os presos disseram que a informação de que a vítima tinha toda essa quantia veio de Thomas, o suspeito que morreu afogado. No entanto, o delegado não acredita nessa versão.
"Todos do grupo eram da região (de Jacaraípe), o médico era conhecido, então há muitas suspeitas, mas nenhuma que eu possa divulgar. Agora, vamos continuar investigando através dos celulares apreendidos", pontuou.
Todos são acusados pelos crimes de associação criminosa, roubo majorado e lavagem de dinheiro. Quem tiver informações sobre os foragidos (da foto acima), pode ajudar ligando para o Disque-Denúncia (181).
Após publicação desta reportagem, o advogado Thiago Petronetto Nascimento, que faz a defesa de Clarisvaldo, entrou em contato com A Gazeta. Em nota, ele disse que "Clarisvaldo Júnior está em liberdade. A juíza expediu contramandado em seu favor e ele é o único que vai responder em liberdade. Ele também não foi denunciado pelo crime de lavagem de dinheiro, e só está respondendo por favorecimento pessoal por ter guardado parte do dinheiro em sua casa e por associação criminosa. Mas sua inocência será provada no decorrer do processo".
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