A servidora pública da Prefeitura de Linhares envolvida no esquema de caixões junto ao dono de uma funerária que tinha contrato com a administração municipal no Norte do Espírito Santo, foi identificada como Mara Cláudia Santos Barbosa do Couto, de 46 anos. A informação foi apurada pela TV Gazeta Norte nesta quarta-feira (3). Em consulta ao Portal da Transparência do município, a reportagem de A Gazeta teve acesso a informações do cargo que ela ocupa no município.
A mulher tem o cargo de gari, com lotação na Secretaria Municipal de Assistência Social, desde dezembro de 2011, e recebe salário no valor de R$ 1.398,01. Na manhã desta quinta-feira (4), a reportagem questionou à administração municipal novamente sobre a situação da servidora e a Prefeitura de Linhares informou que Mara Cláudia permanecerá suspensa das atividades até que as investigações sejam concluídas. Junto a ela no esquema, é apontado o dono da Funerária Canaã, Adailton Araújo Sena.
Segundo a Prefeitura de Linhares, a conduta da servidora foi comunicada às autoridades policiais pela própria prefeitura, que cedeu as imagens de câmeras internas de segurança do local. Foi instaurado um procedimento administrativo e todas as penalidades previstas em lei serão adotadas caso a participação da servidora seja comprovada. A administração afirmou também que o contrato com a empresa fornecedora das urnas fúnebres foi suspenso assim que as autoridades policiais foram acionadas.
Procurado pela reportagem da TV Gazeta Norte, o dono da funerária disse que não existia esquema e que quem cometeu algum delito foi a servidora. "Na verdade, não existe esquema. Tudo que a gente tinha que falar já foi falado para o delegado. E aí a gente está aguardando as investigações para a gente dar algum depoimento. Quem cometeu o delito foi a servidora, ela vai pagar por isso", disse.
Segundo o delegado Fabrício Lucindo, titular da Delegacia Regional de Linhares, o suspeito alegou desconhecimento de um esquema quando foi interrogado. "Porém, ele remunerava a servidora com R$ 2.500 para ela lhe entregar os caixões que eram da prefeitura. Então, logicamente, qualquer pessoa saberia que aquilo ali estava completamente equivocado", afirmou.
A reportagem tenta contato com a defesa da servidora pública Mara Cláudia Santos Barbosa do Couto.
A Polícia Civil desvendou o esquema envolvendo a servidora pública de Linhares e o dono da funerária, e, conforme as investigações, os dois planejaram e executaram o crime de peculato. Desde outubro do ano passado, a funcionária faturou R$ 12,6 mil com as práticas.
Segundo a corporação, a funcionária forneceu 15 urnas funerárias (caixões) para o dono da funerária pelo valor de R$ 2,5 mil, sem que a administração municipal soubesse. Ainda conforme a corporação, a mulher também manipulou a quilometragem percorrida pelo homem para aumentar o valor que a prefeitura pagava mensalmente à empresa.
As investigações apontaram que Mara Cláudia arrecadava os R$ 2,5 mil a cada remessa de 15 caixões que entregava para a Adailton, dono da Funerária Canaã, e que o desvio da quilometragem percorrida rendeu a ela cerca de R$ 1,6 mil por mês.
Ao serem interrogados na delegacia, a servidora e o dono da funerária confessaram o fato. Eles foram indiciados por peculato, com pena que varia entre dois a 12 anos de prisão, se condenados. Eles respondem ao crime em liberdade, informou a corporação. Segundo o delegado, o inquérito foi concluído, mas ainda ocorrem investigações para saber se houve mais envolvidos na cadeia do crime.
"Nós estamos apurando o destino dos caixões. Se houve mais crimes nessa cadeia criminal. Mas o primeiro passo foi dado que é o indiciamento dos dois pelo crime de peculato. Agora outros desenrolaram e ainda vão acontecer ainda. A prefeitura ainda vai fazer um levantamento pra saber quantas urnas funerais realmente foram retiradas do patrimônio dela", disse Lucindo em entrevista para a TV Gazeta Norte.
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