A rainha de bateria da escola de samba Imperatriz do Forte, Izabella Azevedo, de 38 anos, denunciou que sofre racismo de uma moradora de um condomínio, localizado na Praia do Canto, em Vitória, onde trabalha como auxiliar de serviços gerais há três anos. Na quinta-feira (21), após ser vítima e novas ofensas, a vítima registrou um boletim de ocorrência. A mulher apontada como autora das ofensas não teve a identidade informada.
Em entrevista à TV Gazeta, a rainha contou que as ofensas ocorrem desde que começou a trabalhar no local e acontece todos os dias.
“Desde sempre sou perseguida, só que não é nítido. Ela fica me perseguindo com olhares maldosos, gesticulando com a boca palavras de ofensas, como, por exemplo, ela não fala alto, mas ela fala sempre 'negrinha', 'neguinha' sempre no diminutivo, ela resmunga bastante e faz um gesto com a chave como se eu fosse a prisioneira”, contou Izabella.
Apesar da perseguição já durar três anos, a vítima disse que demorou a denunciar. No boletim de ocorrência registrado por Izabella, ela relata ainda que a suspeita ainda tira fotos dela.
“Ontem (quinta) eu estava com uma colega minha, ela presenciou isso e ela não gostou. Ela questionou, 'você vai ficar calada? Logo você que tem voz sempre autoritária?' E nisso eu fiquei sem reação. Fiquei murcha. Então preciso agir, preciso botar minha voz no mundo', disse ela.
Conforme explicou Izabella, nada é dito em voz alta ou que fique claro para outras pessoas que ela está sendo ofendida.
A primeira vez que a suspeita ofendeu Izabella foi em um sábado, há três anos. Na ocasião, ela chamou a vítima e disse que havia xixi de cachorro no elevador. Após averiguar, a auxiliar constatou que se tratava de água e informou a moradora. Além de dizer que Izabella deveria “tomar conta das suas coisas”, a suspeita sussurrou a palavra “negrinha”.
Nas redes sociais, a escola de samba Imperatriz do Forte emitiu uma nota de repúdio e informou que o jurídico da agremiação está se mobilizando para acompanhar o caso da rainha.
A reportagem da TV Gazeta conversou com a moradora do condomínio, que negou que tenha cometido racismo contra a auxiliar de serviços. "Claro que não. A única coisa que fiz foi conversar com a administradora falando que ela passa a maior parte do tempo conversando do lado de fora. É isso e tem prova", disse a mulher, que não se identificou ao conversar, pelo interfone, com a reportagem.
A Polícia Civil informou que o caso seguirá sob investigação da Seção de Investigações Especiais - Pessoas Vítimas de Discriminação Racial, Religiosa, Orientação Sexual ou Deficiência Física e não há detalhes que possam ser repassados, no momento.
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