O caso da mulher assassinada pela própria filha de 11 anos, com ajuda namorado da menina, de 14, na noite dessa quinta-feira (27), em Jaburuna, Vila Velha, se assemelha a outros casos de tragédias familiares registrados no Espírito Santo. São histórias de pais e filhos que, de forma brutal, perderam a vida – ou quase – após diferentes desavenças entre si.
Nos últimos dois anos, pelo menos cinco casos parecidos ganharam repercussão de Norte a Sul do Estado. O mais recente já era planejado havia uma semana, segundo informou a Polícia Civil. Como a filha da vítima é menor de idade, o nome da mãe não está sendo divulgado, já que o fato leva à identificação da menina. Relembre outras histórias.
Flávio Sandro Olmo, de 42 anos, matou a esposa e os três filhos enquanto eles dormiam em São Domingos do Norte, no Noroeste do Espírito Santo, em junho de 2021. Em seguida, ele tirou a própria vida. Entre os jovens, estavam duas meninas, de 4 e 18 anos, e um menino de 8 anos.
Segundo as investigações, Flávio esperou a família adormecer e, em posse de uma marreta, teria desferido golpes na cabeça das vítimas. As vítimas estavam em três cômodos diferentes. As crianças mais novas estavam em uma cama-beliche em um quarto; a filha velha, sozinha em outro quarto; e a esposa no quarto do casal.
Após quatro meses de mistério, o sumiço de uma mulher e do filho dela no município de Jerônimo Monteiro, no Sul do Estado, foi esclarecido em julho de 2022. A Polícia Civil informou que uma mulher de 56 anos – filha e irmã das vítimas – foi presa suspeita de mandar matar a mãe e o irmão. Além dela, outros quatro envolvidos no crime foram presos. A motivação seria questão de herança patrimonial.
Segundo a corporação, as vítimas e um cachorro da família foram mortos a pauladas, e depois tiveram os corpos queimados com lenha e combustível, durante quatro horas, na casa em que viviam. A mandante teria prometido como forma de pagamento o carro Fiat Strada no valor de R$ 45 mil, que era de uma das vítimas, e mais R$ 20 mil em espécie.
Apesar das evidências obtidas pela polícia, a mulher não confessou o crime e negou, à época, que seria a mandante dos assassinatos. Mesmo assim, todos os cinco envolvidos nos homicídios foram presos preventivamente por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Em junho de 2021, houve uma tentativa de homicídio entre familiares no município de Afonso Cláudio, na região Serrana do Espírito Santo. O homem de 20 anos que quis matar o próprio pai contratou outro suspeito, de 27 anos, para realizar o serviço. O principal motivo para o crime seria uma "desavença pessoal" entre os dois, segundo informou a polícia à época.
O genitor de 41 anos – que não foi identificado – retornava do trabalho quando foi surpreendido pelo atirador, que se escondia em um bananal e atirou contra ele. Na época, ele passou por uma cirurgia e conseguiu escapar com vida.
Após serem identificados, os dois envolvidos no crime foram presos por tentativa de homicídio qualificado mediante pagamento ou promessa e por emboscada.
Outro caso que chamou a atenção foi um duplo assassinato no bairro Itapuã, em Vila Velha, em agosto de 2021. Após matar a facadas o pai, Paulo de Oliveira Cesar, de 68 anos, que era pastor, e a mãe, Raquel Heringer Cesar, de 61, o estudante de Medicina Guilherme Heringer Cesar, de 22 anos, tirou a própria vida. O jovem chegou a ligar para um familiar para contar o que tinha ocorrido.
No apartamento onde ocorreu o crime, os policiais indicaram um cenário que se assemelhava a um ritual demoníaco. Em diversos cômodos havia o número 666 pintado em vermelho, em alusão à besta do Apocalipse. Na sala, também uma mensagem dizendo que o "diabo desceu até vós e pouco tempo lhe resta", além de cruzes invertidas em paredes e espelhos.
Um familiar chegou a afirmar que o jovem estava passando por sérios distúrbios mentais durante a pandemia e em tratamento com profissionais qualificados.
Uma forte comoção tomou a cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, após a morte do ciclista e motorista de aplicativo Duramir Monteiro Silva, de 56 anos. Ele foi morto pelo filho João Victor Silva Brito, de 24 anos, e a nora Beatriz Gazone de Azevedo, de 20. Após o homicídio, o casal ainda teria parado em uma padaria para tomar café da manhã.
No dia do crime, antes de assassinar Duramir, o casal dopou o ciclista. Assim que ele caiu no chão, desacordado, levou as facadas. O corpo da vítima foi colocado no porta-malas do próprio carro e levado para o município de Castelo. O cartão do homem foi usado para abastecer tanto o veículo, quanto para comprar a gasolina com a qual foi incendiado antes de ser enterrado.
Em depoimento à polícia, João Victor confessou o crime e, inicialmente, alegou que o pai teria tentado agarrar a namorada. Essa hipótese, no entanto, foi descartada pela polícia, que afirmou depois que o motivo seria interesse financeiro. O casal estava de olho nos bens pessoais do ciclista.
O casal foi indiciado por homicídio qualificado, destruição de cadáver, fraude e coação – este último por ameaçar a mãe de João Victor, obrigando-a a dar um depoimento falso para a polícia.
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