Era outubro de 2019 quando o Espírito Santo se indignava com um crime bárbaro e com a prisão de um microempresário acusado de estupros em série no Estado. Glaupiherle Grasielo Rocha, que tinha 36 anos na época, foi preso no dia 25 daquele mês por suspeita de ter estuprado oito mulheres na Grande Vitória. Ele foi detido em casa, no bairro São Francisco, em Cariacica.
Na época, a chefe da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), a delegada Claudia Dematté, pediu que a imprensa divulgasse a foto do suspeito para ver se novas vítimas denunciavam. Segundo a polícia, Glaupiherle atacava mulheres em ruas da Serra, Vitória, Cariacica e Vila Velha. Ele abordava as vítimas em uma picape Saveiro de cor branca.
Com uma arma, ele ameaçava as vítimas de morte, as obrigava a entrarem no veículo e, na maioria dos casos, levava as mulheres para um local ermo às margens da Rodovia do Contorno, à noite. Segundo informações da polícia, ele introduzia arma, pedaços de madeira e barras de ferro nas vítimas.
Em janeiro deste ano, o empresário foi indiciado pela Polícia Civil pelo crime de estupro. Três processos foram concluídos naquele mês pela delegacia responsável pelo caso e outros seguiam em andamento. Glaupiherle está preso na Penitenciária Estadual de Vila Velha V.
Quase um ano depois de ser preso, o suspeito ainda não foi sentenciado. A última movimentação do processo contra Glaupiherle foi no dia 12 deste mês de agosto, marcando uma audiência de instrução que aconteceria nessa quarta-feira (26).
A reportagem de A Gazeta foi atrás de mais informações da audiência, que contaria com a presença e participação das partes, advogados, testemunhas e auxiliares da justiça, com objetivo de tentar conciliar as partes, produzir prova oral, debater e decidir a causa.
De acordo com o Tribunal da Justiça do Espírito Santo (TJES), diante da impossibilidade da realização presencial da audiência neste momento, "por força do retorno gradual do expediente regular forense e a ausência de adaptação para realização de teleaudiência nesse processo, a audiência será reagendada para ser realizada em breve".
O órgão informou que somente nos próximos dias saberá a nova data.
Na época, o acusado já tinha um histórico de violência. Ele já respondia a dois processos pela Lei Maria da Penha e possuía pedidos de medida protetiva contra ele. Um dos processos que tramita na 5ª Vara Criminal de Cariacica foi feito pela ex-mulher de Glaupiherle, em 2015. Na época, ela o denunciou por violência doméstica e entrou com um pedido urgente de Medida Protetiva contra o microempresário, com quem ela tem dois filhos.
O segundo processo que Glaupiherle responde foi instaurado em meados de agosto de 2019. De acordo com o TJES, no dia 16 de setembro, o microempresário foi novamente denunciado por violência doméstica, desta vez por uma jovem de 20 anos. A vítima também possuía medida protetiva contra o suspeito, de acordo com a Lei Maria da Penha.
Na época dos fatos, Glaupiherle estava separado e morava em São Francisco, Cariacica, onde foi preso. Pai de um menino e uma menina, ele exaltava o amor pelos filhos nas redes sociais. De acordo com vizinhos, ele era conhecido no bairro, chegou a prestar serviços de frete e como pintor antes de ter o negócio próprio no ramo de construção civil. Moradores também relataram que o suspeito costumava ir a festas e ficava agressivo quando bebia. Eles inclusive afirmaram já terem ouvido brigas do microempresário.
Até novembro do ano passado, a Polícia Civil identificou 13 mulheres que denunciaram ter sido estupradas por Glaupiherle. As vítimas prestaram depoimento na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Cariacica. A reportagem de A Gazeta acionou a Polícia Civil para saber quantas mulheres, até agora, reconheceram o acusado, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Apesar de ter sido reconhecido pelas vítimas na época dos crimes, o suspeito de realizar estupros em séries na Grande Vitória negou as acusações. O microempresário disse que pode ter sido confundido com outra pessoa, segundo o advogado de defesa dele, Hugo Weyn. A reportagem também tentou novo contato com Hugo, que não atendeu aos telefonemas e não respondeu às mensagens enviadas por A Gazeta.
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