A morte de um traficante no bairro São Benedito, em Vitória, durante uma ação da Polícia Militar, causou retaliações de criminosos na última quarta-feira (26): dois ônibus foram incendiados e viaturas foram apedrejadas e atingidas por tiros. As consequências seguiram na manhã de quinta-feira (27), já que, por questões de segurança, 19 linhas de ônibus ficaram sem circular na parte alta de bairros da Capital. Afinal, quem era esse criminoso morto?
Segundo o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, o suspeito era Anderson de Andrade Bento, o Andinho, uma das lideranças do Primeiro Comando de Vitória (PCV), facção com sede no Bairro da Penha e que atua em todo o Espírito Santo. Foragido da Justiça, Andinho, que estava completando 32 anos justamente na quarta-feira (26), tinha um mandado de prisão em aberto por homicídio, associação criminosa e era irmão de outros três integrantes da cúpula do PCV.
Andinho era irmão de João de Andrade, conhecido como Joãzinho da 12, Geovani Andrade Bento, o Vaninho, e de Yuri de Andrade Bento. Os três estão presos e tiveram papel importante na facção Primeiro Comando de Vitória, conforme vamos detalhar abaixo:
No Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), é possível encontrar um mandado de prisão em aberto no nome de Andinho, expedido em outubro de 2023. Ele era procurado por associação criminosa e homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. Segundo o coronel Douglas Caus, esse assassinato foi cometido de forma brutal.
Segundo a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Andinho tem passagens pelo sistema prisional desde 2012 pelos crimes de homicídio, dano, tráfico, associação para o tráfico e crime relacionado ao porte ilegal de armas. Em 2020 ele foi solto por meio de alvará, mas, como já adiantado nesta reportagem, ele voltou a ser procurado pela Justiça em 2023.
Segundo o coronel Douglas Caus, a operação que ocorreu em São Benedito na tarde de quarta-feira (26) tinha o objetivo de prender lideranças do PCV no bairro, inclusive Andinho. "Ele resistiu à ação dos policiais militares, tentou sacar a arma de um policial para atentar contra a vida dele, o outro policial fez disparo e Andinho foi atingido e socorrido, mas foi a óbito", destacou o comandante-geral.
Ainda na quarta-feira, no Bairro da Penha, criminosos quebraram os vidros e furaram os pneus de duas viaturas da PM. Já na Avenida Leitão da Silva, outra viatura foi alvo de pelo menos três disparos de arma de fogo (confira acima). Dois estabelecimentos da região também foram atingidos. O coronel Douglas Caus ainda citou que mais dois veículos da corporação foram baleados, totalizando três.
Mais tarde, mais retaliações: dois ônibus foram incendiados em Vitória e na Serra. O primeiro caso aconteceu na Praia do Canto, em Vitória, quando três suspeitos embarcaram no coletivo da linha 523 (T. Jacaraípe/T. Jardim América via Beira-Mar), no ponto da Avenida Saturnino de Brito, próximo à Ponte de Camburi. Eles pularam a roleta e, um ponto depois, com o veículo já em movimento, ordenaram que todos descessem, ao mesmo tempo em que jogavam gasolina no ônibus e atearam fogo. O veículo seguia sentido Jardim Camburi e contava com uma média de 20 passageiros. Ninguém ficou ferido.
A segunda ocorrência foi registrada no bairro Jacaraípe, na Serra, e envolveu um ônibus da linha 863 (T. Jacaraípe/ Residencial Jacaraípe via Castelândia/ Costa Dourada). Por volta das 23h, criminosos embarcaram no ônibus, sentido Enseada de Jacaraípe, e, no ponto seguinte, ordenaram que todos descessem e atearam fogo. Havia cerca de 30 passageiros no veículo. Ninguém ficou ferido.
Na manhã desta quinta-feira (27), por questões de segurança, 19 linhas estão sem circular na parte alta de bairros de Vitória. A Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES) afirmou que as regiões afetadas são as abastecidas pelos ônibus: 022, 031, 031-A, 044, 101, 103, 111, 125, 532, 051, 052, 171, 163, 184, 516, 073, 074, 182 e 172.
"Assim que a situação se normalizar, os itinerários originais voltarão a ser cumpridos", ponderou a Ceturb-ES. Durante coletiva de impresa nesta quinta, o coronel Douglas Caus disse que o patrulhamento está reforçado, e que, se necessário, a PM iria até fazer escolta dos coletivos.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta