O pai de Davy Lucas Cândido Rodrigues Pedrosa, de quatro anos, deixado morto no Pronto Atendimento de Alto Lage, em Cariacica, conversou com a imprensa na manhã desta sexta-feira (20). Ele pediu por mais investigações e atualizou o estado de saúde da irmã de Davy, de um ano e 10 meses, que chegou a ser internada com marcas de agressões após ser encontrada no meio da rua.
Rodrigo afirmou que está com a guarda provisória da filha pequena, e que vai buscar pela guarda definitiva dela. "Minha filha está traumatizada com isso tudo. São traumas psicológicos, ainda vamos fazer acompanhamento com psicólogos. Ela está toda roxa: as costas, pernas, perto do órgão genital, o bumbum, está tudo roxo. Ela passou por exames, graças a Deus não houve nada de grave com ela, nenhuma hemorragia. Mas fica uma sensação de impunidade", detalhou Rodrigo.
Ele ainda comentou que a menina pergunta pelo irmão. "Toda hora ela fica perguntando pelo irmão. Creio eu que vai ser um baque quando ela crescer e tiver entendimento que o irmão dela foi morto por um padrasto que não teve nenhum tipo de humanidade para fazer isso com uma criança", desabafou.
Na manhã de terça-feira (17), Davy foi deixado pelo padrasto no PA de Alto Lage. Fábio dos Santos Silva, de 28 anos, disse que o menino estava tendo convulsões. Ele entregou o garoto aos profissionais de saúde e saiu de lá, dizendo que iria buscar documentos, mas não voltou.
Uma enfermeira relatou à Polícia Militar que o menino estava com hematomas pelo corpo e sinais de violência sexual. Além disso, uma médica afirmou que Davy estava com rigidez cadavérica, e que teria morrido pelo menos duas horas antes de dar entrada no PA.
Pai é avisado
A mãe de Davy estava viajando, em Rondônia, e deixou Davy e a irmã, de um ano e 10 meses, aos cuidados do padrasto. Ela ficou sabendo que o menino estava no PA e ligou para o pai da criança, Rodrigo Rodrigues, que foi até o local e recebeu a notícia de que o garoto já havia dado entrada na unidade morto.
Irmã no hospital
Enquanto estava no PA, Rodrigo recebeu uma ligação do avô das crianças, dizendo que a filha dele, de um ano e 10 meses, havia sido encontrada no meio da rua em Cariacica, e tinha sido levada para o Hospital Infantil, em Vitória. Segundo a assistente social da unidade de saúde, a bebê tinha sido vítima de agressões físicas.
Padrasto é encontrado
Na madrugada de quarta-feira (18), após uma denúncia anônima, o padrasto das crianças, Fábio dos Santos Silva, foi encontrado em Ulisses Guimarães, Vila Velha. Aos policiais militares, ele disse que a criança tinha passado mal e que, após dar remédios para Davy, o menino tinha convulsionado, por isso foi levado ao PA. Ele foi conduzido até a Delegacia Regional de Vila Velha.
Davy é enterrado e mãe fala com a imprensa
O pequeno Davy foi enterrado por volta das 16h de quarta-feira. A mãe dele, Thais Candido, que estava em viagem no Norte do país, voltou às pressas para o Espírito Santo após saber da morte do filho e chamou de 'monstro' o companheiro dela, que estava cuidando do menino.
Em entrevista à TV Gazeta, ela explicou que a decisão de deixar Davy e a irmã com Fábio foi motivada pela confiança que ela tinha no companheiro. “Ele nunca demonstrou maldade nenhuma com meus filhos. Eu nunca imaginava que esse monstro pudesse fazer isso com meu filho”, disse Thais (confira o depoimento completo acima).
Irmã de Davy recebe alta
No final da tarde de quarta-feira, a irmã de Davy recebeu alta. Um amigo da família — que é chefe do pai das crianças — disse que a menina estava em situação de risco quando chegou ao pronto-socorro da unidade, mas conseguiu se recuperar.
Padrasto é autuado
Na noite de quarta-feira, Fábio dos Santos Silva foi autuado em flagrante por homicídio qualificado pelo fato de a vítima ser menor de 14 anos e majorado pelo autor exercer autoridade sobre a vítima. Ele saiu da Delegacia Regional de Vila Velha, onde estava desde a madrugada, e foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana (CTV), onde permanecerá à disposição da Justiça.
O que a polícia concluiu
Segundo a Polícia Civil, os laudos do Instituto Médico Legal (IML), da Polícia Científica, não foram conclusivos sobre violência sexual, e agora dependem de laudo final para eventual constatação. "Contudo, exames preliminares constataram vários indícios de espancamento, sendo esta a provável causa da morte apurada, inicialmente", afirmou a corporação.
Marcas de castigos físicos excessivos também foram constatadas nos exames feitos na irmã de Davy. Porém, a investigação preliminar apontou que não houve abandono de incapaz. Isso porque foi identificado que Fábio, ao sair de casa para tentar prestar socorro ao menino, deixou a menina aos cuidados de um vizinho, pessoa maior de idade.
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